segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
sábado, 5 de dezembro de 2015
Advento: chegou o Natal / Advent: Christmas came / Adviento: llegó la Navidad
“[...] Cristo Jesus, a
nossa esperança.” 1 Timóteo 1.1
A palavra advento traz consigo a ideia de
chegada. É o termo preferido pela teologia primitiva para se referir ao modo
como os cristãos deveriam se preparar para a celebração do Natal. A prática
teve início principalmente na Península Ibérica, que compreende atualmente os
países de Portugal e Espanha, no século IV, e logo se espalhou pela igreja do
Ocidente.
O chamado Tempo do Advento incluía um
conjunto de práticas ascéticas, de jejuns, de abstinências, de orações, de
reflexões e de liturgias, que abrangiam os quatro domingos antes do dia de
Natal. Os objetivos dessas práticas eram três: primeiro, recordar o evento histórico
em que Deus se fez homem; segundo, afirmar a esperança na consumação
escatológica do mistério cristão quando da segunda vinda de Jesus; e, terceiro,
encorajar os cristãos a assumirem a missão de partilhar a boa nova do evangelho
a todas as pessoas.
O Advento, portanto, era uma forma de
espiritualidade, que procurava aproximar as pessoas do real sentido da
encarnação de Deus em Cristo, como projeto de salvação para toda a humanidade.
Os cristãos eram assim estimulados a viverem a fé e os valores cristãos com uma
alegria contagiante, desenvolvendo atitudes de generosidade e de solidariedade,
como sinal de sua conversão a Cristo. Tudo isso era firmado na convicção de que
aquele que veio como um bebê, viveu como homem e morreu na cruz virá outra vez
para pôr fim a toda maldade e consumar o seu Reino.
É um tempo de esperança, de arrependimento e
de renovação, visto que Jesus Cristo trouxe-nos uma mensagem de libertação que
nos ajuda a enfrentar as circunstâncias de luta e sofrimento que a vida nos oferece.
Quando nos damos conta de o quanto estamos distantes dos propósitos divinos é
que estamos aptos para viver a nova vida que Cristo nos oferece.
É também um tempo de retorno a Cristo, de
conversão, de afirmação da fé. Viver a fé é preparar o caminho para que o Senhor
venha, através de uma resistência à maldade que há no mundo e ao pecado que
habita em nós, de uma vida de oração e de um aprofundamento maior no
conhecimento das Escrituras. A conversão se dá naquele momento em que você se
dá conta de que aquilo que você pensa que é está muito distante da pessoa que
realmente é.
A proposta do advento como espiritualidade
nos ensina sobre a graça da salvação e nos remete a acolher a Jesus Cristo como
nossa referência de vida, a ponto de estarmos dispostos a abrir mão de uma vida
que chamamos de “nossa” para ser agentes da graça no mundo, como exemplos de
vida transformada pela fé em Cristo. E isso está totalmente na contramão do que
fazemos em torno do Natal na contemporaneidade.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Terrorismo: reflexões sobre os atentados de Paris / Terrorism: reflections on the attacks in Paris / Terrorismo: reflexiones sobre los acontecimientos de París
Os atentados que aconteceram simultaneamente em Paris, na noite da
sexta-feira 13 de novembro de 2015, são resultado do conflito civilizatório que
a humanidade tem experimentado. De um lado, se percebe uma reação ao processo
de ocidentalização do mundo; de outro, uma busca por afirmação de valores que são
caros para o Ocidente, como são a democracia, a liberdade e os Direitos
Humanos.
O processo de ocidentalização do mundo aponta para um problema
grave, que é o fato de que o pensamento ocidental vem acompanhado de toda a
tendência neoliberal e do capitalismo em sua forma mais selvagem, que são
marcados pelo individualismo hedonista, pela ganância e a sede de lucro a
qualquer custo. Isso faz com que a afirmação dos valores ocidentais se dê através
de uma contradição, que envolve a concentração de riqueza e poder em meio ao
aumento das condições concretas de desigualdade.
Este quadro faz emergir toda forma de estereótipo. A cultura
ocidental construiu uma imagem do Oriente Médio como sendo uma região dominada
por um misto de sedução e mistério. Filmes e literaturas ocidentais realçam a vida
nos países árabes como permeada tanto de danças do ventre quanto de práticas de
vingança, traições, ódio e rancor por parte de extremistas religiosos. O
Oriente Médio, tal como conhecemos hoje, tem muito de invencionice ocidental.
Não resta menor dúvida que algo semelhante acontece na contramão. Os discursos fundamentalistas
orientais acabam criando uma imagem do Ocidente como recheada de devassos,
blasfemos e hereges.
Por outro lado, a cultura oriental enfrenta uma situação em que,
em meio às várias expressões de organização da vida social, emerge uma
tendência de se lançar mão de argumentos religiosos para justificar o acesso e
o controle do poder. O Ocidente já conheceu essa história: a mistura entre
poder e religião não traz bons resultados. Com isso, tenta se justificar toda
forma de opressão e cerceamento da liberdade, bem como o combate a tudo aquilo
que se apresenta como ameaça ao projeto de poder, a partir do discurso
fundamentalista. De fato, o mundo árabe está em busca de identidade e os diversos
grupos oligárquicos lutam para se manterem em evidência, muitos deles com
grande poder bélico e muito petróleo. Diga-se de passagem que grande parte do
poder bélico que está na mão desses grupos é fornecida pelas próprias potências
ocidentais que, por não conseguirem exercer o controle nos territórios em
conflito, treinam e municiam milícias locais para o combate em terra.
