A ética pós-moderna aponta para deslocamentos que resultam na formulação de uma nova identidade que é definida por uma ideologia de consumo, segundo a qual a “imagem” domina a realidade. Gilles Lipovetsky, em A sociedade pós moralista (2005), considera que aquilo que é visto define o que deve ser, de tal modo que quase ninguém mais se importa com o que é “realidade”. A imagem pública passa a ser objeto de culto e de desejo. A busca de gratificação, do prazer e realização individual é o ideal supremo. A diversidade e a fragmentação possibilitam uma multiplicidade de valores com opções individuais, mas nenhuma delas autêntica. Ao mesmo tempo, os meios de comunicação de massa e informação formam a opinião pública e prescrevem as normas de consumo e comportamento, substituindo a interpretação religiosa e a ética com informação precisa, instantânea, direta e objetiva. Ela valoriza o que parece real acima dos conceitos de bem e mal.
Vivemos uma época que nega o dever absoluto da ética. Em seu lugar, toma forma uma ética que proclama o direito individual à autonomia, felicidade e satisfação pessoal. O pós-modernismo pode ser visto como uma época de pós-moralidade porque despreza valores incondicionais mais elevados, tais como o serviço em favor do outro e o voluntarismo.
O pós-modernismo, por conseguinte, não propõe um caos moral, mas redireciona as preocupações éticas mediante um comprometimento de poucas bases com valores que não interferem na liberdade individual. Trata-se de uma ética neo-hedonista que mistura dever e negação do dever, uma vez que o individualismo absoluto destruiria as condições necessárias para facilitar a busca de prazer e realização individual. A preocupação moral pós-moderna não expressa apego a valores, mas contestação contra qualquer tentativa de limitações à liberdade individual. O objetivo não é a afirmação da virtude, mas a obtenção do respeito à dignidade humana. Essa nova moralidade está condizente com os padrões determinados pelo consumismo, pela necessidade de prazer e de busca de realização pessoal.
Segundo Lipovetsky (2005), essa nova moralidade, no entanto, é ambígua. Ao mesmo tempo em que temos, de um lado, um individualismo sem regras, temos, por outro, um espírito de vigilância ultramoralista, pronto a denunciar todo atentado à liberdade humana e ao direito à autonomia individualista. Nesse contexto, a moralidade neo-hedonista da vida pós-moderna se traduz em exigências que percorrem duas direções opostas, uma que estabelece regras e outra que promove o prazer e a exoneração da responsabilidade moral, a exaltação do consumo, a preocupação com a imagem e a valorização do corpo. Temos diante dos olhos a emergência de uma cultura inédita, que divulga mais propriamente as normas do bem-estar do que as obrigações supremas do ideal. Assim, a exigência da ética é mostrada em toda parte, enquanto que se despreza o estímulo a sacrificar os próprios interesses por causa de outros. O que se vê, na verdade, é que os valores não desaparecem, mas transformam-se.
Para muitos, o pós-modernismo trouxe a emancipação dos padrões morais, libertou do dever e desarticulou a moral da responsabilidade. Para Zygmunt Bauman, em Ética pós-moderna (1997), os grandes temas da ética não perderam a sua força. Eles precisam ser revistos e tratados de um modo inteiramente novo. A era pós-moderna, sugere ele, pode ainda representar uma alvorada e não um entardecer para a ética. Para Bauman, a pós-modernidade é uma modernidade sem ilusões, emancipada da falsa consciência, das aspirações irreais e dos objetivos irrealizáveis. Bauman caracteriza essa nova época como um reencantamento do mundo, devolvendo dignidade às emoções e legitimidade ao inexplicável. Livres da prisão da modernidade, pode-se agora se confrontar com a capacidade ética da humanidade sem ilusões. Embora tudo isso não torne a vida moral mais fácil, diz Bauman, pode-se ao menos sonhar em torná-la um pouco mais ética.
