“[...] Estes homens são servos do Deus Altíssimo e lhes
anunciam o caminho da salvação”.
Atos
16.17
Os primeiros
cristãos não foram conhecidos por pertencerem a uma religião, denominação ou
mesmo uma igreja. Ao contrário, eles eram tratados pelos judeus como seita e,
pelos romanos, como um movimento. Eles eram identificados como “os do caminho”.
A
ideia de caminho lembra movimento. E ser cristão é isso: fazer um movimento,
deslocar-se, seguir. Um movimento interior, que sai de sua ilusão de autonomia
para a realização do encontro com Deus. Um movimento exterior, que sai do seu
individualismo para uma vida de comunhão.
Jesus
se apresentou como o Caminho. Aos primeiros discípulos, Jesus convidou:
“segue-me”. Ele encontrou pessoas que estavam nos vários caminhos da vida,
revelou-se aos discípulos no caminho de Emaús, enviou seus seguidores pelos
caminhos do mundo, encontrou a Paulo no caminho de Damasco.
Os
primeiros cristãos eram chamados de seguidores do cominho por causa da
mensagem: eles anunciavam o caminho da salvação. Isso implica uma teologia do
caminho, um compromisso ético com o caminho e uma vida de comunhão para
fortalecer uns aos outros ao longo da caminhada.
Ser
igreja é se constituir a comunidade daqueles que seguem caminho. Sua natureza é
ser peregrina, a reunião daqueles que seguem caminho. Na medida em que caminha,
cresce, desenvolve unidade, se faz corpo e família.
Seguir
caminho não é andar errante. Não é também peregrinação solitária. Antes, é
exercício de se colocar na direção do outro, juntamente com o outro. É ter
destino certo, reconhecendo no outro a face de Deus. É deixar vestígios por
onde passa do sentido que nos estimula a seguir caminhando. É deixar marcas que
motivam outros a seguirem caminho conosco.
Seguir caminho é
um exercício histórico, é imergir na realidade do mundo, é atravessar o tempo.
Pessoas que caminham buscam constantemente ajustes na caminhada, precisam
reorientar o rumo, refazer percursos, encontrar novas trilhas. Atalhos e
desvios são riscos enfrentados somente por quem caminha. Por isso, precisam do
guia, aquele único que, por se fazer caminho, se oferece como companheiro da
caminhada.
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