“Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este
é o maior no Reino dos céus” Mateus 18.4
Quando Jesus quis deixar uma lição sobre a vida no Reino de Deus, ele
usou a figura de uma criança como metáfora. Quatro afirmações foram feitas:
a) Você precisa se converter em uma criança.
b) Você precisa ser humilde como uma criança.
c) Você precisa acolher Jesus como quem acolhe uma criança.
d) Você precisa dar bons exemplos para uma criança.
A razão para que fizesse isso não foi por que a criança é pura ou
ingênua, mas por ela ser expressão de nossa condição real, incapazes de dar
conta de nós mesmos.
Por que isso não tem a ver com a pureza e a ingenuidade de uma criança?
Porque ela não é isso. A criança é uma pessoa que já traz em si toda a ambiguidade
da vida humana. Se ainda me lembro bem de minha infância, foi nesse período que
empreendi muitas ações maldosas, que hoje considero como falhas de caráter:
chantagem emocional, trapaças, mentiras cotidianas.
Certa vez, minha mãe deu ordem para não comer os biscoitos. Colocou o
pote de biscoitos no alto do armário e foi tirar o seu cochilo depois do
almoço. Eu desobedeci sua ordem, escalei o armário e, para minha tristeza,
quando estava quase alcançando o pote, o armário veio abaixo quebrando muitas louças.
Isso é ser criança: ser o que se é e contar com a ternura de um cuidado
amoroso maternal e paternal, depender de ser corrigido em nosso rumo e estar
aberto para a aventura de uma vida nova.
Quando
criança, imaginamos o que vamos ser quando crescer, cada descoberta é uma
grande aventura e ainda nos abrimos para a experiência da amizade e do
conhecimento. O crescimento é que nos traz, com o tempo, a ilusão do
autocontrole, da razão suficiente e até da liberdade incondicional. Porém, não
nos damos conta de que perdemos o essencial, que é a capacidade de acolhimento
e de redirecionamento da vida diante das incertezas.
O convite de
Jesus para ser como criança é para redescobrir o encanto de se viver de forma
autêntica e de acolher o seu convite amoroso. Ser criança é ser humano em sua
forma inicial, inclui a necessidade de se crescer e de amadurecer até a mesma
estatura de Cristo, implica tratar de nossas fragilidades com abertura para as
possibilidades para a nossa vida.
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