“[...] Cristo Jesus, a
nossa esperança.” 1 Timóteo 1.1
A palavra advento traz consigo a ideia de
chegada. É o termo preferido pela teologia primitiva para se referir ao modo
como os cristãos deveriam se preparar para a celebração do Natal. A prática
teve início principalmente na Península Ibérica, que compreende atualmente os
países de Portugal e Espanha, no século IV, e logo se espalhou pela igreja do
Ocidente.
O chamado Tempo do Advento incluía um
conjunto de práticas ascéticas, de jejuns, de abstinências, de orações, de
reflexões e de liturgias, que abrangiam os quatro domingos antes do dia de
Natal. Os objetivos dessas práticas eram três: primeiro, recordar o evento histórico
em que Deus se fez homem; segundo, afirmar a esperança na consumação
escatológica do mistério cristão quando da segunda vinda de Jesus; e, terceiro,
encorajar os cristãos a assumirem a missão de partilhar a boa nova do evangelho
a todas as pessoas.
O Advento, portanto, era uma forma de
espiritualidade, que procurava aproximar as pessoas do real sentido da
encarnação de Deus em Cristo, como projeto de salvação para toda a humanidade.
Os cristãos eram assim estimulados a viverem a fé e os valores cristãos com uma
alegria contagiante, desenvolvendo atitudes de generosidade e de solidariedade,
como sinal de sua conversão a Cristo. Tudo isso era firmado na convicção de que
aquele que veio como um bebê, viveu como homem e morreu na cruz virá outra vez
para pôr fim a toda maldade e consumar o seu Reino.
É um tempo de esperança, de arrependimento e
de renovação, visto que Jesus Cristo trouxe-nos uma mensagem de libertação que
nos ajuda a enfrentar as circunstâncias de luta e sofrimento que a vida nos oferece.
Quando nos damos conta de o quanto estamos distantes dos propósitos divinos é
que estamos aptos para viver a nova vida que Cristo nos oferece.
É também um tempo de retorno a Cristo, de
conversão, de afirmação da fé. Viver a fé é preparar o caminho para que o Senhor
venha, através de uma resistência à maldade que há no mundo e ao pecado que
habita em nós, de uma vida de oração e de um aprofundamento maior no
conhecimento das Escrituras. A conversão se dá naquele momento em que você se
dá conta de que aquilo que você pensa que é está muito distante da pessoa que
realmente é.
A proposta do advento como espiritualidade
nos ensina sobre a graça da salvação e nos remete a acolher a Jesus Cristo como
nossa referência de vida, a ponto de estarmos dispostos a abrir mão de uma vida
que chamamos de “nossa” para ser agentes da graça no mundo, como exemplos de
vida transformada pela fé em Cristo. E isso está totalmente na contramão do que
fazemos em torno do Natal na contemporaneidade.
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