
Por que isso nos inquieta? Porque é um crime hediondo, que atinge uma representante do poder que tem a função de promover a justiça e a dignidade das pessoas. Porque é um crime brutal e cruel, que ceifa a vida de uma mulher, mãe e profissional com 21 tiros, na porta de sua residência. Porque é um crime que amordaça a justiça, uma vez que é atribuído ao crime organizado que se articula como um poder paralelo. Porque é um crime que atinge a todos nós, pois ameaça o exercício legítimo do poder em defesa da sociedade.
Quando em 1992 a máfia itáliana matou o juiz Falconi e depois o promotor Boselino pelos mesmos motivos atribuídos ao atentado contra Patrícia Acioli, houve uma forte comoção popular que culminou na destabilização do governo italiano. O caso foi visto à época como um atentado contra a dignidade humana e ao Estado Democrático de Direito. Não foi visto como um crime comum, mas como uma ação desumana, com repercussões em todo o mundo.
O Estado não pode silenciar-se quanto a isso. Quando falo de Estado, não me refiro ao Rio de Janeiro, que já se mostrou incapaz e insuficiente para dar conta dessa guerra. O crime organizado a quem se atribui tal covardia inclui policiais e membros do poder público envolvidos com práticas de abuso, ações de milícia e tráfico de influência e de entorpecentes. Estou falando de Brasil, que precisa garantir a nós brasileiros, através de seus poderes constituídos, o direito ao exercício da legalidade e dos princípios que a Constituição estabelece como sociedade organizada.
Na Itália, o nome dos juristas mortos é lembrado em monumentos para ficar registrada a memória de quem lutou pelo bem comum. Entre nós, a morte de Patrícia Acioli não pode representar uma mordaça na justiça, mas o começo de uma mudança radical que termine de vez com a impunidade.
É muito dolorido sofrer a perda de uma pessoa que dá contribuição fundamental à sociedade. Igualmente, ver gente corrupta enriquecendo, formando opinião e parecendo referência. A sociedade avança quando espera o momento de separar o joio do trigo, lembrando a parábola de Jesus. E o preço é essa perplexidade!
ResponderExcluirParabéns pela postagem. Até quando veremos marginais mandando no Estado? Se fazem isso com uma juíza imaginem conosco?
ResponderExcluirComo poderíamos fazer para iniciarmos uma campanha pró-PENA DE MORTE para esses bandidos hediondos?