segunda-feira, 31 de março de 2014

Deus de braços abertos / God with open arms / Dios con los brazos abiertos

Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir.” Isaías 59.1
Pelo fato de termos consciência de nossas carências e limitações, a concepção de um Deus de braços abertos e mãos estendidas faz um bem tremendo. Alguns vão achar que isso faz parte de uma compreensão que resulta da fé ingênua, projeção do desejo pelo cuidado paternal perdido na infância.
Para mim, trata-se de uma percepção resultante da esperança. Crer que um ser todo-poderoso se importa com as dores e a felicidade de um único indivíduo é um sentimento que produz vida, força para continuar adiante na hora da angústia.
Para aquele que tem esperança, no futuro não está o fim, mas o começo de uma vida plena de significados. O futuro de quem crê nunca é marcado pela tragédia escatológica, mas pela irrupção de um novo tempo de alegria.
Dor e sofrimento podem estar presentes entre o agora e esse futuro aguardado em fé. O que dá força ao que crê é saber que o melhor de Deus ainda está por vir. Mesmo que passe por situações tão difíceis, ele terá sempre a certeza de que Deus está com sua mão estendida e que há de encontrá-lo com seus braços acolhedores abertos ao final.

Isso confere força e coragem para seguir adiante, algo que pode ser experimentado tão somente pela fé. Portanto, creia sempre.

sexta-feira, 28 de março de 2014

50 anos da ditadura militar: lembrar para não repetir / 50 years of the dictatorship / 50 años de la dictadura militar

Há 50 anos, em 31 de março de 1964, o Brasil experimentou um movimento histórico que consolidou o golpe que depôs o então presidente João Goulart e implantou a intervenção militar no governo federal. Durante 21 anos, a partir do golpe, o país viveu sob um governo com plenos poderes e práticas próprias de um regime ditatorial. Não há como negar, esse fato entrou para a nossa história como o período da ditadura militar marcado pela censura, pela cerceamento à liberdade de expressão, pela cassação de direitos políticos e pela repressão aos movimentos de reação.
O golpe militar foi resultado de uma compreensão equivocada, por parte das forças conservadoras que sempre atuaram no Brasil, a respeito da ação dos movimentos de esquerda que influenciavam o governo federal à época. Além disso, havia o temor, por parte do governo norte-americano, de um avanço do comunismo na América Latina, que marcou todo o período da guerra fria. A elite conservadora e o patrocínio dos EUA possibilitaram o golpe.
Durante o período da ditadura, aconteceram ações de repressão por parte do Estado, com práticas arbitrárias de prisão, tortura e extermínio daqueles que se manifestavam contrários aos rumos políticos. Ao mesmo tempo, o regime ditatorial procurou imprimir um progresso tecnológico e econômico à custa de arrocho salarial e aumento da desigualdade social, bem como o aumento do endividamento externo e da inflação.
Através do uso dos meios de comunicação e a propaganda ideológica a favor do liberalismo econômico e do anticomunismo – práticas discursivas que perduram até hoje – as forças conservadoras permitiram que o país vivesse um regime de exceção que cometeu diversas arbitrariedades em nome da democracia que só agora são esclarecidas pela Comissão da Verdade.
O Brasil, desde a implantação da República em 1889, ainda não viveu um tempo de democracia plena, uma vez que os sistemas políticos sempre estiveram voltados para a satisfação dos interesses das elites conservadoras. E mesmo hoje não a experimentamos. É possível dizer que estamos aprendendo lentamente o gosto pela democracia e pela liberdade de expressão. As grandes reformas políticas que precisam ser implementadas ainda são esperadas.
O fim da ditadura militar não significou o fim da opressão e da desigualdade. Ainda soa como ameaça a frase do discurso de Jarbas Passarinho, que chegou a ser ministro da educação, no congresso: “Às favas todos os escrúpulos de consciência”. O processo de abertura ampla geral e irrestrita ainda não se deu de forma plena. Há no ar uma constante suspeita de intervenção nas instituições com fins moralizadores por parte do conservadorismo reinante.
Relembrar esses episódios tristes de nossa história nos ajuda a buscar uma atitude mais consciente em relação à nossa participação política de tal maneira que essa tendência golpista não consiga prosperar. Para mim, espiritualidade é também estar comprometido com uma ação coerente em favor de ações concretas pelas mudanças políticas. A democracia não é um sistema perfeito, exatamente porque depende da justiça, da liberdade e do fim da desigualdade. Não há como haver democracia enquanto houver estruturas que promovem injustiça, opressão e exploração do outro.
Em relação aos 50 anos da ditadura, não há o que comemorar, mas há que se lembrar dela a fim de que não se repita.

domingo, 23 de março de 2014

Adoração, expressão de amor / Worship, expression of Love / Culto, expresión del amor

Nunca adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é de fato Deus zeloso”. Êxodo 34.14
Adorar é expressão de amor. É mais do que cantar ou mesmo prestar culto. É envolver a vida inteira no reconhecimento de que sem Deus a nossa vida não faz sentido.
A gente adora quando reconhece a beleza e a grandeza daquele que está diante de nós de tal forma que nos prostramos em reverência diante dele. Tem pessoas que são levadas a reverenciar autoridades e entidades que exercem algum tipo de poder ou fascínio sobre elas, mas isso não é adoração.
A adoração é algo tão importante que se constituiu na tentação de Satanás a Jesus. Ninguém é merecedor de tamanha honra por parte de quem quer seja, somente Deus, de quem todas as coisas se originam.
Isso quer dizer que não vale a pena reverenciar, prestar serviço, comprometer-se, negociar o melhor de sua vida com qualquer outra pessoa a não ser o próprio Deus. E nisso Deus é zeloso.
Ser zeloso é ser cuidadoso, fiel, confiável. Nesse aspecto, somente aquele que ama é capaz de zelar de forma eficiente.

