Existem muitas definições para religião. Algumas delas podem ser consideradas como aquelas que encaram a religião como o reconhecimento de um mistério e que dão ênfase a aspectos coletivos formadores da cultura. Outras, por sua vez, estão relacionadas a aspectos individuais, como o sentimento de dependência de deus. Seja qual for a definição, o fato é que o atual entendimento do que vem a ser religião está muito ligado ao que Émile Dürkheim , em As formas elementares da vida religiosa, desenvolveu no começo do século XX: “uma religião é um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem numa mesma comunidade moral chamada igreja todos os que a ela aderem”.
A experiência religiosa se constitui em uma relação de encontro do homem com o sagrado, quando toma consciência desse conceito, de algo que é precioso, inviolável e respeitável. A idéia do sagrado está ligada à natureza divina, na medida em que se considera que um ser possui um elemento divino, e que por isso deve ser respeitado e adorado, objeto de culto que inspira respeito, reverência. Em toda a história da humanidade, a vida humana é caracterizada pelo desenvolvimento de um comportamento religioso, incluindo crenças em forças e poderes sobrenaturais, em sentimento de impotência perante esses poderes e na manifestação de um desejo de salvação e de libertação de uma realidade desordenada e caótica.
A principal questão, ao tentarmos analisar o que é esse sentimento tão enraizado no homem, é saber como o ser humano desenvolve a idéia do sagrado para com ele se relacionar. Nesse sentido, o primeiro passo a ser dado é identificar o que se pode chamar de sagrado. Podemos entender por sacralidade uma ruptura entre o natural e o sobrenatural, ainda que os seres ou coisas sagradas sejam naturais (ou da natureza). Trata-se de uma experiência da presença de uma força sobrenatural, ou uma potência, que habita um ser, que pode tanto pertencer a ele mesmo, quanto pode ser adquirida. Essa experiência está no domínio do simbólico, da diferença entre os seres, da superioridade de uns sobre os outros, que gera o espanto, o mistério, o maravilhoso, o desejo e o temor.
O sagrado é sobrenatural porque diz respeito à capacidade que um ser tem para que se realize tudo o que o homem julga impossível realizar com a sua própria capacidade humana. É por meio do sagrado que se dá origem ao encantamento através de poderes, sinais e maravilhas que são operados magicamente. Criam-se vínculos de simpatia ou repulsa, atração e rejeição, autoridade e submissão. É uma qualidade – boa ou má, protetora ou ameaçadora – que um ser possui, que o distingue de todos os outros e que pode suscitar devoção, amor, temor e ódio.
A religião surge dessa necessidade de vínculo entre o sagrado e seu oposto, que é o profano, isto é, entre o mundo sobrenatural, habitado pela divindade, formado pelos seres portadores dessa força sobre-humana, na esfera do sagrado, e o mundo natural, habitado pelos seres limitados e falhos. É pela ação da sacralização – atribuir um valor simbólico – e pela ação de consagração – delimitação de um espaço, de uma área de domínio – que se cria a idéia do espaço sagrado, o lugar da adoração, do culto, do templo. A religião, portanto, põe em ordem o espaço que lhe atribui valores diferentes de suas qualidades naturais.
(extraído do meu livro O que é religião)
A experiência religiosa se constitui em uma relação de encontro do homem com o sagrado, quando toma consciência desse conceito, de algo que é precioso, inviolável e respeitável. A idéia do sagrado está ligada à natureza divina, na medida em que se considera que um ser possui um elemento divino, e que por isso deve ser respeitado e adorado, objeto de culto que inspira respeito, reverência. Em toda a história da humanidade, a vida humana é caracterizada pelo desenvolvimento de um comportamento religioso, incluindo crenças em forças e poderes sobrenaturais, em sentimento de impotência perante esses poderes e na manifestação de um desejo de salvação e de libertação de uma realidade desordenada e caótica.
A principal questão, ao tentarmos analisar o que é esse sentimento tão enraizado no homem, é saber como o ser humano desenvolve a idéia do sagrado para com ele se relacionar. Nesse sentido, o primeiro passo a ser dado é identificar o que se pode chamar de sagrado. Podemos entender por sacralidade uma ruptura entre o natural e o sobrenatural, ainda que os seres ou coisas sagradas sejam naturais (ou da natureza). Trata-se de uma experiência da presença de uma força sobrenatural, ou uma potência, que habita um ser, que pode tanto pertencer a ele mesmo, quanto pode ser adquirida. Essa experiência está no domínio do simbólico, da diferença entre os seres, da superioridade de uns sobre os outros, que gera o espanto, o mistério, o maravilhoso, o desejo e o temor.
O sagrado é sobrenatural porque diz respeito à capacidade que um ser tem para que se realize tudo o que o homem julga impossível realizar com a sua própria capacidade humana. É por meio do sagrado que se dá origem ao encantamento através de poderes, sinais e maravilhas que são operados magicamente. Criam-se vínculos de simpatia ou repulsa, atração e rejeição, autoridade e submissão. É uma qualidade – boa ou má, protetora ou ameaçadora – que um ser possui, que o distingue de todos os outros e que pode suscitar devoção, amor, temor e ódio.
A religião surge dessa necessidade de vínculo entre o sagrado e seu oposto, que é o profano, isto é, entre o mundo sobrenatural, habitado pela divindade, formado pelos seres portadores dessa força sobre-humana, na esfera do sagrado, e o mundo natural, habitado pelos seres limitados e falhos. É pela ação da sacralização – atribuir um valor simbólico – e pela ação de consagração – delimitação de um espaço, de uma área de domínio – que se cria a idéia do espaço sagrado, o lugar da adoração, do culto, do templo. A religião, portanto, põe em ordem o espaço que lhe atribui valores diferentes de suas qualidades naturais.
(extraído do meu livro O que é religião)
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