terça-feira, 10 de junho de 2025

O Reino em Família: Tudo começa em casa / The Kingdom in Family: It all starts at home / El Reino en Familia: Todo comienza en casa

Os valores do Reino de Deus são apontados nos evangelhos para que tenhamos uma vida mais humana no mundo. Assim como acontece em tudo oque diz respeito ao nosso desenvolvimento pessoal e às nossas relações interpessoais, tudo começa em família. Nesse sentido, o melhor lugar para aprendermos a colocar em prática os valores do Reino de Deus é a vida em família.

Os valores do Reino de Deus ensinados por Jesus nos ajudam a conviver melhor em família, na igreja e na sociedade. Eles estão voltados para práticas pouco enfatizadas na vida em comum, como a compaixão, a justiça, a esperança e o amor fraternal. Você não encontrará apelos para uma vida marcada por esses valores a não ser nas palavras de Jesus que falam do Reino de Deus.

Jesus convidou seus ouvintes para tomarem parte de seu Reino. Ao dizer que seu Reino era chegado, ele estava apontando para uma nova mentalidade que deve orientar a humanidade. O Reino de Deus é espaço para nos tornarmos mais humanos, com uma identidade própria e com mais consciência de quem somos.

Isso envolve um processo que chamamos de subjetivação, o qual construímos ao longo da vida, através de nossas relações com o mundo e uns com os outros. Donald Winnicott, em Tudo começa em casa, reconheceu que o ambiente familiar é importante para o desenvolvimento saudável de qualquer indivíduo. A casa e a família são o ponto de partida para a formação da personalidade, das relações sociais e da saúde mental.

Dessa forma, desenvolvemos o processo de subjetivação quando nos tornamos capazes de pensar, de sentir e de agir diante das condições de vida no mundo. As experiências em família são espelhadas na vida comunitária, formando a consciência crítica dos sujeitos a respeito do seu papel, a maneira de compreender o mundo e as formas de exercer influência para a vida em comum.

O caminho para a nossa construção como sujeitos passa pela vida em família. Ela é lugar de profundos aprendizados dos valores essenciais para a vida em comum. É nela que aprendemos a viver em comunhão. Da mesma forma, nela podemos aprender os valores do Reino de Deus como esse lugar de relações e de formação.

Algumas razões para compreendermos a importância do ambiente familiar para o nosso bem-estar:

- A casa é onde a vida começa e onde a vida se realiza.

- A casa é o nosso refúgio, o berço das nossas memórias e o palco dos nossos sonhos.

- O lar é o lugar onde nos sentimos seguros, amados e onde podemos ser nós mesmos.

- A casa é um espelho da nossa alma, mostrando o que somos e o que queremos.

- Em casa, aprendemos a amar, a perdoar, a respeitar e a construir relações sólidas.

Quando os valores do Reino de Deus são vivenciados em família, podemos compreender melhor o que é fundamental para a vida em comum na sociedade. A compaixão, a justiça, a esperança, o cuidado e a paz são valores essenciais para a vida em família que estão em sintonia com o que Jesus propôs como marcas da presença do Reino entre nós. São sinais que apontam para a prática do amor, do perdão e da reconciliação que podem ser aprendidos em família, mas que também fazem falta no mundo atual.

Na epígrafe de seu livro, Winnicot cita o trecho de uma poesia de T.S. Eliot:

“O lar é nosso ponto de partida. À medida que crescemos

O mundo se torna mais estranho, mais complexos os padrões

De morrer e viver. Não o momento intenso

Isolado, sem antes nem depois.

Mas uma vida ardendo em cada momento.”

Quando descobrimos a importância da vida em família para o desenolvimento e o bem-estar das pessoas, o ambiente familiar se torna mais acolhedor e propício a um relacionamento mais saudável. A família é como um pequeno reino, com suas próprias características e contextos, mas que pode ser reflexo do Reino maior, a fim de que seus membros possam se tornar cidadãos do Reino de Deus no mundo.

(Assista às mensagens da série O Reino em Família: Valores para a vida em comum >> em meu canal no Youtube).

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Censo 2022: O Brasil se torna mais plural quanto à religião / Census 2022: Brazil becomes more religiously plural / Censo 2022: Brasil se vuelve más pluralista en lo religioso

Os dados preliminares do Censo Demográfico 2002: Religiões, divulgados pelo IBGE neste dia 6 de junho de 2025, revelam que o Brasil se tornou mais plural em termos religiosos. Levando em consideração os dados dos últimos censos, especialmente o de 2010, verifica-se que a diversidade religiosa é uma realidade em todo o país.