O melhor a fazer, então, é aplicar a sua vida a conhecer e a reconhecer quem Deus é, como digno de adoração por seu amor. Quanto mais você dirige sua adoração a ele, mais você o conhece e a seu zelo amoroso. Esse é o primeiro mandamento. O começo de uma vida bem-sucedida.

sábado, 15 de março de 2014

O que é santo? / Be holy / Sed santos

Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo.” Levítico 19.2
Tenho para mim que a santificação não é tanto em relação às coisas que eu faço, mas aquilo para o qual estou me tornando. Sempre entendi que ser santo não é uma condição para a qual eu esteja apto, mas uma caminhada que Deus chama para fazer com ele.
Sendo assim, ser santo é valorizar a vida. É compreender que a vida não acontece por acaso e que toda a vida é dádiva do Deus que a criou. O Deus vivo é o Deus da vida.
Ser santo é também priorizar a felicidade como bem humano possível. Desejar a felicidade é dizer não para toda forma de violência contra a vida. O Deus santo invadiu o espaço secular do humano para nos oferecer o maior projeto de felicidade que é viver na dimensão da sua vontade.
Por isso Deus é santo, porque ele quis partilhar conosco o que ele é e nos chamou para a comunhão com ele. A santidade de Deus não é uma fuga do mundo. Antes, é imersão nele. Não é também um critério seletivo, mas acolhida amorosa de todos a quem busca.
Assim como Deus se faz humano, ele também nos convida para partilhar da esfera do divino. E é no humano que o divino se encontra.

Não dá para ser santo de outro modo. Você não precisa ser mais santo que Deus nem deve se descuidar para ser menos do que ele é. Basta se esforçar para ser santo como ele é.

sábado, 8 de março de 2014

O segredo da vida / The secret of life / El secreto de la vida

Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês. 1 Pedro 1.17
O grande segredo da vida é viver de acordo com o que Deus planejou para nós. Isso não é apenas uma frase de efeito ou um enunciado tirado de algum manual de autoajuda. Isso é, no mínimo, resultado de uma reflexão mais profunda a respeito do que é a vida.
Pense bem: quem é capaz de ter todas as respostas sobre os mistérios da vida? Quem pode definir como será o seu futuro? Quem tem condições de fazer uma avaliação realista e honesta sobre suas origens, seu passado? Quem pode responder de forma isenta pelos seus próprios atos e sentimentos?
A resposta inevitável a todas essas perguntas é uma só: ninguém. Porém, se temos como ponto de partida de nossa compreensão o fato de que todas as coisas tem sua origem e sentido em Deus, então não nos resta alternativa a não ser orientar a nossa vida a partir da perspectiva dEle.
Dois fatores são determinantes para isso. O primeiro é que tudo aquilo que historicamente se sabe sobre Deus está na Bíblia. A segunda é que a melhor imagem de Deus que se apresentou para nós foi a pessoa de Jesus de Nazaré.

Isso quer dizer que o grande segredo da vida é se orientar pela compreensão do que a Bíblia nos inspira e para o grande exemplo do que foi a pessoa de Jesus de Nazaré. O resto, não passa de religião.

domingo, 2 de março de 2014

Deus sabe, Deus ouve, Deus vê / God knows, God hears, God sees / Dios sabe, Dios escucha, Dios lo ve

Grande é o nosso Soberano e tremendo é o seu poder; é impossível medir o seu entendimento.” Salmos 147.5
Há uma canção cristã antiga que afirma categoricamente em seu refrão: “Deus sabe, Deus ouve, Deus vê”. Diante das circunstâncias em que nos sentimos tão pequenos, limitados e fracos, é confortante saber que há alguém que nos assiste em nossa angústia e nos acalma.
O problema é o que fazemos com essa informação. Podemos desenvolver uma fé ingênua e compreender Deus como um pai rico que nos dá tudo o que pedimos. Ou podemos ir para o outro extremo de achar que Deus é impotente e nos entrega à nossa própria sorte e ao destino.
Prefiro pensar que Deus é aquele que nos chama para dentro da vida. Ao mesmo tempo em que é poderoso para criar todas as condições para que a vida aconteça, com todas as suas implicações, ele também tem um amor paternal além da nossa compreensão.
Um Deus assim se relaciona comigo em amor e liberdade. É por que me ama que me deixa livre para fazer escolhas. E é na medida que faço minhas escolhas que ele expressa seu amor e se dirige a mim.
O resultado disso é uma fé que seja síntese de amor e liberdade, de escolhas e determinismo.

A canção antiga dizia que é desse modo que Deus nos faz um gigante. Ele sabe o que vai dentro de nós, ouve a nossa súplica e vê a nossa angústia. Se isso não é amor, o que mais pode ser?

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