A maneira como tem se configurado o tratamento da
família na contemporaneidade demonstra que, cada vez mais, ela é um campo
missionário fértil e oportuno. O conflito que se percebe na formação e na
dissolução de famílias, bem como a mudança de expectativas nas
relações interpessoais, demonstra que as pessoas estão cada vez mais carentes
de algo que as complete e que possa trazer novas perspectivas para a vida.
A família é parte tão importante na vida humana que o que acontece
nela repercute na vida da pessoa. Da mesma forma, nossos conflitos e conquistas
pessoais têm consequências na vida em família. Há uma inter-relação entre a
pessoa humana e a família de tal maneira que, usando a expressão do papa João
Paulo, o futuro da humanidade passa por ela.
Nesse contexto, nossos familiares são as principais testemunhas
oculares de quem somos. Eles conhecem nossas virtudes e nossas falhas. Diante
daqueles que convivem diariamente conosco, não há como fingir ser mais santo ou
exercitar uma espiritualidade aparente. Por isso, estimular a fé em Jesus
Cristo e a busca pelo conhecimento de Deus em família se constitui num grande
desafio.
Certa vez, uma pessoa que fora grandemente abençoada por Jesus
sentiu o desejo de segui-lo por todos os lugares. Era o endemoninhado de Gadara,
liberto de uma vida de opressão. A transformação de vida dele era mais do que
evidente e poderia servir como um forte apelo para que outros abraçassem a fé.
Porém, Jesus não permitiu que o acompanhasse naquele momento e ainda
recomendou: “Vá
para casa, para a sua família e anuncie-lhes quanto o Senhor fez por você e
como teve misericórdia de você.” Marcos
5.19.
A espiritualidade se torna mais relevante e significativa quando
vivida em família do que no contexto da própria igreja. É nela que podemos
exercitar atitudes como perdão, paciência e compaixão; é nela que podemos desenvolver
valores morais e afetivos; é nela que podemos alimentar sonhos e esperança
quanto ao nosso futuro; é nela também que podemos vivenciar a fé e aprofundar o
nosso conhecimento de Deus.
A família é o nosso primeiro campo missionário porque é ela a
primeira e maior beneficiada quando a salvação acontece. Jesus disse que a
salvação havia chegado à casa de Zaqueu por causa de sua mudança de vida. Os
discípulos Paulo e Silas disseram ao carcereiro de Filipos que toda sua família
poderia ser salva se ele tão somente depositasse a sua fé em Jesus Cristo.
Viver em família e não se importar com ela é um dos extremos do
individualismo. Para superar essa tendência, a Bíblia convida a restaurar o cuidado
pessoal com a família. Ela nos diz: “Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente
dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente.” 1 Timóteo 5.8.
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