A organização conhecida como Estado Islâmico, ou ISIS (sigla em
inglês) ou Daesh (em árabe), é um retrato disso: um grupo jihadista que se
formou a partir das lideranças oriundas da Al-Qaeda e da participação na guerra
civil síria. Eles utilizam os próprios mecanismos de poder do Ocidente para
fazer valer seus interesses. O foco não é religioso, mas político-econômico. O
que está em jogo é a institucionalização política dos califados oligárquicos,
que tem em seu controle muito petróleo e armamento bélico. Esse grupo ainda faz
uso da religião para reforçar o discurso de poder e impor, pelo medo e terror,
suas intenções.
A estratégia do terror é marcada por ações coordenadas, visando
atingir alvos simbólicos, caracterizadas pela espetacularização dos atentados.
O terror chega a fazer uso de elementos da pós-modernidade para atingir a
humanidade em suas fragilidades. Não é a toa que os alvos em Paris foram
espaços frequentados por jovens em pleno exercício de sua liberdade de
entretenimento. Da mesma forma, o atentado de 11 de setembro de 2001 atingiu a
potência norte-americana em seus símbolos de poder político, militar e
econômico.
Entretanto, não é isso que faz com que o terror seja pior ou menor
do que o que acontece nas áreas de conflito no Ocidente. Outras práticas
terroristas já são conhecidas. Ações do IRA, do ETA ou das FARCS já fizeram uso
de práticas terroristas. Isso não é diferente também nas áreas dominadas pelo
narcotráfico e por ideologias extremistas, seja de direita ou de esquerda.
O terrorismo é essa tática militar de impor uma forma de poder por
meio do medo, com vista a produzir o efeito psicológico de subordinação ao
regime que se quer implantar. Pode ser praticado por grupos políticos,
movimentos separatistas e até por governos em exercício. Lutar contra o
terrorismo é um dever por parte de quem deseja ver a paz reinar. Entretanto, é
um erro pensar que a luta contra o terror se faz com mais guerra. O risco de um
círculo vicioso de retaliações bem como o de aumentar o emprego de práticas
xenofóbicas contra imigrantes e refugiados são possibilidades reais.
Embora no campo político a guerra seja uma complexa instituição de
controle, a luta contra o terror precisa trilhar outras vias. É preciso que a
humanidade se dê conta de que, quando a vida coletiva está em perigo, só a
união de esforços pode apontar um caminho possível. As pessoas cujas vidas são
orientadas pela fé e pelo bom senso precisam se levantar para o cuidado e a
proteção uns dos outros, para a prevenção da violência, para o combate a toda
forma de desigualdade e para a garantia de toda a forma de vida no planeta.
Isso vale para Paris, Mariana, Síria, Turquia, Irlanda, Colômbia, México,
Complexo do Alemão, enfim, seja onde for que a vida de todos esteja em risco.
Sensibilizar-se diante do horror e da tragédia é uma atitude
humana. Lembra-nos que somos gente. Mexeu com meu semelhante, mexeu comigo. Eu sou
um com ele. A inércia e a indiferença é que são atitudes desumanas e devem ser
não só combatidas, mas rejeitadas veementemente. (Foto: REUTERS/Benoit Tessier.
Fonte: Globo.com)
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Santificação / Sanctification / Santificación
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade.” João 17.17
A palavra santificação é carregada de
significados. Lembra separação, experiência de consagração e até a relação com
o sagrado. Seja qual for o sentido que se adote, ela sempre vai se referir a um
processo, uma relação com algo que está diante de nós e nos chama para uma
transformação.
Jesus, em sua oração sacerdotal, pediu ao Pai
para que santificasse os seus seguidores em todo o tempo. Isso tem duas
implicações: a primeira é que a santificação é algo que não somos capazes de
fazer por nós mesmos, precisamos do auxílio do Pai; a segunda é que
santificar-se tem mais a ver com aquilo que nos tornamos do que com aquilo que
fazemos ou possuímos. E Jesus intercedeu para que os cristãos de todas as
épocas e em todos os lugares fossem reconhecidos por terem se tornados santos
por meio de uma relação com o Pai.
Antes de interceder pela nossa santificação,
Jesus constata que seus discípulos estão no mundo. Essa relação mundana, porém,
é de existência, e não de pertença. Estão no mundo, mas não são do mundo. A
existência no mundo lembra que somos capazes de perceber e de sermos percebidos
em meio às nossas circunstâncias concretas de vida. O fato de não pertencer ao
mundo lembra que a lógica que rege as nossas escolhas e a nossa visão do mundo
não é dominada pelo aqui agora, mas por uma voz que nos chama para mais além.
Ao interceder pela nossa santificação, Jesus
reconhece que ela é resultado de uma relação com o Pai que fala e nos chama
para um convívio. A santificação é resultado da palavra divina, que é a
verdade. A verdade divina não é um saber lógico, observável e mensurável. Ela é
confiável porque nasce do coração do Pai e é dita pelo próprio Pai ao coração
do homem. É palavra viva porque é marcada pelo amor do Pai por criaturas como
nós.
Para interceder pela nossa
santificação, Jesus se apresenta como exemplo. Ele diz: “em favor deles eu me
santifico”. Nenhum ser humano tem tal autoridade de se autoproclamar como
padrão e modelo de santidade, somente aquele que viveu, morreu e ressuscitou
como o fez Jesus. Ele se fez a encarnação dessa verdade viva, confiável e
apaixonada que vem do coração do Pai.
Jesus sabia que a santidade seria
a única forma com que a graça divina poderia alcançar visibilidade para um
mundo errante. Não somos chamados à santificação para sermos bonzinhos, moralmente
corretos ou portadores de uma verdade, mas para sermos sinais da graça e do
amor do Pai a um mundo que se perdeu. Deus não faz de ninguém um santo para
viver em uma redoma, mas para ser um sinal visível do amor divino.