A cada época, o Brasil vai deixando de ser um país predominantemente cristão para se tornar um espaço em que todas as crenças vão ocupando novas posições no cenário religioso. Desde o primeiro censo, em 1872, em que a população do Brasil era formada por 99,7% de católicos, o aumento da diversidade tem avançado de tal modo que se constitui um desafio para a projeção do que poderá acontecer daqui para a frente.

Principais índices verificados:

a) Redução de 8,3 pontos percentuais dos Católicos, que saem de 65,0% em 2010, para atuais 56,7%, uma redução um pouco menor do que na década anterior que foi de 9,0 pontos percentuais.

b) Os evangélicos tiveram aumento de 5,2 pontos percentuais, passando de 21,7% em 2010 para 26,9% em 2022. Esse índice foi de 6,7% entre 2000 e 2010.

b) Aumento nas proporções das religiões Umbanda e Candomblé, que saíram de 0,3 % em 2010, para 1,0%, em 2022, um aumento de 0,7 pontos percentuais.

c) Aumento de 1,3 pontos percentuais entre 2010 e 2022 dos que se declararam Sem Religião, passando de 7,8% para 9,3%.

d) Declínio na religião Espírita de 0,3 pontos percentuais, passando de 2,1% para 1,8%.

(Fonte: IBGE).

Em algumas regiões, esses índices apresentam variações. Por exemplo, as regiões Norte e Centro-Oeste têm maior concentração de evangélicos. O Acre é o estado com maior percentual de evangélicos no país. O catolicismo é maioria em todas as regiões, mas tem maior concentração nas regiões Nordeste e Sul. Os estados com maior número de católicos são Piauí e Ceará. Espíritas e seguidores de religiões afro-brasileiras têm maior concentração no Sul e no Sudeste e a maioria dos Sem Religião estão no Sudeste.

Outro dado importante apontado nessa amostra preliminar é a participação de negros e brancos nos grupos religiosos. A religião mais negra do Brasil continua sendo a evangélica. Das pessoas que se declararam pretas, 30% se identificaram com a religião evangélica e 2,3% com as religiões afro-brasileiras. Entre os que se declararam pardos, 29,2% se declararam evangélicos. Esse percentual chega a 32,2% da população indígena que se declara evangélica.

A tendência verificada em 2010 do aumento do grupo de pessoas que se declara Sem Religião continuou nessa amostra do Censo 2022. Hoje, de cada 10 brasileiros, 1 afirma ser Sem Religião. Se juntarmos os grupos católicos e evangélicos, verifica-se que o número de cristãos vem caindo a cada censo, contando atualmente com 56,7% da população. Isso se deve a dois fatores: a queda do 8,4 pontos percentuais de católicos em relação ao 2010 e o crescimento de 5,2% dos evangélicos, considerado abaixo do esperado tendo em vista que a população cresceu 6,5% no mesmo período.

Os dados do censo também levantaram o nível de instrução por religião. O número de pessoas que se declarou sem instrução e que possui apenas formação no ensino fundamental constitui a maioria em todas as religiões, exceto entre os Sem Religião e os Espíritas. Estes últimos têm o maior índice de participantes com curso superior completo e o menor índice dos que não têm instrução.

Esses números apontam para alguns fatos importantes:

a) O Brasil caminha para deixar de ser um país predominantemente cristão para ser marcado pelo pluralismo religioso.

b) Tanto o pluralismo religioso e quanto a multiculturalidade emergem como valores sociais que devem orientar a formação de um estado laico onde todas as crenças e tradições religiosas possam ter espaço.

c) O fenômeno do pluralismo religioso e a laicidade não significam o fim da religião, mas atestam o fato de que o povo brasileiro continua sendo um povo religioso.

d) As religiões católicas e evangélicas têm o grande desafio de investir na formação dos seus membros.

e) A diversidade da religião evangélica no Brasil não foi contemplada nessa mostra preliminar. O IBGE ainda não divulgou o percentual por denominação nem o índice dos que se declaram sem vínculo com uma igreja.

f) As mulheres continuam sendo predominantes em todos os grupos religiosos.

Os dados divulgados são preliminares e, por isso, não permitem um diagnóstico mais abrangente da condição religiosa dos brasileiros. Porém, é possível perceber que há uma mudança sensível no comportamento religioso, em que as pessoas se sentem mais à vontade para falar de suas crenças e assumir sua pertença religiosa. É um novo cenário que emerge, resultado de uma mudança cultural que substitui o catolicismo hegemônico pela diversidade religiosa. Essa tendência pode também interferir nas decisões políticas do país, com a influência cada vez maior dessas novas expressões.

Imagens: IBGE

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