A cada época, o Brasil vai deixando de ser um país
predominantemente cristão para se tornar um espaço em que todas as crenças vão
ocupando novas posições no cenário religioso. Desde o primeiro censo, em 1872,
em que a população do Brasil era formada por 99,7% de católicos, o aumento da
diversidade tem avançado de tal modo que se constitui um desafio para a
projeção do que poderá acontecer daqui para a frente.
Principais índices verificados:
a) Redução de 8,3 pontos percentuais dos Católicos, que saem de 65,0% em 2010,
para atuais 56,7%, uma redução
um pouco menor do que na década anterior que foi de 9,0 pontos percentuais.
b) Os evangélicos tiveram
aumento de 5,2 pontos percentuais, passando de 21,7% em 2010 para 26,9% em 2022. Esse índice foi de 6,7%
entre 2000 e 2010.
b) Aumento nas proporções das religiões Umbanda e Candomblé, que saíram de 0,3
% em 2010, para 1,0%, em 2022,
um aumento de 0,7 pontos percentuais.
c) Aumento de 1,3 pontos percentuais entre 2010 e 2022 dos
que se declararam Sem Religião, passando
de 7,8% para 9,3%.
d) Declínio na religião Espírita de 0,3 pontos percentuais, passando de 2,1% para 1,8%.
(Fonte: IBGE).
Em algumas regiões, esses índices
apresentam variações. Por exemplo, as regiões Norte e Centro-Oeste têm maior
concentração de evangélicos. O Acre é o estado com maior percentual de
evangélicos no país. O catolicismo é maioria em todas as regiões, mas tem maior
concentração nas regiões Nordeste e Sul. Os estados com maior número de
católicos são Piauí e Ceará. Espíritas e seguidores de religiões afro-brasileiras
têm maior concentração no Sul e no Sudeste e a maioria dos Sem Religião estão
no Sudeste.
Outro dado importante apontado nessa
amostra preliminar é a participação de negros e brancos nos grupos religiosos.
A religião mais negra do Brasil continua sendo a evangélica. Das pessoas que se
declararam pretas, 30% se identificaram com a religião evangélica e 2,3% com as
religiões afro-brasileiras. Entre os que se declararam pardos, 29,2% se
declararam evangélicos. Esse percentual chega a 32,2% da população indígena que
se declara evangélica.
A tendência verificada em 2010 do
aumento do grupo de pessoas que se declara Sem Religião continuou nessa amostra
do Censo 2022. Hoje, de cada 10 brasileiros, 1 afirma ser Sem Religião. Se
juntarmos os grupos católicos e evangélicos, verifica-se que o número de cristãos
vem caindo a cada censo, contando atualmente com 56,7% da população. Isso se
deve a dois fatores: a queda do 8,4 pontos percentuais de católicos em relação
ao 2010 e o crescimento de 5,2% dos evangélicos, considerado abaixo do esperado
tendo em vista que a população cresceu 6,5% no mesmo período.
Os dados do censo também levantaram o
nível de instrução por religião. O número de pessoas que se declarou sem
instrução e que possui apenas formação no ensino fundamental constitui a
maioria em todas as religiões, exceto entre os Sem Religião e os Espíritas.
Estes últimos têm o maior índice de participantes com curso superior completo e
o menor índice dos que não têm instrução.
Esses números apontam para alguns
fatos importantes:
a) O Brasil caminha para deixar de ser
um país predominantemente cristão para ser marcado pelo pluralismo religioso.
b) Tanto o pluralismo religioso
e quanto a multiculturalidade emergem como valores sociais que devem orientar a
formação de um estado laico onde todas as crenças e tradições religiosas possam
ter espaço.
c) O fenômeno do pluralismo religioso e a laicidade não
significam o fim da religião, mas atestam o fato de que o povo brasileiro
continua sendo um povo religioso.
d) As religiões católicas e evangélicas têm o grande desafio
de investir na formação dos seus membros.
e) A diversidade da religião evangélica no Brasil não foi
contemplada nessa mostra preliminar. O IBGE ainda não divulgou o percentual por
denominação nem o índice dos que se declaram sem vínculo com uma igreja.
f) As mulheres continuam sendo
predominantes em todos os grupos religiosos.
Os dados divulgados são preliminares e,
por isso, não permitem um diagnóstico mais abrangente da condição religiosa dos
brasileiros. Porém, é possível perceber que há uma mudança sensível no
comportamento religioso, em que as pessoas se sentem mais à vontade para falar
de suas crenças e assumir sua pertença religiosa. É um novo cenário que emerge,
resultado de uma mudança cultural que substitui o catolicismo hegemônico pela diversidade
religiosa. Essa tendência pode também interferir nas decisões políticas do
país, com a influência cada vez maior dessas novas expressões.
Imagens: IBGE
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