Por isso que a graça não é um mero
resultado de nossa vontade. Ninguém se faz santo por vontade própria. Isso
seria o mesmo que se tornar um moralista. A santificação é um processo em que a
vontade do Pai fala mais alto. O meu esforço é de querer me tornar um sinal da
graça, alguém que encarna e reproduz o amor de Deus por gente perdida como eu,
que precisa ser alcançada e redimida para uma nova vida em Cristo.
domingo, 8 de novembro de 2015
A quem você segue quando diz que segue a Jesus? / Who do you follow when you say that following Jesus? / ¿A quién sigues cuando dices que sigues a Jesús?
“E aquele que não carrega sua cruz e não me segue
não pode ser meu discípulo.” Lucas
14.27
Quando Jesus começou o seu
ministério, disse para um grupo de pessoas rudes e humildes “segue-me”. Aqueles
que atenderam ao seu chamado inicial provocaram uma revolução no mundo com uma
mensagem viva de transformação e de libertação. Eles se tornaram conhecidos por
serem seguidores de Jesus.
Esse mesmo chamado ecoa nos dias
atuais. Jesus continua a chamar pessoas para segui-lo. O problema é que a ideia
de seguir a Jesus hoje está diretamente vinculada a um sistema religioso que se
construiu a partir da necessidade de se adotar um modo de vida que cristaliza algumas
práticas de espiritualidade como formadoras de identidade. Seguir a Jesus se transformou
em sinônimo de seguir a uma religião, ou até mesmo a uma expressão dela. Desse
modo, não basta dizer-se cristão para afirmar o seguimento de Jesus, é preciso
também estar ligado a um grupo religioso específico que se autointitula
defensor de um determinado modelo de espiritualidade. Soa estranho, mas é muito
comum ouvir testemunhos do tipo: “antes eu era católico, agora sigo a Jesus”. Isso
lembra o fato de que, num mundo de tanta diversidade, até mesmo o seguimento de
Jesus encontra-se fragmentado.
Daí a pergunta inicial: a quem você
segue quando diz que segue a Jesus? Para responder a essa pergunta, algumas
implicações nos chamam a atenção:
a) Como afirmar que seguimos a
Jesus diante dos conflitos inerentes à nossa condição de pessoa?
d) Que caminhos podemos percorrer
para seguir a Jesus em meio a um mundo fragmentado e globalizado?
e) Como viver de forma autêntica a
proposta de libertação independente das amarras criadas pela mentalidade
religiosa que se construiu em torno do seguimento de Jesus?
A primeira constatação é que seguir
a Jesus não tem nada a ver com seguir uma religião. O fato de pertencer a uma
religião cristã não faz de ninguém um seguidor de Jesus. Porém, só dá para ser
cristão seguindo a Jesus. Se não há um comprometimento com o chamado de
segui-lo, não há também possibilidade de tomar parte das transformações
históricas e da ação libertadora que a fé cristã promove.
Não somos chamados a seguir uma
doutrina, uma instituição ou um sistema. Somos chamados a seguir uma pessoa que
viveu historicamente, que deixou ensinos significativos sobre a vida humana e
que sinalizou as ações que podem fazer deste mundo um espaço de realização
humana.
Uma segunda constatação está relacionada
à cultura de mercado, em que nos acostumamos a associar todas as nossas
condutas como se estivéssemos em um supermercado, em que eu tenho uma suposta
capacidade de escolha diante de uma infinidade de produtos em oferta. Não dá
para transformar o seguimento de Jesus em um produto e a nossa relação com ele em
um consumo.
Seguir a Jesus é uma decisão que
envolve viver a fé em meio a um conflito: o de colocar em prática os ensinos de
Jesus e de imitar o seu caráter diante das situações concretas de
desigualdades, carências e fragilidades que há no mundo. Significa se
constituir em uma nova imagem de Cristo para aqueles que se encontram perdidos
ao longo da caminhada que é a vida.
Seguir a Jesus traz consequências
para a nossa vida. Se isso não faz de você uma pessoa melhor, precisa
urgentemente descobrir a quem está seguindo.
sábado, 24 de outubro de 2015
Alegria e espiritualidade / Joy and spirituality / La alegría y la espiritualidad
“Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi:
alegrem-se!” Filipenses 4.4
A vida cristã é uma caminhada de
alegria. Deus não chamou ninguém para uma vida de tristeza, mas ele sabe muito
bem que a nossa vida é permeada por situações contraditórias.
Deus, em sua infinita sabedoria,
procurou garantir todas as condições para que vivêssemos em alegria. Por isso,
a Bíblia está repleta de palavras que despertam este sentimento.
A vida de alegria de que a Bíblia
fala está na contramão do sentimento desenvolvido pela secularidade. A alegria
normalmente está associada a uma euforia, a um sentimento de gozo e até a um
estado de bem-estar. Entretanto, Deus não está interessado somente em seu bem-estar,
mas em sua realização como pessoa humana.
A alegria é um sentimento de
contentamento, de satisfação, de regozijo, de júbilo e até de entusiasmo. Ele é
expresso por meio do riso e até de expressões corporais, como o pulo e a dança.
Está vinculada ao bom humor e à maneira como lidamos com as nossas limitações.
Pessoas bem-humoradas são capazes de transcender, acreditam que é a superação é
possível. A alegria, portanto, traz em si mesma um vislumbre da graça, a
possibilidade da redenção.
Se alguém tem vivido dominado
pela tristeza, precisa repensar a sua caminhada com Deus e abrir espaço para o
que Deus gostaria de fazer, que é restaurar a alegria que vem dele e que está
perdida.
Precisamos refletir sobre as
possibilidades de restaurar a alegria em meio à nossa tristeza. Chorar, de
fato, alivia o sofrimento, mas ter alegria apesar das circunstâncias difíceis
torna tudo mais belo. Acordar de manhã e logo colocar um sorriso no rosto é um
exercício interessante para ajudá-lo a ser uma pessoa mais gentil, bondosa e
cortês com as pessoas que estão à sua volta.
