sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Crise de confiança no mercado financeiro / Crisis of confidence in financial market / Crisis de confianza en los mercados financieros

A crise que se abateu no mercado financeiro é uma crise de confiança. A confiança que está em questão está relacionada com a idéia ilusória e ingênua que tem sido apresentada, a de que fora do capitalismo não há salvação. Estamos assistindo inertes à agonia de uma ideologia neoliberal que invadiu o mundo corporativo. Uma ideologia que valoriza a aquisição de bens em que ter é representativo de ser, só que em uma perspectiva irracional: adquirir fortuna é mais importante que produzir bens e serviços.
O capital assumiu plenamente seu valor virtual. O problema dessa concepção – e que por isso a torna irracional – é de que se privatiza o lucro ao extremo. Nesse esforço, a política do Estado menor só é interessante para o mercado da iniciativa privada. Este, por sua vez, tem vida própria e precisa de autonomia para progredir e atingir o seu fim principal: o lucro. Esse mercado infalível, autônomo, precisa produzir movimentos especulativos. São as “bolhas” que são insufladas e tendem a estourar e gerar as crises financeiras.
O outro lado desse problema conhecemos agora. Se o lucro foi privatizado, os prejuízos, por sua vez, serão certamente socializados. Nessa hora da fuga de capitais, busca-se o Estado como única salvação. E é nesse momento em que se vê o tamanho do poder político: o Estado, que até então foi incapaz de solucionar os gigantescos problemas sociais, dispõem de recursos, como os que hoje são oferecidos, que seriam capazes de erradicar a fome mundial ou tirar da ignorância uma geração inteira com o incentivo ao ensino.
Somados os valores que cada Banco Central está injetando no mercado, isso equivaleria ao PIB de algumas potências mundiais. Dinheiro que servirá apenas para sustentar a estrutura e funcionamento do mercado formado por acionistas ávidos por lucratividade, não os meios de produção. O custo tende a ser maior porque, como conseqüência da crise, vem a restrição do crédito, que acarreta diminuição do consumo e da produção, que provoca diminuição do emprego formal.
Essas são as contradições culturais do capitalismo. Esse é o tempo do fim de todas as nossas certezas. O fracasso do capitalismo pode ser medido pela desilusão que a crise provoca. O mercado não pode mais ser o árbitro das relações econômicas e sociais, o ideal de ter não pode mais ser regido pelo consumo, os valores humanos não podem mais ser restringidos pelo progresso tecnológico. Não pode haver confiança onde há ênfase no risco.
O preço dessa crise será pago pelos cidadãos comuns. Mais uma vez, a conta da especulação vai se refletir sobre a camada mais pobre. Por isso que o mercado financeiro precisa ser inteiramente revisto. Mais do que isso, o capitalismo precisa ser revisto. Um outro mundo possível precisa ser tentado, aquele mesmo da utopia, que seja economicamente justo e politicamente democrático. Só que hoje com uma utopia a mais: a de ser ecologicamente viável. A dificuldade do mercado financeiro em resgatar o critério principal de sua sustentabilidade – a confiança – é uma prova de sua irracionalidade. Só que essa confiança não voltará. Não do mesmo modo. Virá com perdas dificilmente reparáveis para a camada mais pobre, mas também com o fortalecimento de uma nova mentalidade política que possa oferecer maior segurança. É o que veremos.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O que é generosidade / Generosity / Generosidad

