Como
transformar aspirações em gestos, teoria em prática, discursos em ação? Isso
tem a ver com o exercício do cuidado. As bases de uma teologia do cuidado
passam pelos aspectos práticos de nossas relações. Cuidar é acima de tudo agir
em favor do outro. Envolve um movimento em direção às necessidades do outro.
Há uma
gramaticalidade da teologia do cuidado. Implica uma conjugação com outras ações
que demandam atenção, relacionamento, valorização e respeito ao outro. É
colocar-se em constante processo de aperfeiçoamento, de novas descobertas e de
crescimento interpessoal. As pessoas que cuidam são reconhecidas pelo seu valor
e inspiram maior confiança.
A Bíblia
apresenta vários verbos que remetem à prática do cuidado. O primeiro dele é o
próprio verbo “cuidar”, que denota atenção pelo outro. Envolve zelar, proteger,
ajudar, acompanhar, encorajar. É um verbo que requer um complemento. Quem
cuida, cuida de algo ou de alguém. Dito do ponto de vista linguístico, ele é um
verbo transitivo por não esgotar-se em si mesmo, precisa estar ligado a um
objeto.
Há três formas
do cuidado expressas no Novo Testamento. A primeira remete ao cuidar de si
mesmo, em: “Tem cuidado de ti mesmo
[...]” (1 Timóteo 4.16 ARC). O verbo em grego é epecho, que significa observar, prestar atenção, segurar firme,
conferir. A segunda lembra o fato de ser cuidado por Deus, em: “[...] porque
ele tem cuidado de vocês” (1 Pedro
5.7). O verbo em grego é melei, que
significa cuidar de algo ou alguém, preocupar-se, importar-se. A terceira está
ligada ao ser cuidado, em: “[...] suprissem
as suas necessidades” (Atos 27.3). O verbo grego é epimeleias, cuja tradução é cuidado, necessidades, atenção.
Essa análise
levanta uma preocupação sobre como é possível tornar essa ação como efetiva em
favor de alguém ou de si mesmo. Como podemos exercer o cuidado? Cuidamos quando
construímos parcerias, fortalecemos a comunhão, temos uma atitude mais inovadora,
buscamos a excelência, exercemos influência para o bem e temos esperança.
O exercício do
cuidado quando o outro está implicado envolve reconhecer o outro como pessoa, dar
atenção ao outro de forma individualizada, perceber as necessidades do outro e
valorizar as emoções do outro. São ações que procuram servir, cooperar, ser
solidário, dar generosamente e acolher o outro em suas necessidades.
A ação do
cuidado é terapêutica por si mesma. Em uma perspectiva integral, o cuidado
implica o acolhimento, a escuta, o suporte, o esclarecimento. O cuidado nos
interpela constantemente a agir como uma marca distintiva de nossa condição,
como algo que nos identifica e molda nossas relações no mundo.
Para a fé
cristã, cuidar é essencial para sua eficácia. Podemos inclusive parafrasear
Tiago 2.14, afirmando que a fé sem o exercício do cuidado é morta. Por essa
razão, precisamos descobrir quais são as ações que o exercício do cuidado nos
aponta.
Assista à série de mensagens no Youtube: O cuidado em ação: Verbos que orientam a prática do cuidado>> Aproveite para se se inscrever e me seguir no canal.