A felicidade não consiste apenas
de instantes alegres, mas de ter coragem para enfrentar os momentos de tristeza
e de ter sabedoria para aprender com os problemas. O que se torna urgente,
então, é descobrir a si mesmo para encontrar respostas concretas a uma vida
feliz, em meio às circunstâncias, a partir de uma relação com Deus. Se não
somos capazes de conhecer a nós mesmos, dificilmente conheceremos os propósitos
de Deus para nós.
A vida cristã é uma caminhada
humana que visa nos tornar mais humanos. O objetivo maior de se desenvolver um
sentimento de alegria é encontrar o prazer da vida em Deus. E este prazer se
completa quando compartilhamos nossa alegria com outros.
Acredite, mesmo que as coisas
piorem ainda mais, é possível encontrar alegria no Senhor.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Ser como criança: espiritualidade e vida no Reino / I want to be as a child / Quiero ser como un niño
“[...] e uma criança os
guiará.” Isaías 11.6.
Jesus um dia falou que, se não nos
convertermos e não nos tornarmos como uma criança de modo algum entraremos no
seu Reino. Difícil exigência. O que uma criança tem de tão significativo para
fazer dela um exemplo de pessoas que tomam parte do Reino de Deus?
Se você acha que é a pureza, engana-se.
Pelo que me lembre, na minha infância cometi muitas pequenas maldades. E
percebo que as crianças continuam assim. Há até quem diga que elas estão mais
espertas hoje.
Se você acha que é por causa da
ingenuidade, engane-se também. Nem mesmo os bebês são ingênuos. Eles lutam por
sobrevivência. Por isso, choram quando sentem fome, sede, dor ou frio,
resmungam quando querem colo e até aprendem a fazer pirraça para conseguirem
seus intentos.
Se você acha que é por causa da
inocência, engana-se mais uma vez. O discernimento do bem e do mal, do certo e
do errado, do que pode e do que não pode, bem como dos limites, é um
aprendizado que deve começar muito cedo e é tarefa dos pais orientar seus
filhos nisso.
Crianças são bons exemplos de pessoas
que participam do Reino porque dependem do pai, confiam nele e fazem dele o seu
modelo. O ser humano é o único animal que precisa do cuidado paterno e materno
para aprenderem a viver durante toda a infância. O ideal de autonomia não passa
de uma crise de adolescência da humanidade. Pessoas adultas, que chegaram à
maturidade, desejam recuperar a infância perdida.
Por essa razão, Jesus ensina que
precisamos ser humildes como crianças para reconhecermos que necessitamos do
cuidado do Pai. Ser humilde é conhecer a si mesmo, nem mais nem menos. E nossa
condição é de total dependência do cuidado divino.
Por essa razão também, acolhermos uns
aos outros como pessoas carentes do Pai é o mesmo que acolher Jesus em nosso
meio. Para vir ao mundo, Jesus se fez uma criança, cresceu e colocou a sua vida
inteira a serviço do Reino de Deus.
E é por essa razão ainda que precisamos
de um sentido de comunhão. Fazer com que qualquer pessoa que esteja em busca de
acolhida se sinta rejeitada por preconceitos e moralismo se transforma num
grave problema. Não temos o direito de criar impedimentos para que as pessoas
deste tempo demonstrem sua carência do cuidado divino. Antes, somos aqueles que
têm a missão de sair ao encontro delas e proporcionar a elas as oportunidades
de encontro com o Pai.
Ser como criança é, portanto, abrir mão
da pretensão de ser um “adulto”, capaz de dar conta de si mesmo, que não
precisa de ninguém que governe a sua vida. Bem, pelo que eu saiba, este é um
comportamento próprio da adolescência, que é a fase dos conflitos, das
definições e das descobertas. Ser criança é desejar a companhia e o cuidado dos
pais mais do que qualquer outro.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Migração e sobrevivência: a nova face da mobilidade humana / Migration and survival / La migración y la supervivencia
Duas fotos
me chamaram a atenção hoje. A primeira retrata um grupo de pessoas mortas no
mar, provavelmente vítimas de um naufrágio. Não sei se é montagem ou real. O fato é que, se a foto for verdadeira, refere-se provavelmente a corpos de pessoas oriundas do norte da África, Síria ou Iraque, que se arriscam na travessia do mar Mediterrâneo, em direção à Europa, fugindo da guerra em busca de sobrevivência. Curiosamente, os corpos formam um círculo no meio da
imensidão azul, lembrando a bandeira europeia.
A outra foto
mostra uma criança morta numa praia da Turquia, trazida pelas ondas. Trata-se
de um dos quadros mais terríveis, que expõe a tragédia humana das migrações contemporâneas.
Quando crianças são expostas a situações de riscos, é sinal que estamos diante
de uma busca desesperada por sobrevivência.
Movimentos
migratórios sempre existiram. A ocupação das regiões e dos territórios sempre
foi marcada pelos deslocamentos de grupos étnicos e até de civilizações inteiras.
O que sempre motivou tais movimentos é a busca de novas condições de vida.
Entretanto, a nova face da mobilidade humana envolve a fuga desesperada das condições
que ameaçam a sobrevivência. Portanto, não são só migrantes. São refugiados.
Os
principais destinos dos movimentos migratórios contemporâneos têm sido os Estados
Unidos e a Europa. Até mesmo o Brasil tem recebido grupos que se deslocam de
seus países em busca de melhores condições de vida. Por aqui, são povos andinos,
africanos e até haitianos que chegam aos grandes centros urbanos em busca de um
novo começo.
Porém, a
Europa vive mais recentemente um problema que difere de tudo o que já se viu: o
grande número de pessoas que fogem das regiões dominadas pelos regimes
opressores e fundamentalistas que ameaçam a sua sobrevivência. São pessoas que
têm que fazer a dura escolha entre ficar e morrer ou arriscar-se numa viagem
desesperada e, quem sabe, sobreviver.
