O sofrimento não ocorre à revelia
da vida. Há lições a serem aprendidas, apesar de ele tomar parte da nossa existência como um intruso. Ninguém o busca ou o deseja, mas ele acontece. Volta e meia
enfrentamos situações que provocam dor, aflição, perda, medo, ansiedade e
tormentas. Ele nos inquieta como um vilão em nossa vida. O sofrimento produz
efeitos significativos, embora não identifiquemos de maneira fácil a sua causa.
Vivemos numa época em que se dá
muita ênfase ao bem-estar e ao conforto. Dificilmente lembramos que a vida é
marcada muitas vezes por lutas, por esforço e por situações desagradáveis.
Esquecemos que o dia mal pode chegar a qualquer instante. Ninguém está isento
disso, todos podemos passar por momentos difíceis, de angústia, que nos levam
ao choro, que nos tiram a paz e que até desassossegam o nosso coração. Isso faz
lembrar o poeta espanhol do século XVII, Calderón de la Barca, que se pergunta
que mal fez para merecer o sofrimento. Ele então diz: “O maior delito do homem
é ter nascido”.
O sofrimento não nos ajuda a
entender suas razões. Porém, quando não entendemos a dor, temos a tendência de espiritualiza-la
com a pergunta “porque comigo, Deus?”, como se houvesse uma conspiração
sobrenatural contra nós. É inevitável indagar, mas precisamos compreender que o
sofrimento não é produzido por Deus. Ele é resultado de nossa vida num mundo
marcado por incertezas e contradições. O tempo todo estamos expostos aos nossos
limites, à dor e até à finitude.
O sofrimento não precisa de
justificativa, nem há um sentido para ele. Porém, é sempre uma oportunidade
para crescermos como pessoas e nos aperfeiçoarmos. É bom que se diga que o sofrimento
não tem essa finalidade, ninguém sofre para ter um estímulo na vida. Mas quando
o infortúnio ou a tragédia nos acometem, precisamos ressignificá-lo, olhá-lo
com outros olhos. Ele não acontece como obra do acaso meramente. Ele pode servir
como uma oportunidade para melhorar a vida.
Em meio ao sofrimento, podemos
entender melhor como Deus está conosco e como ele cuida de nós. Precisamos
reconhecer que ele está disposto a estender o seu braço forte e nos abraçar de
um jeito que só Ele sabe fazer. Descobrimos que Ele tem um modo peculiar de nos
acolher, que Ele tem cuidado de nós, que quer tocar em nosso coração, quer
trabalhar em nossa vida e fazer com que possamos dar um salto de qualidade apesar
da dor, do sofrimento, da perda, da tragédia, das tribulações e até das tentações.
Deus sabe lidar com nossas dores.
Há lições a serem aprendidas no
meio da tormenta, em que o sofrimento se transforma num mestre de vida. Elas
estão expressas na Bíblia. O apóstolo Paulo nos apontou a trilha da aprendizagem
com o sofrimento. Veja o texto em que ele escreveu sobre isso: “Não só isso,
mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação
produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter
aprovado, esperança” (Romanos
5.3,4).
Há três lições a serem
aprendidas com o sofrimento. A primeira delas é a lição da perseverança. A dor,
a angústia e o medo nos paralisam. Mas quando vêm sobre nós, essa não é a hora
de desistir. Quando passar por grandes tribulações, não desanime. O apóstolo Tiago
escreveu: “Meus irmãos, considerem
motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês
sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação
completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa
alguma” (Tiago 1.2-4). Quando
enfrentamos um obstáculo, isso não é o fim. Temos que entendê-lo como um
desafio para seguirmos adiante.
A segunda lição tem a ver com o
caráter. Que tipo de pessoa é você quando enfrenta o sofrimento? Quem sou eu
diante da dor? Se o problema vier, não ceda. Não faça negociações a respeito da
sua dignidade, de sua condição como pessoa, de sua confiança no poder de Deus.
Faça o que você o que você tem competência para fazer. Conselho do apóstolo
Paulo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das
misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas
tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos
consolar os que estão passando por tribulações” (2 Coríntios 1.3,4). Lembre-se que somos
observados o tempo todo. Na hora do sofrimento, temos a oportunidade de
servirmos como testemunhas da fé, da esperança e da confiança no cuidado de
Deus sobre nós.
A terceira lição é a da
esperança. Quando vier o sofrimento, não pare, siga adiante. Não perca a
esperança. É ela que nos impulsiona a seguirmos em frente, a crermos que
existem novas possibilidades além da dura realidade que enfrentamos. Fé e
esperança são atitudes que estão interligadas. Não existe uma sem a outra. Elas
servem para crermos que Deus está no controle e para termos esperança de que
suas promessas se cumprem. Palavra do apóstolo Paulo: “Considero que os nossos sofrimentos atuais
não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Romanos 8.18). Lembre-se sempre: aquilo que enfrentamos
agora não se compara com a glória que Deus tem preparado para todos nós. Há
vitória no final de nossa luta. A luta daquele que confia no Senhor já é
marcada pela vitória.
São lições que nos fortalecem e nos ajudam a cuidar dos que amamos. Se
você passa por um momento de sofrimento, persevere, mantenha o seu caráter
firme, tenha esperança. Há uma bênção nas Escrituras para aqueles que passam
por aflições: “O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória
eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco de tempo, os
restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces” (1
Pedro 5.10).
(Mensagem apresentada durante o período da quarentena por causa da pandemia causada pelo Coronavírus e a doença Covid-19).
(Mensagem apresentada durante o período da quarentena por causa da pandemia causada pelo Coronavírus e a doença Covid-19).
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