A maneira como Jesus
investiu na formação de seu movimento não tem a ver com um projeto de poder,
mas com o discipulado. O maior equívoco do cristianismo foi o de tentar criar
um reino de justiça e fé em meio a uma sociedade corrompida e perversa, sem a
ação transformadora do evangelho na vida das pessoas. Tentar colocar ordem num
mundo caótico, por entender que está distante dos propósitos de Deus, não
corresponde à missão dada por Jesus. Ele não comissionou pessoas a defenderem
uma ideologia de poder, mas para serem testemunhas da graça divina, que nos
acolhe e nos transforma em novas criaturas. Isso não se limita à formação de
uma nova estrutura política e social, mas à restauração da humanidade em nós.
Para isso, Jesus se ocupou com duas áreas
de atuação: como tornar-se um discípulo e como fazer discípulos. O modelo de
Jesus para o discipulado é, portanto, relacional e intencional. Isso envolve
quatro aspectos:
a) Em primeiro lugar, somos desafiados
para uma nova vida, a viver uma nova realidade. Por isso somos transformados em
nosso caráter, em nosso modo de pensar e na maneira como vemos o mundo. Isso
demanda uma intencionalidade no discipulado.
b) Em segundo lugar, Jesus nos
encoraja a uma vida de intimidade com Deus e para sermos mais sensíveis à sua vontade. Sua
presença entre nós nos restaura e nos cura. Isso nos estimula a uma celebração
apaixonada e apaixonante.
c) Em terceiro lugar, ele também nos
convoca para a vida em comunidade, o que demonstra o quanto somos amados e
valorizados. Isso desperta uma atitude mais acolhedora.
d) E, em quarto lugar, ele ainda nos capacita
para testemunhar e a servir. Temos a missão de sinalizar o Reino de Deus no
mundo. Isso nos leva a uma ação em favor das pessoas mais vulneráveis.
Por que Jesus se preocupou com isso? Primeiramente,
por reconhecer que a única forma que temos para alcançar o mundo todo é através
do relacionamento interpessoal. Cristãos não se reproduzem automaticamente, o
que corresponde ao fato de que todos nós precisamos ser ajudados para chegar à
maturidade. Nesse sentido, o discipulado é a melhor ferramenta para a formação
de lideranças e de pessoas que são capazes de influenciar outras. Como uma
relação intencional entre pessoas, o discipulado tem um baixo custo de
implantação, pois se baseia unicamente no relacionamento.
Os primeiros discípulos compreenderam
esse modelo de forma muito clara e o aplicaram no começo de sua caminhada como
igreja no mundo. Logo de início, os primeiros discípulos foram reconhecidos como
pessoas que estiveram com Jesus por causa de sua atitude: “Vendo a coragem de Pedro e de João, e
percebendo que eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e
reconheceram que eles haviam estado com Jesus.” Atos 4.13.
O resultado da aplicação desse modelo
no seguimento de Jesus contribuiu decisivamente para o aumento do número de
cristãos desde o início. Esse é o modo como o livro de Atos relata: “E
divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos
discípulos [...]” Atos 6.7 (ARA).
Ser e fazer discípulos é o modelo de
Jesus. Isso vale para nossos dias para quem segue seus ensinos. E esse é o
fator preponderante para a multiplicação do número daqueles que são alcançados
pela graça e têm suas vidas transformadas.
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