Nesse
percurso, enfrentam “coiotes” que oferecem situações precárias de viagem em
embarcações e até caminhões frigoríficos a custos altos, esbarram em bloqueios
nas fronteiras e ainda recebem o ódio e o preconceito por onde passam. Não sei
o que é mais trágico: se a realidade humana da opressão e da guerra que provoca
o fluxo migratório atual ou se as manifestações de rejeição e os casos extremos
de xenofobia.
Estamos diante
de uma tragédia humana. Quando se ouve falar de gente que chega à Europa em
situação precária, em levas com companheiros abandonados e morrendo pelo
caminho afogados, asfixiados ou queimados, é preciso lembrar que se trata de seres
humanos. São pessoas com suas histórias e com seu passado. Não são “invasores”,
são seres humanos pertencentes a uma cultura, com seus valores, crenças, linguagem
e costumes, que ainda enfrentarão a dura realidade de começar tudo de novo num
outro contexto.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados,
só em 2014 cerca de 219 mil pessoas chegaram à Europa nessas condições e, neste
ano, mais de 300 mil estão nas mesmas condições. Se levarmos em consideração
que, nos 4 anos de guerra na Síria, mais de 215 mil pessoas morreram, estamos diante
de uma verdadeira catástrofe.
A crise
migratória é uma crise humanitária. Os migrantes que saem do norte da África e
do Oriente Médio não o fazem por uma vontade, mas oprimidos pelos conflitos sangrentos,
pela fome e pela miséria. Em função disso, podemos imaginar que é uma crise que
ainda vai durar por muito tempo. A indiferença dos governos mundiais em relação
à causa dos problemas que geram a migração demonstra que a solução está longe
de ser encontrada.
terça-feira, 25 de agosto de 2015
O desafio do cuidado de si / The challenge of taking care of yourself / El desafío de cuidar de sí mismo
“Tem cuidado de ti mesmo...” 1 Timóteo 4.16 (ARA).
Uma preocupação
constante que você deve ter: cuidar de si mesmo. O filósofo Michel Foucault
identificou que, desde a antiguidade greco-romana, há no cuidado de si alguma
coisa perturbadora. Isso se dá pelo fato de que não sabemos ao certo quem
somos. A respeito de mim mesmo, “eu não sei quase nada, mas
desconfio de muita coisa”, como disse Guimarães Rosa.
O grande problema é que, além daquilo que nos constitui
como pessoas, existe um potencial do que podemos vir a ser e ainda existe
aquele olhar que somos capazes de lançar para nós mesmos a fim de projetarmos
uma imagem a respeito de quem somos. Ou seja, você ainda não se tornou aquilo
que deveria ser assim como possui uma imagem de si que não corresponde ao real
de quem você é.
O cuidado de si implica que sejamos capazes de acolher
quem somos juntamente com nossos limites e potencialidades, distante do
sentimento narcisista que nos leve a uma ideia falsa sobre nós mesmos. É
preciso superar toda tendência a uma supervalorização do eu que pode conduzir a
um equívoco de autossuficiência e a uma atitude de transferência alienante de
responsabilidade.
Se você quer cuidar bem de si mesmo, isso o conduz a
desenvolver um conhecimento de si que leve em consideração tanto as suas
contradições quanto as relações que envolvem a sua existência. Como um ser
contraditório e marcado por uma cadeia de relações, você não é uma coisa, mas
uma pessoa. Você não nasceu pronto, nem é uma coisa construída de uma vez por
todas. Antes, é um ser em construção.
Suas contradições e ambiguidades lembram que não dá
para se arvorar como alguém superior ou melhor do que outros, assim como suas
relações lembram que está interligado a outros e com o mundo de tal modo que
não dá para se pensar na existência fora dessas relações. Ignorar as
contradições e os nós das relações é lançar aquelas situações que não queremos
e nem aprendemos a lidar para um universo de sombras. De vez em quando elas
aparecem, saem de seus esconderijos e são expostas à luz.
Não é vergonhoso, nem se constitui um fracasso,
reconhecer-se como uma pessoa vulnerável. Suas fragilidades são o que há de
mais humano em você. Isso tem a ver com sua capacidade de chorar ou de rir de
seus tropeços, de saber perdoar e reconhecer que errou, de ter coragem para
enfrentar a dor e aprender com os próprios erros, de perder e saber dar a volta
por cima. O cuidado de si nos lembra que somos capazes de amar e odiar, ter
medo e superar apesar do medo, conviver com nossas sombras e andar na luz, cair
e levantar, sofrer e se alegrar.
Como pessoas, somos uma síntese de contradições, onde elas
não se anulam, mas que nos constituem e nos motivam a seguir adiante. Como
afirmou Martin Luther King: “Não somos o que gostaríamos de ser. Não somos o
que ainda iremos ser. Mas, graças a Deus, não somos mais o que éramos.”
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Cuide de seu caráter / Take care of your moral character / Cuida de tu carácter
“Portanto, quem ouve estas
minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa
sobre a rocha.” Mateus 7.24
Enquanto a reputação tem a ver com o modo como as pessoas o
veem, o caráter é o que de fato você é. A reputação pode até fazer com que você
ganhe ou perca prestígio ou dinheiro, mas o caráter é o que pode te fazer feliz
ou infeliz. Para você cuidar de sua reputação, basta um momento; mas, para
cuidar do seu caráter, você precisa investir nele durante toda a vida. Como disse o grande evangelista D. L. Moody: “Se eu
cuidar do meu caráter, Deus vai cuidar da minha reputação.”
Quando o assunto é caráter, isso lembra que sou responsável:
a) perante Deus;
b) perante a família, e
c) perante o próximo.
Impressione as pessoas com seu caráter. A influência sobre a
vida de alguém causa consequências capazes de mudar o rumo de uma vida inteira.
