segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Ser como criança: espiritualidade e vida no Reino / I want to be as a child / Quiero ser como un niño

“[...] e uma criança os guiará.” Isaías 11.6.
Jesus um dia falou que, se não nos convertermos e não nos tornarmos como uma criança de modo algum entraremos no seu Reino. Difícil exigência. O que uma criança tem de tão significativo para fazer dela um exemplo de pessoas que tomam parte do Reino de Deus?
Se você acha que é a pureza, engana-se. Pelo que me lembre, na minha infância cometi muitas pequenas maldades. E percebo que as crianças continuam assim. Há até quem diga que elas estão mais espertas hoje.
Se você acha que é por causa da ingenuidade, engane-se também. Nem mesmo os bebês são ingênuos. Eles lutam por sobrevivência. Por isso, choram quando sentem fome, sede, dor ou frio, resmungam quando querem colo e até aprendem a fazer pirraça para conseguirem seus intentos.
Se você acha que é por causa da inocência, engana-se mais uma vez. O discernimento do bem e do mal, do certo e do errado, do que pode e do que não pode, bem como dos limites, é um aprendizado que deve começar muito cedo e é tarefa dos pais orientar seus filhos nisso.
Crianças são bons exemplos de pessoas que participam do Reino porque dependem do pai, confiam nele e fazem dele o seu modelo. O ser humano é o único animal que precisa do cuidado paterno e materno para aprenderem a viver durante toda a infância. O ideal de autonomia não passa de uma crise de adolescência da humanidade. Pessoas adultas, que chegaram à maturidade, desejam recuperar a infância perdida.
Por essa razão, Jesus ensina que precisamos ser humildes como crianças para reconhecermos que necessitamos do cuidado do Pai. Ser humilde é conhecer a si mesmo, nem mais nem menos. E nossa condição é de total dependência do cuidado divino.
Por essa razão também, acolhermos uns aos outros como pessoas carentes do Pai é o mesmo que acolher Jesus em nosso meio. Para vir ao mundo, Jesus se fez uma criança, cresceu e colocou a sua vida inteira a serviço do Reino de Deus.
E é por essa razão ainda que precisamos de um sentido de comunhão. Fazer com que qualquer pessoa que esteja em busca de acolhida se sinta rejeitada por preconceitos e moralismo se transforma num grave problema. Não temos o direito de criar impedimentos para que as pessoas deste tempo demonstrem sua carência do cuidado divino. Antes, somos aqueles que têm a missão de sair ao encontro delas e proporcionar a elas as oportunidades de encontro com o Pai.
Ser como criança é, portanto, abrir mão da pretensão de ser um “adulto”, capaz de dar conta de si mesmo, que não precisa de ninguém que governe a sua vida. Bem, pelo que eu saiba, este é um comportamento próprio da adolescência, que é a fase dos conflitos, das definições e das descobertas. Ser criança é desejar a companhia e o cuidado dos pais mais do que qualquer outro.

Um comentário:

  1. Acredito que além de abandonarmos a ideia de auto suficiência, como o senhor bem colocou, preservar a alegria constante e a alta capacidade de perdoar que as crianças fazem muito bem!

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