A generosidade é também uma característica que encontramos na pessoa que exerce influência. Isso tem a ver com aquilo que João fala da "ostentação de bens" (1 João 2.16). A palavra vem do latim generosus que designa o homem ou animal que é de boa raça. Para Descartes, o generoso é antes de tudo aquele que é de raça nobre e, no sentido figurado ou moral, aquele que demonstra grandeza de alma. Assim ele afirmava: “Assim, creio que a verdadeira generosidade, que faz um homem estimar-se a si mesmo no mais alto grau em que pode legitimamente estimar-se, consiste somente, por uma parte, em que ele sabe que não há algo que realmente lhe pertença a não ser essa livre disposição das suas vontades, nem por que ele deva ser louvado ou censurado a não ser porque faz bom ou mau uso dela; e, por outra parte, em que ele sente em si mesmo uma firme e constante resolução de fazer bom uso dela, isto é, de nunca deixar de ter vontade para empreender e executar todas as coisas que julgar serem as melhores. Isso é seguir perfeitamente a virtude”.
A generosidade é um agir em função das exigências do amor, da ética e da solidariedade. O que nos ajuda a identificar se uma pessoa ama de verdade ou se tem compaixão é a sua generosidade. Por isso que a generosidade tem a ver com o caráter de Deus. Ele nos amou tanto e teve tanta compaixão que nos deu um presente maravilhoso. “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores”. Romanos 5.8. A generosidade nos torna semelhantes a Deus. Você não pode dizer que é uma pessoa que ama ou que tem compaixão se não for generosa. Comte-Sponville afirma que “a generosidade é o contrário do egoísmo, como a magnanimidade o é da mesquinharia”. E ainda: “a generosidade nos eleva em direção aos outros, poderíamos dizer, e em direção a nós mesmos enquanto libertos de nosso pequeno eu”.
Como se tornar uma pessoa generosa? Comece por Compartilhar o que você tem com outras pessoas. A Bíblia nos ensina: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas”. 1 Pedro 4.10. Você tem mais a compartilhar do que imagina. Tudo o que temos é uma ”dádiva perfeita” e vem do nosso Pai celestial, que derrama sobre nós todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais porque pertencemos a Cristo.
Faça isso com generosidade porque Deus nos dá generosamente. Diz a Bíblia: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama ao que dá com alegria”. 2 Coríntios 9.7. Talvez você não tenha muito dinheiro para doar, mas pode dar seu tempo e talentos. Isso representa grande parte da generosidade. Imagine quanta coisa você poderia fazer abençoando outros, se simplesmente fizesse uma faxina em seus armários e passasse adiante sua fartura – dar aos outros aquilo que você não usa.
Isso significa praticar a mordomia como um exercício de fé. Assim Jesus falou: “Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês”. Lucas 6.38. Quando não dividimos, impedimos a comunidade de crentes a experimentar a bênção completa de Deus, e estamos sendo maus mordomos de tudo o que Deus tem nos dado. Ser generosos uns com os outros intensifica a nossa fé e nos torna generosos com o mundo. Aprenda a viver generosamente. A Bíblia diz: “Há maior felicidade em dar do que em receber”. Atos 20.35b. Lembre-se que tudo pertence a Deus. Você precisa dar com um coração agradecido, nunca contribuir sob pressão. Aprenda a viver generosamente. Você vai ser enriquecido ao final.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tenha paz / “And peace be unto all that thou hast” / Tenga paz

Como podemos ter paz? A Bíblia conta uma história muito curiosa a respeito da família de Nabal. Em um dos trechos da narrativa, ele recebe o seguinte recado: “E assim direis àquele próspero: Paz tenhas, e que a tua casa tenha paz, e tudo o que tens tenha paz!” (1 Samuel 25.6)
A descrição que a Bíblia faz da casa de Nabal dava conta de um contraste muito grande. Ele era um homem duro e maligno em suas obras, enquanto sua esposa era meiga e compreensível.
Nabal não vivia em paz consigo mesmo. Tinha um sentimento egoísta, falando sempre em primeira pessoa: “meu pão... minha água... minhas rezes... meus tosquiadores” (v. 11). Recebeu mal os visitantes que chegaram à sua casa. Os visitantes eram servos de Davi, o guerreiro que lutava pela integridade nacional e tinha sido ungido para ser o rei.
Abigail, sua mulher, por sua vez, queria a paz de seu lar. Quem dera se os soldados de Davi tivessem vindo a ela primeiro! A história teria sido outra. Mas, mesmo assim, ela correu ao encontro do futuro rei, pediu perdão como se tivesse assumido para si a loucura de seu marido (v. 25), reconheceu que a mão de Deus estava com Davi (v. 28) e consagrou ao serviço do Senhor os bens que trouxera (v. 18 e 19).
Davi queria abençoar aquela família com paz, mas a paz não estava no coração do seu cabeça. Antes, Nabal achava que tinha a situação sob controle, que tudo estava debaixo de suas ordens, sentindo-se como um rei, senhor de tudo e de todos (v. 26). Quando soube do que sua bondosa mulher fizera, o que realmente tinha acontecido à sua volta, o quanto Deus o livrara pela sabedoria e humildade de sua esposa, enquanto se embriagava, ficou literalmente petrificado. Seu coração, que antes era endurecido, ficou como pedra mesmo (v. 37). Um ataque cardíaco tirou sua vida em poucos dias por causa do remorso, misturado com rancor e ressentimento.
Teve a oportunidade de viver em paz consigo mesmo e com os outros, mas lançara fora a chance de ser abençoado por Deus. Fora chamado de próspero, mas tornou-se um fracassado. Não sabia ele que a paz verdadeira está em um coração quebrantado e humilde perante Deus, receptivo em todo o tempo às oportunidades que o Senhor coloca diante de nós.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O que é humildade / Humility / Humildad