Tudo começa quando você age consciente de que Deus o vê. O caráter tem a ver
com as coisas que você faz quando acha que ninguém está vendo. Mesmo que esteja
tudo ruindo ao seu redor ou mesmo que experimente aquele momento favorável,
procure manter-se de pé diante de Deus. Lembre-se sempre o que a Bíblia diz: “Assim, cada um de nós prestará contas de si
mesmo a Deus” (Romanos 14.12).
O fracasso no cuidado com o caráter pode destruir uma vida
inteira. A Bíblia tem a seguinte advertência: “Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para
não cair” (1 Coríntios 10.12 (NTLH). Por
isso, é importante que cada um cuide de poder estar de pé diante daquele único
que nos dá uma chance de tentar de novo. Veja algumas atitudes para estar de pé
diante de Deus:
a) Confie que é Deus quem
o sustém. “Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de
pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.” Romanos 14.4.
b) Creia que é Deus quem o
levanta. “Pois ainda que o justo
caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela
calamidade.”
Provérbios 24.16.
c) Creia que Deus não o
rejeita. “Os sacrifícios que agradam
a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus,
não desprezarás.”
Salmos 51.17.
domingo, 16 de agosto de 2015
Desenvolvimento Pessoal Estratégico: #InvistaMaisEmVocê / Strategic Development Personal / Desarollo Personal Estratégico
“Se o machado está cego e sua
lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria
assegura o sucesso.” Eclesiastes
10.10.
Certa vez, um velho
lenhador, conhecido por sempre vencer os torneios que participava, foi
desafiado por outro lenhador, mais jovem e forte, para ver quem cortava mais
lenha. Foi uma disputa que chamou a atenção de todos os moradores da
localidade. Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de
campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem
desafiante.
No dia marcado, os
dois competidores começaram a competição. O jovem se entregou com grande
energia à tarefa, convencido de que seria o novo campeão. De tempos em tempos,
olhava para o velho que permanecia sentado. Logo pensou que o adversário estava
cansado demais para a disputa por causa da idade, e continuou cortando lenha
com todo vigor.
Ao final do tempo
estipulado, foram medir a produtividade dos dois lenhadores. Para surpresa de
todos, o velho vencera novamente, por larga margem.
Confuso, o moço perguntou
ao velho:
– Não entendo,
muitas das vezes quando eu olhei para o senhor, durante a competição, notei que
estava sentando, descansando, e, no entanto, conseguiu cortar muito mais lenha
do que eu. Como pode?!
– Engano seu! – Disse
o velho. – Quando você me via sentado, na verdade, eu estava amolando meu machado.
E percebi que você usava muita força e obtinha pouco resultado.
Quando o assunto é
sucesso na carreira e na vida, o que vale é o quanto investimos em nós mesmos. Isso
tem a ver com a maneira como você desenvolve uma compreensão de si, como você
encara as circunstâncias a sua volta, como você lida com os recursos de que
dispõe e como você exerce influência nas pessoas ao seu redor. É o mesmo que
cuidar bem do machado que você é.
Estas áreas estão
relacionadas ao que chamo de desenvolvimento pessoal estratégico: um conjunto
de atitudes e modos de compreender a vida que visa proporcionar situações de
bem-estar e de sucesso. É preciso dar atenção a esses aspectos com muito mais
cuidado visto que vivemos um tempo em que tais atitudes de modos de compreensão
estão atravessadas por influências ideológicas que podem desviar você de seu
foco principal.
Independente de sua
crença, conhecimento, nível de comprometimento ou grau de formação, apresento
aqui alguns pressupostos que julgo serem fundamentais e que orientam as ideias que
norteiam a busca do desenvolvimento pessoal estratégico.
O primeiro é a
necessidade de se incluir Deus em sua maneira de ver o mundo. Se você entende
que tudo não passa de obra do acaso e que o propósito de sua existência tem a
ver tão somente com suas necessidades materiais, gostaria de encorajá-lo a
pensar no fato de que há uma inteligência por trás da realidade que nos cerca e
que tudo caminha na direção da consumação de um propósito eterno.
O segundo é a
possibilidade de fazer da Bíblia um manual seguro para orientar a vida. A
Bíblia é um livro de sabedoria milenar que contribui decisivamente para a
formação de uma civilização inteira em meio às lutas e fracassos. Além disso,
ela influencia três religiões mundiais: o cristianismo, o judaísmo e o
islamismo. Suas histórias, poesias e preceitos são revestidos de um sentido de
humanidade que transforma a vida de quem lê.
E o terceiro é
adotar os valores éticos que a fé cristã proporciona. Mesmo que você não
concorde com o cristianismo, vive em meio a uma cultura influenciada pelos
valores cristãos. A história da formação do Ocidente foi atravessada pelas ideias
dos pensadores cristãos de tal modo que é impossível pensar em uma vida melhor
e um mundo mais justo sem levá-las em consideração.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Cuide de sua integridade / Take care of your integrity / Cuidar de su integridad
O que você é capaz de fazer para ter
sucesso?
Se você quer exercer influência e
alcançar um bom prestígio em relação a outras pessoas, precisa se preocupar com
sua integridade. Como afirma a frase atribuída ao líder político
latino-americano Simon Bolívar: “Cuide da tua integridade que Deus cuidará da
tua reputação.”
A questão da integridade pessoal está
vinculada diretamente com o modo como a contemporaneidade trata da fama. Andy
Warhol (1928-1987) disse que “no futuro, toda pessoa terá direito a 15 minutos
de fama”. Acredito que vivemos este tempo hoje.
Com o surgimento da Internet, a
popularização dos celulares e das câmeras digitais, alguém disse, parodiando a
frase de Warol, que todo mundo, na Internet, vai ser famoso para pelo menos 15
pessoas.
Fama é uma palavra que vem da
mitologia greco-romana. Era uma deusa com uma forma de uma donzela, com muitas
asas que têm bocas, olhos e orelhas em suas penas, e que se movimenta para
levar para todos os lugares as mensagens verdadeiras e mentirosas que capta dos
boatos que se espalham rapidamente.
