O 7 de janeiro vai ficar marcado como mais uma data divisora
neste começo de século XXI. O terror vai impondo a nós uma agenda em que o
calendário vai se enchendo de datas que nos fazem chorar por causa da
intolerância. Tal como o 11 de setembro, que atentou contra os símbolos
econômicos e políticos do ocidente, agora o que está em questão é a liberdade
de expressão, cara conquista da cultura ocidental.
Quando a liberdade de imprensa é atacada, estamos todos
vulneráveis. O atentado contra a equipe da revista Charlie Hebdo foi um
golpe contra a liberdade de expressão, um ato de intolerância, uma violência
contra a democracia, além de ser uma grande perda para imprensa internacional,
uma vez que ceifou a vida de seus principais articulistas.
Alguém pode argumentar que o jornal pecou pela irreverência,
exagerou na dose com seu humor ácido. Nada justifica tal atrocidade, que, pelo
requinte de crueldade e eficiência, foi sucintamente planejada e friamente
realizada. Duas realidades estão em questão nisso tudo: primeira, o quanto
estamos vulneráveis quando o assunto é respeito à liberdade e aos direitos
individuais; a segunda é que este atentado na França é uma prova do que pode
fazer uma espiritualidade sem compromisso com a humanidade.
Se uma ideologia, sentimento religioso ou mesmo uma convicção
política é capaz de atacar a imprensa, que tem a arte e a palavra como defesa,
o que fará de nós, mortais, que pensamos diferente? O conceito de liberdade,
engendrado pelo liberalismo moderno, vai aos poucos sendo colocado sob ameaça. Essa
tal noção, além de ser uma abstração, está longe de ser um direito desfrutado
pela maioria. Dá a entender que liberdade como um bem comum será sempre um
estado de permanente confrontação.
Além do mais, a ideia agir de tal modo para vingar um deus
ofendido parece algo surreal, que nem mesmo nas histórias medievais mais
espúrias daria para ser imaginada. Afinal, um Deus que precisa de quem o
defenda ou de advogados é um deus fraco. O Deus vivo e verdadeiro é aquele que
se deixa morrer pela ignorância dos homens, e não aquele que precisa ter sua
ira aplacada por causa de ofensas, principalmente pela ação intolerante, sem
compaixão, revoltada e violenta de quem o diz seguir.
Uma religião que não desenvolve nos seus seguidores a
capacidade de autocrítica e que não permite rir de si mesmo é uma religião
desprezível, desumana, risível e esquizofrênica. Seja ela qual for. Vale para
fundamentalistas que há em todas elas. Vale também para a cultura. Ao que tudo
indica, um mundo que se secularizou tanto, perdeu a capacidade de rir de si
mesmo, de enxergar suas próprias incoerências. Um mundo tão sério assim é
incapaz de pensar outros caminhos possíveis. Nesse mundo sem imaginação, fazer
humor tornou-se uma atividade de risco.
Meu prezado Pastor, a violência dos terroristas jamais encontrará justicativa. Principalmente por ser uma ação covarde, sem direito à defesa. O contra-ataque, embora possa não resolver, pelo menos deverá - quem sabe - frear a ousadia dos assassinos. Não acredito na impunidade. E países como os USA e da Europa saberão trabalhar em defesa de seus compatriotas. O mesmo não acontece em nossa nação em que os governantes apoiam e defendem esses monstros. E sem nenhum sentido patriótico destroem nossa FFAA, deixando a nação exposta a qualquer invasão. E os terroristas, por certo, sabem disso. Estamos em desvantagem, se comparados às demais nações mais avançadas em sua defesa. O problema não é somente a tão mencionada questão da "livre expressão". Há muito mais graves ameaças por trás desses ataques. Que Deus nos proteja!
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