A humildade é uma virtude que mais caracteriza as pessoas que exercem influência na sociedade. Ser humilde, ao contrário do que muitos pensam, não é ser pobre, destituído de bens ou uma pessoa simplória. Ser humilde é o oposto de ser orgulhoso. Isso tem a ver com aquilo que João fala da "cobiça dos olhos" (1 João 2.16).
O pior pecado que uma pessoa pode cometer não é adulterar, matar, mentir ou roubar. A Bíblia diz que o pior pecado é o orgulho. Essa é a raiz de todos os outros problemas na nossa vida. "Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes". Provérbios 11.2.
O conselho bíblico é: “Da mesma forma, jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os outros, porque ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’”. 1 Pedro 5.5.
A humildade não é: (a) ser fraco, mas reconhecer nossas fraquezas; (b) ter uma baixa auto-estima, mas é pensar menos sobre si mesmo. Humildade simplesmente significa que temos uma avaliação imparcial das nossas forças e fraquezas. Comte-Sponville comenta: “A humildade é esse esforço, pelo qual o eu tenta se libertar das ilusões que tem sobre si mesmo e – porque essas ilusões o constituem – pelo qual ele se dissolve”. Compreendemos nossa maneira de ser e nossas capacidades. Estamos conscientes disso, mas não ficamos nos lamuriando por causa de nossas limitações. Vemos tudo o que temos como dádivas de Deus e sabemos que sem Ele nada seríamos. “Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido”. 1 Pedro 5.6.
Humildade é resultado de saber quem você é. Há duas maneiras pelas quais a nossa humildade pode ser verificada: através dos elogios ou através das críticas que recebemos. A maneira como reagimos às críticas e elogios demonstram o quanto somos humildes. A humildade é uma atitude humana que, de tão humana, não se permite a uma depreciação do que somos nem mesmo a uma apreciação falsa de quem somos. "Não é ignorância do que somos, mas, ao contrário, conhecimento, ou reconhecimento, de tudo o que não somos. É seu limite, pois refere-se a um nada", insiste Comte-Sponville.
Como tornar-se humilde? Preste mais atenção nos outros que em você mesmo. Se você quer exercer influência de fato, sua vida irá requerer um certo tipo de humildade, ou a capacidade de esquecer-se de si mesmo o suficiente para prestar ajuda aos outros. Descartes reconheceu que “os mais generosos costumam ser os mais humildes”. O melhor referencial humano de humildade é Jesus Cristo. Devemos desenvolver uma atitude semelhante à de Jesus que, sendo Deus, voluntariamente assumiu a natureza de servo.
Conheça qual é a sua missão de vida. A chave para a humildade é conhecer a si próprio. Quando você compreende quem é, fica à vontade para servir ao próximo, mesmo estando longe dos holofotes. Jesus não se importou de ser confundido como um simples escravo porque sabia qual era a sua missão.
Deixe Deus controlar a sua vida. Nosso primeiro e mais crítico passo em direção ao desenvolvimento da humildade é agarrar firme a grandeza do amor de Deus por nós. Isso é tornar-se semelhante a Jesus. O segundo passo é render nossa vida a Deus. Se você estiver disposto a dar esses primeiros passos, você está se tornando uma pessoa humilde para Deus. Agostinho certa vez afirmou: “Onde está a humildade, está também a caridade”.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Lidere onde estiver / Lead where you are / Si usted es un líder

Você é um líder no lugar em que se encontra. Não importa qual seja sua função ou experiência, você foi colocado por Deus onde está para influenciar e contribuir para transformar sua igreja, sua comunidade e o mundo.
Você pode liderar uma organização inteira ou apenas um pequeno grupo. Você pode ser um líder profissional ou um voluntário. Você pode ser um líder experiente ou ser um iniciante em uma jornada de liderança. Não importa, a mentalidade que o mundo corporativo estimula atualmente é que você deve liderar onde estiver.
Você precisa descobrir como pode se equipar e se preparar para influenciar as pessoas à sua volta a darem um passo decisivo na direção de um nível mais elevado de vida, e para que você também tome decisões que possam mantê-lo em constante processo de maturidade e de aperfeiçoamento da visão a fim de transformar a realidade a sua volta.
Liderança é hoje um dos requisitos para a valorização de profissionais no mercado de trabalho. Tudo o que se precisa é desenvolver a capacidade de tomar iniciativas e de fazer as coisas acontecerem. Com isso, será possível conquistar a admiração e a confiança das pessoas a sua volta.
Para que você exerça sua liderança, independente de estar ocupando a função de líder, você precisa constantemente: a) concentrar esforços na solução de problemas; b) desenvolver a competência de ser um agente participativo em qualquer circunstância; c) reconhecer no outro importantes fontes de conhecimento; d) ser cordial e solidário em qualquer situação.
Os valores que norteiam a nossa conduta podem influenciar a sociedade em que vivemos na expectativa de que mudanças significativas sejam provocadas na vida das pessoas.
Depopis das considerações sobre o perfil do líder servidor, a nova tendência das reflexões do mundo corporativo estão voltadas para compreensão mais subjetiva do papel da liderança. Liderar deixa de ser uma atividade ligada à autoridade e chefia e passar a ter relação com a nossa capacidade de promover ações efetivas de mudança.
Esse tema, porém, não é novo para o cristianismo. Assim como Jesus Cristo tem sido o paradigma para o líder servidor, a maneira como ele escolheu e enviou seus discípulos é uma importantes referência sobre a influência que cada um pode exercer no lugar em que se encontra. Jesus afirmou aos seus discípulos: "vocês são o sal da terra e a luz do mundo". A reforma protestante tentou resgatar essa dimensão do serviço ao desenvolver a noção de sacerdócio universal dos crentes. Isso só reforça o fato de que Deus está interessado em seu poder de influência para que o mundo seja transformado.

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