Neste tempo, caracterizado pelo que
Baudrillard chamou de “sociedade do espetáculo”, observa-se que há um apelo
muito forte para com a imagem.
O fato é que nós estamos sempre
expostos à observação do outro ao mesmo tempo em que nós mesmos precisamos do
olhar do outro para sermos reconhecidos.
A busca pela fama está relacionada com
a vaidade. Não resta a menor dúvida de que ser reconhecido é algo que produz
satisfação pessoal. Almejá-la não é um mal em si, desde que não se abra mão de valores
maiores e se coloque a vida a serviço de um ideal maior.
A fama pode trazer a ilusão de ser
bem-sucedido. Porém, quando ela é resultado de um trabalho honesto, autêntico e
sincero, pode produzir a sensação do dever cumprido.
É fato que todos nós temos a
necessidade de ser reconhecidos pelos de fora. Entretanto, uma pessoa realizada
não precisa se exibir ou se autopromover. Tenha cuidado com os falsos holofotes.
O problema é que muitas pessoas têm
procurado ser mais reconhecido pela sua imagem do que pelas suas realizações.
Para muitos, o que importa é a fama em si e não o que se faz para conquistá-la.
Por isso que você precisa cuidar mais de sua integridade.
A fama é determinada, portanto, pela
nossa história de vida. Pessoas que vivem com integridade são imprescindíveis. Lembre-se
de que Deus não olha para os nossos títulos ou rótulos para se relacionar conosco.
Antes, ele não tem vergonha do nosso passado assim como ele precisa de gente
com a nossa história para mostrar o quanto ele é poderoso para transformar uma
vida.
De acordo com P. Talleyrand: “O comércio mais lucrativo seria comprar as pessoas pelo que valem, e revendê-las pelo que elas pensam que valem”. Não quero que você faça uma avaliação que desvalorize quem você é, mas também não o estimulo a ter uma ideia de si mesmo que demonstre o que você não é. Seja você mesmo e deseje ser reconhecido por isso.
De acordo com P. Talleyrand: “O comércio mais lucrativo seria comprar as pessoas pelo que valem, e revendê-las pelo que elas pensam que valem”. Não quero que você faça uma avaliação que desvalorize quem você é, mas também não o estimulo a ter uma ideia de si mesmo que demonstre o que você não é. Seja você mesmo e deseje ser reconhecido por isso.
domingo, 26 de julho de 2015
Gerencie sua reputação / Reputation Management / Gestión de la Reputación
“A boa reputação vale mais que grandes riquezas; desfrutar de boa
estima vale mais que prata e ouro.” Provérbios 22.1
Todos nós temos a convicção de que podemos ser melhores, só
não sabemos como. Pergunte a você mesmo: como eu consigo ser melhor?
Isso tem a ver com a sua reputação.
Em
tempos de redes sociais, tem muita gente preocupada com quantos amigos possui
ou quantos seguidores conseguiu atrair. Para isso, elaboram perfis que promovem
a autoexposição, reproduzem textos e imagens que julgam interessantes sem mesmo
reconhecer a fonte, fazem comentários ou simplesmente curtem coisas sem
qualquer reflexão.
O que
as redes sociais trouxeram para o nosso cotidiano foi uma preocupação exagerada
com sua reputação. E vira uma febre saber o que andam comentando no Facebook ou
Twitter, quantas curtidas ou retuítes o seu último post teve, quem andou
falando pelo Whatsapp.
Tudo
isso pode ser muito legal. Eu mesmo faço uso das redes sociais para me manter
conectado com o mundo. O problema é quando você utiliza essas ações para
avaliar sua reputação.
A
Bíblia também traz uma preocupação com isso. Ela diz que a boa reputação é
aquela que vem de Deus e não das pessoas. Para a Bíblia, é mais importante você
ter uma boa reputação com Deus do que com os homens. Por isso, ela recomenda: “Que
o amor e a fidelidade jamais o abandonem [...] Então você terá o favor
de Deus e dos homens, e boa reputação.” Provérbios 3.3-4.
Para
que você tenha uma boa reputação com Deus, basta cuidar das atitudes
relacionadas ao amor e à fidelidade. O problema é que você não consegue cuidar
dessas atitudes sem envolver-se por inteiro e sem colocar em jogo toda a sua
condição de pessoa. Pessoas com boa reputação diante de Deus são amáveis e
dignas de confiança.
Se
você quiser realmente desenvolver atitudes sinceras de amor e tornar-se uma
pessoa confiável, para ter uma boa reputação reconhecida por quem vive ao seu
redor, você precisa ser alguém íntegro e que cuida bem do seu caráter.
A
reputação é um mecanismo de controle social. Ela afeta as nossas relações
interpessoais, nossa conduta na sociedade, nossa posição econômica e até as
relações políticas, influencia tanto nas ações cotidianas quanto nas
expectativas para o futuro, envolve a relação entre pessoas, grupos,
organizações e inclusive nações. Uma ação contra a reputação é uma agressão à
honra.
Epicuro afirmou que
“os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades”. A
maneira como você enfrenta as circunstâncias difíceis fala muito sobre quem
você é. Infelizmente, só nos damos conta de como está a nossa reputação quando
acontece uma crise que envolve a nossa imagem. Isso exige um determinado
esforço para gerenciar sua própria reputação.
A gestão de
reputação é um campo que trata da natureza das organizações e a maneira como
elas enfrentam as situações de competição que pode ser aplicado à vida pessoal.
A reputação estabelece um confronto entre a imagem que a pessoa ou organização
apresenta de si e a credibilidade que suas ações passam para os outros.
