domingo, 16 de março de 2025

O cuidado como ação / Care as action / El cuidado como acción

 

Como transformar aspirações em gestos, teoria em prática, discursos em ação? Isso tem a ver com o exercício do cuidado. As bases de uma teologia do cuidado passam pelos aspectos práticos de nossas relações. Cuidar é acima de tudo agir em favor do outro. Envolve um movimento em direção às necessidades do outro.

Há uma gramaticalidade da teologia do cuidado. Implica uma conjugação com outras ações que demandam atenção, relacionamento, valorização e respeito ao outro. É colocar-se em constante processo de aperfeiçoamento, de novas descobertas e de crescimento interpessoal. As pessoas que cuidam são reconhecidas pelo seu valor e inspiram maior confiança.

A Bíblia apresenta vários verbos que remetem à prática do cuidado. O primeiro dele é o próprio verbo “cuidar”, que denota atenção pelo outro. Envolve zelar, proteger, ajudar, acompanhar, encorajar. É um verbo que requer um complemento. Quem cuida, cuida de algo ou de alguém. Dito do ponto de vista linguístico, ele é um verbo transitivo por não esgotar-se em si mesmo, precisa estar ligado a um objeto.

Há três formas do cuidado expressas no Novo Testamento. A primeira remete ao cuidar de si mesmo, em: “Tem cuidado de ti mesmo [...]” (1 Timóteo 4.16 ARC). O verbo em grego é epecho, que significa observar, prestar atenção, segurar firme, conferir. A segunda lembra o fato de ser cuidado por Deus, em: “[...] porque ele tem cuidado de vocês” (1 Pedro 5.7). O verbo em grego é melei, que significa cuidar de algo ou alguém, preocupar-se, importar-se. A terceira está ligada ao ser cuidado, em: “[...] suprissem as suas necessidades” (Atos 27.3). O verbo grego é epimeleias, cuja tradução é cuidado, necessidades, atenção.

Essa análise levanta uma preocupação sobre como é possível tornar essa ação como efetiva em favor de alguém ou de si mesmo. Como podemos exercer o cuidado? Cuidamos quando construímos parcerias, fortalecemos a comunhão, temos uma atitude mais inovadora, buscamos a excelência, exercemos influência para o bem e temos esperança.

O exercício do cuidado quando o outro está implicado envolve reconhecer o outro como pessoa, dar atenção ao outro de forma individualizada, perceber as necessidades do outro e valorizar as emoções do outro. São ações que procuram servir, cooperar, ser solidário, dar generosamente e acolher o outro em suas necessidades.

A ação do cuidado é terapêutica por si mesma. Em uma perspectiva integral, o cuidado implica o acolhimento, a escuta, o suporte, o esclarecimento. O cuidado nos interpela constantemente a agir como uma marca distintiva de nossa condição, como algo que nos identifica e molda nossas relações no mundo.

Para a fé cristã, cuidar é essencial para sua eficácia. Podemos inclusive parafrasear Tiago 2.14, afirmando que a fé sem o exercício do cuidado é morta. Por essa razão, precisamos descobrir quais são as ações que o exercício do cuidado nos aponta.

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