“[...] e uma criança os
guiará.” Isaías 11.6.
Jesus um dia falou que, se não nos
convertermos e não nos tornarmos como uma criança de modo algum entraremos no
seu Reino. Difícil exigência. O que uma criança tem de tão significativo para
fazer dela um exemplo de pessoas que tomam parte do Reino de Deus?
Se você acha que é a pureza, engana-se.
Pelo que me lembre, na minha infância cometi muitas pequenas maldades. E
percebo que as crianças continuam assim. Há até quem diga que elas estão mais
espertas hoje.
Se você acha que é por causa da
ingenuidade, engane-se também. Nem mesmo os bebês são ingênuos. Eles lutam por
sobrevivência. Por isso, choram quando sentem fome, sede, dor ou frio,
resmungam quando querem colo e até aprendem a fazer pirraça para conseguirem
seus intentos.
Se você acha que é por causa da
inocência, engana-se mais uma vez. O discernimento do bem e do mal, do certo e
do errado, do que pode e do que não pode, bem como dos limites, é um
aprendizado que deve começar muito cedo e é tarefa dos pais orientar seus
filhos nisso.
Crianças são bons exemplos de pessoas
que participam do Reino porque dependem do pai, confiam nele e fazem dele o seu
modelo. O ser humano é o único animal que precisa do cuidado paterno e materno
para aprenderem a viver durante toda a infância. O ideal de autonomia não passa
de uma crise de adolescência da humanidade. Pessoas adultas, que chegaram à
maturidade, desejam recuperar a infância perdida.
Por essa razão, Jesus ensina que
precisamos ser humildes como crianças para reconhecermos que necessitamos do
cuidado do Pai. Ser humilde é conhecer a si mesmo, nem mais nem menos. E nossa
condição é de total dependência do cuidado divino.
Por essa razão também, acolhermos uns
aos outros como pessoas carentes do Pai é o mesmo que acolher Jesus em nosso
meio. Para vir ao mundo, Jesus se fez uma criança, cresceu e colocou a sua vida
inteira a serviço do Reino de Deus.
E é por essa razão ainda que precisamos
de um sentido de comunhão. Fazer com que qualquer pessoa que esteja em busca de
acolhida se sinta rejeitada por preconceitos e moralismo se transforma num
grave problema. Não temos o direito de criar impedimentos para que as pessoas
deste tempo demonstrem sua carência do cuidado divino. Antes, somos aqueles que
têm a missão de sair ao encontro delas e proporcionar a elas as oportunidades
de encontro com o Pai.
Ser como criança é, portanto, abrir mão
da pretensão de ser um “adulto”, capaz de dar conta de si mesmo, que não
precisa de ninguém que governe a sua vida. Bem, pelo que eu saiba, este é um
comportamento próprio da adolescência, que é a fase dos conflitos, das
definições e das descobertas. Ser criança é desejar a companhia e o cuidado dos
pais mais do que qualquer outro.
Acredito que além de abandonarmos a ideia de auto suficiência, como o senhor bem colocou, preservar a alegria constante e a alta capacidade de perdoar que as crianças fazem muito bem!
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