Nascido Jorge Mario Bergoglio (nasceu em 17 de dezembro de
1936, em Buenos Aires, Argentina) e tornado Francisco ao ser eleito, ele
proporcionou ao mundo uma oportunidade de repensar os caminhos da igreja como
povo de Deus, sua identidade como corpo de Cristo e sua mensagem de misericórdia
para um mundo em permanente conflito. Seu pontificado durou 12 anos, 1 mês e 8
dias (foi eleito em 13 de março de 2013). Nesse tempo, o mundo experimentou o
aumento dos efeitos da crise ambiental e climática, enfrentou uma pandemia, assistiu
a Rússia invadir a Ucrânia e aos ataques de Israel contra o povo palestino em
sua guerra contra o Hamas.
Os temas morais envolvendo o divórcio, a união de casais do
mesmo sexo, a participação religiosa das mulheres, a questão LGBTQIA+, a
eutanásia e a eucaristia aos recasados ainda foram tratados pelo viés
conservador. Porém, a preocupação com a justiça social, a defesa de uma
economia mais solidária em vez do capitalismo neoliberal e o diálogo ecumênico
e inter-religioso foram marcas de seu magistério.
Francisco será sempre lembrado por tendências significativas
para a ação da igreja nesse tempo. A primeira delas é a preocupação em ser uma
igreja pobre para os pobres. Sua opção preferencial pelos pobres se refletia na
simplicidade de seu pontificado. Outra tendência é ser uma igreja em saída, com
a ênfase na sinodalidade e no diálogo com o mundo. Os documentos que publicou (Evangelii Gaudium, Fratelli tutti, Gaudete et
exultate, Laudato si e Lumen Fidei) apontam para um
cristianismo misericordioso e fraterno, preocupado com a formação de uma
cultura do encontro. Há ainda a tendência de se assumir um compromisso com o
cuidado de nossa casa comum.
O novo papa que deverá ser escolhido nos próximos dias terá
o grande desafio de, no mínimo, continuar o legado de Francisco. A igreja não
consegue mais esconder os graves problemas que envolve sua pesada estrutura no
mundo. A influência do ultraconservadorismo também afeta a cúria romana, tanto
que as análises a respeito do sucessor de Francisco apontam tanto para o
retrocesso quanto para o avanço progressista. Pelo menos por ora, é momento de
lamentar essa perda, agradecer pela oportunidade de conviver com alguém que
encarnou o evangelho e orar pelo consolo aos católicos e cristãos de todo o
mundo.
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