Durante a campanha eleitoral, pastores e líderes religiosos
exercem uma função importante na formação de consciências críticas das pessoas
com as quais se relacionam. Como pastor, compreendo que alguns compromissos
precisam ser assumidos diante do processo eleitoral, uma vez que somos
formadores de opinião e temos uma opção política e ideológica diante da vida da
sociedade. Independente de qual seja a posição de cada um, apresento aqui os
princípios que devem orientar a ação pastoral em meu ministério:
1.
O que não fazer:
1.1. Não assumir em público atitudes contrárias ou favoráveis a
qualquer candidato ou partido político. Embora tenha uma preferência, a defesa
ou condenação de pessoas ou grupos constrange a relação com os demais e inibe a
liberdade de escolha da comunidade.
1.2. Não promover, em hipótese alguma, o chamado “voto de cajado”,
aquele em que líderes eclesiásticos e religiosos negociam favores ou propostas
com o objetivo de comprometer o voto dos seguidores de seu grupo religioso.
1.3. Não usar argumentos religiosos, espiritualizantes ou mesmo
bíblicos para promover ou denegrir candidaturas ou programas políticos. Tanto a
demonização quanto a sacralização de candidatos, ideologias, programas ou
partidos se constituem como fatores inibidores do debate maduro dos reais
problemas da sociedade.
1.4. Não criar barreiras, inimizades ou contendas com pessoas,
grupos e segmentos da sociedade que tenham opiniões opostas. As eleições não
correspondem a uma batalha entre inimigos. Oposição e governo são dois lados
igualmente importantes para a democracia.
1.5. Não se omitir em relação às situações que envolvem injustiça,
opressão, exploração, cerceamento da liberdade de expressão e desigualdades
sociais.
2.
O que fazer:
2.1. Defender a participação livre e consciente de cada cidadão no
processo democrático através do voto.
2.2. Contribuir de forma responsável para que se tenha um
compromisso claro a respeito da participação de cada pessoa na dinâmica da vida
social e da ação política.
2.3. Assumir uma função profética em favor da justiça, em defesa
dos oprimidos e na condenação de toda forma de privação de liberdade de
expressão e de exploração do outro.
2.4. Ser um intercessor em favor da paz, orando pelas autoridades
e suplicando por um governo justo e uma sociedade alcançada pela graça.
2.5. Servir como guia e exemplo de compromisso com o bem-estar
social, procurando contribuir de forma concreta para que as mudanças
necessárias na vida em sociedade se realizem de forma ampla, com oportunidade
igual para todos, livre de qualquer tipo de preconceito e discriminação.
Se você gostaria que isso chegasse
aos demais líderes religiosos, por favor compartilhe com mais alguém esse
texto.
Obrigado pelo texto. Muito bom e sugestivo.
ResponderExcluirAssim como Lutero, tambem os fundadores da tradição reformada, Zuínglio e Calvino, reconheceram a importância e a legitimidade do Estado. Ao mesmo tempo, eles destacaram que Igreja e Estado são duas esferas distintas, que não devem ser confundidas. Essa distinção entre Igreja e Estado significa que cada domínio tem o direito de existir e que o Estado, assim como a Igreja, também é estabelecida por Deus, devendo, portanto, ser igualmente respeitado pelos cristãos. Portanto, a Igreja não deve usurpar as funções do Estado nem o Estado, as funções e prerrogativas da Igreja.
ResponderExcluirPerfeito!!
ExcluirMuito bom texto.Quem dera todas as lideranças religiosas o lessem.
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