(Extraído de minha dissertação de mestrado em filosofia: Ética protestante e pós-modernidade)
Vivemos uma época que nega o dever absoluto da ética. Em seu lugar, toma forma uma ética que proclama o direito individual à autonomia, felicidade e satisfação pessoal. O pós-modernismo pode ser visto como uma época de pós-moralidade porque despreza valores incondicionais mais elevados, tais como o serviço em favor do outro e o voluntarismo.
O pós-modernismo, por conseguinte, não propõe um caos moral, mas redireciona as preocupações éticas mediante um comprometimento de poucas bases com valores que não interferem na liberdade individual. Trata-se de uma ética neo-hedonista que mistura dever e negação do dever, uma vez que o individualismo absoluto destruiria as condições necessárias para facilitar a busca de prazer e realização individual. A preocupação moral pós-moderna não expressa apego a valores, mas contestação contra qualquer tentativa de limitações à liberdade individual. O objetivo não é a afirmação da virtude, mas a obtenção do respeito à dignidade humana. Essa nova moralidade está condizente com os padrões determinados pelo consumismo, pela necessidade de prazer e de busca de realização pessoal.
Segundo Lipovetsky (2005), essa nova moralidade, no entanto, é ambígua. Ao mesmo tempo em que temos, de um lado, um individualismo sem regras, temos, por outro, um espírito de vigilância ultramoralista, pronto a denunciar todo atentado à liberdade humana e ao direito à autonomia individualista. Nesse contexto, a moralidade neo-hedonista da vida pós-moderna se traduz em exigências que percorrem duas direções opostas, uma que estabelece regras e outra que promove o prazer e a exoneração da responsabilidade moral, a exaltação do consumo, a preocupação com a imagem e a valorização do corpo. Temos diante dos olhos a emergência de uma cultura inédita, que divulga mais propriamente as normas do bem-estar do que as obrigações supremas do ideal. Assim, a exigência da ética é mostrada em toda parte, enquanto que se despreza o estímulo a sacrificar os próprios interesses por causa de outros. O que se vê, na verdade, é que os valores não desaparecem, mas transformam-se.
Para muitos, o pós-modernismo trouxe a emancipação dos padrões morais, libertou do dever e desarticulou a moral da responsabilidade. Para Zygmunt Bauman, em Ética pós-moderna (1997), os grandes temas da ética não perderam a sua força. Eles precisam ser revistos e tratados de um modo inteiramente novo. A era pós-moderna, sugere ele, pode ainda representar uma alvorada e não um entardecer para a ética. Para Bauman, a pós-modernidade é uma modernidade sem ilusões, emancipada da falsa consciência, das aspirações irreais e dos objetivos irrealizáveis. Bauman caracteriza essa nova época como um reencantamento do mundo, devolvendo dignidade às emoções e legitimidade ao inexplicável. Livres da prisão da modernidade, pode-se agora se confrontar com a capacidade ética da humanidade sem ilusões. Embora tudo isso não torne a vida moral mais fácil, diz Bauman, pode-se ao menos sonhar em torná-la um pouco mais ética.
(Extraído de minha dissertação de mestrado em filosofia: Ética protestante e pós-modernidade)
Cara, texto horrivel... não dá pra entende simplismentee ndaa...
ResponderExcluirOdiei.. obrigado
Caro professor:
ResponderExcluirAmei o texto e achei completamente pertinente para entender a época em que vivemos.
Desejo ao senhor tudo de bom e muito sucesso nas suas pesquisas.
Deus lhe abençoe.
Ps: Gostaria de lêr mais à respeito. Onde poderia achar mais conteudo sobre sua dissertaçao?
(evaolazabal@gmail.com)
Gostaria de ler mais sobre sua dissestação de mestrado.
ResponderExcluirEstou escrevendo minha dissertação sobre ética e pós-modernidade analisando o efeito "mercado" nas igrejas evangélicas e como isso tem afetado os absolutos de DEUS da vida dos cristãos.
Grato.
Oi Marcelo,
ResponderExcluirA dissertação é, hoje, parte do meu livro Ética Cristã e Pós-Modernidade, que está a disposição para a venda no blog. O pagamento pode ser feito em cartão, com parcelamento, pelo Pagseguro. Ele chega com segurança em sua casa. Uma braço e bom trabalho.