A
sociedade justa não sabemos precisar o que ela é, mas logo percebemos o que ela
não é. Com certeza, ela não se parece em nada com a sociedade em que vivemos. O
livro do professor Irenio Silveira Chaves, filósofo e teólogo, tenta responder
algumas perguntas intrigantes: vivemos
em uma sociedade justa? Qual o sentido de justiça num mundo tão desigual? Como
podemos orientar nossas escolhas para vivermos em um mundo mais justo e menos
desigual?
A
ideia de justiça nasce de nossa capacidade de se indignar com as condições
injustas. Nunca, em nenhum tempo da história, a humanidade viveu um período em
que se tenha conhecido um estado pleno de justiça. A ideia de uma sociedade
justa é uma abstração, um desejo, uma utopia, que, para se realizar necessita
de ações concretas que envolvem tanto a vida pessoal como a coletiva.
Uma
sociedade justa não acontece apenas por uma vontade política, nem se dá por
meio de estruturas rígidas, nem por uma moral rigorosa. Porém, desejar e lutar
por uma sociedade mais justa não é uma impossibilidade, pois implica que se
coloque em questão toda a nossa humanidade. A sociedade justa, portanto, é uma
possibilidade humana e é por essa razão que ansiamos por ela.
Entretanto,
a sociedade justa não virá sem que isso comporte uma profunda reflexão sobre as
atitudes do ser humano em suas relações. Exatamente pelo fato de que a justiça
se faz necessária naquelas relações marcadas pelo conflito.
Como
afirma o próprio auto, “Falar sobre a sociedade justa implica refletir sobre a
condição humana e o desejo de uma vida melhor. Embora a humanidade nunca tenha
vivido um tempo marcado por relações justas, este sempre foi o ideal de todas
as pessoas em todos os tempos.”
Para
tratar disso, o autor parte de três pressupostos básicos: o primeiro é que a
noção de justiça que temos hoje é resultado de um processo de construção que
marcou a cultura ocidental; o segundo é que o oposto de justiça não é
injustiça, mas desigualdade social; o terceiro é que a noção de justiça do Ocidente
recebeu a contribuição das matrizes teóricas do pensamento greco-romano, da
tradição judaico-cristã e da racionalidade moderna.
Para
lidar com as situações de desigualdade que marcam a vida na contemporaneidade,
são apresentados novos princípios para orientar as ações tanto de pessoas em
suas relações quanto de estruturas de poder que conduzem a vida social. Um
livro importante para estudantes de Direito e profissionais do mundo jurídico,
mas principalmente para pessoas comuns que se preocupam e desejam viver em uma
sociedade mais justa.
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