Padre Antonio Vieira
constatou que “muitos cuidam da reputação, não da consciência.” Gerenciar sua
reputação não é o mesmo que apagar incêndios ou lutar para manter uma boa
aparência. Tem mais a ver com suas experiências de vida, com suas ações e com a
maneira como você influencia os outros. Isso é o que gera respeito, admiração e
confiança.
A boa reputação é o bem mais valioso que uma
pessoa pode ter. Ganhar a confiança das pessoas é um fator de sucesso. Por essa
razão, não basta sair bem na foto. É preciso ser íntegro e ter um bom caráter.
Qualquer tentativa de maquiar sua imagem pode ser desmascarada mais cedo ou
mais tarde.
domingo, 19 de julho de 2015
Regras básicas para empregar bem seu dinheiro / Basic rules for use your money / Reglas básicas para el uso de su dinero
“Então lhes disse: ‘Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo
tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus
bens’.” Lucas 12.15
Muitas pessoas afirmam que dinheiro não é problema, mas
solução. Ou, como dizia um grande amigo, se o dinheiro não lhe traz felicidade,
dê para mim todo o seu dinheiro e seja feliz. Não é bem assim. Brincadeiras à
parte, estes comentários que vêm do senso comum envolvem o modo como as pessoas
enfrentam dificuldades em empregar bem o dinheiro que possuem.
Não basta ter dinheiro na mão. É preciso fazer bom uso dele.
O dinheiro sozinho não resolve todos os problemas. Certa vez, o maior
evangelista de todos os tempos, Billy Graham, afirmou: “Se a pessoa mantém uma
atitude correta diante do dinheiro, isso contribuirá para colocar em ordem
praticamente todas as demais áreas de sua vida.”
Planeje o uso do dinheiro levando em consideração:
a) O que você ganha e o que você gasta.
b) O que você tem e o que você deve.
c) O que você precisa de imediato e o que você pode
conquistar com mais tempo.
Coloque isso numa planilha. Quanto mais claro e objetivo for
o seu planejamento, mais chances você tem de administrá-lo bem.
Quando você recebe o seu salário mensal ou algum recurso
novo, qual é a sua principal atitude? Cuidar bem do seu dinheiro faz toda a
diferença entre sonhar e concretizar sonhos para a sua vida e para a sua
família. Quando você administra bem o seu dinheiro, isso orienta os rumos de sua
vida. Por exemplo, quando você gasta muito em um fim de semana, isso pode
exigir uma contenção de gastos durante a semana seguinte. O mesmo vale para uma
transação maior: se você quiser comprar um bem mais valioso, necessita de um
planejamento mais rigoroso de suas economias.
Qual sua maior
motivação para comprar? Veja algumas atitudes comuns em relação ao consumo:
a) Projeção – Você compra
porque está na moda, porque todo mundo tem e você não quer ficar de fora.
b) Inflação – Você compra
porque quer mostrar aos outros que pode e tem condições de adquirir.
c) Equilíbrio – Você
compra porque simplesmente precisa daquele bem.
Alguém certa vez
afirmou: “Status é comprar coisas que
não precisa com dinheiro que não tem para impressionar a quem não gosta” (Autor
desconhecido).
Uma das falhas mais
corriqueiras na administração do dinheiro é reduzir essa preocupação somente a
uma redução de gastos. Um bom planejamento financeiro envolve tanto a economia
dos recursos de que dispõe como também a conquista de novas fontes de
rendimento.
No que diz respeito
aos seus gastos, adote estes cinco passos para reduzir suas dívidas:
a) Pare de contrair
dívida.
b) Limite seus gastos.
c) Planeje para o futuro.
d) Não espere por milagres
instantâneos.
e) Procure ajuda
profissional.
No que diz respeito
às suas receitas, adote estes três passos para aumentar sua capacidade
financeira:
a) Invista o seu dinheiro
e gaste o que sobra – A fórmula não é poupar o que sobra, mas poupar primeiro e
gastar o que sobra.
b) Aperfeiçoe-se em ganhar
dinheiro – Para ser um bom administrador de suas finanças, você primeiro
precisa ter o que administrar.
c) Decida viver
modestamente – Menos é mais.
Por fim, é preciso
dar ênfase à seguinte afirmação: tenha uma mentalidade credora, e não devedora!
Isso quer dizer que, ao adquirir seus bens e empregar bem o seu dinheiro, você
precisa investir mais energia em aumentar a sua capacidade financeira do que
acumular dívidas, prestações e compromissos financeiros.
Um dos conselhos
mais sábios foi dado pelo pregador avivalista inglês do século XVIII
John Wesley: “Ganhe todo o dinheiro que
puder, economize todo o dinheiro que puder, doe todo o dinheiro que
puder.”
segunda-feira, 13 de julho de 2015
O valor das circunstâncias difíceis / The value of difficult circumstances / El valor de las circunstancias difíciles
“Desde
os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que
usam de força se apoderam dele.” Mateus 11.12
Quando
Jesus chamou seus primeiros discípulos para segui-lo não disse que seria uma
tarefa fácil. Antes, advertiu-os de que isso implicava uma renúncia. E em
vários momentos enfatizou que era necessário empreender algum esforço para
viver de acordo com seus ensinos.
No
primeiro discurso de orientação, que foi o Sermão do Monte, Jesus deixou
princípios e orientações que exigiam um esforço tremendo de seus seguidores.
Ele esperava que os primeiros discípulos assumissem uma postura diferente
daquela adotada pelo costume de seu tempo. Em várias circunstâncias, Jesus
lembrou-lhes que seriam incompreendidos, rejeitados e até insultados porque o
seguiam.
Alguns
desistiram logo no início; outros o seguiam, mas mantendo uma certa distância;
a grande maioria, porém, preferiu permanecer indiferente à mensagem de Jesus ou
o rejeitou de forma deliberada. Também, quem iria assumir o risco de seguir a
um mestre de vida que exige uma mudança tão radical em termos de valores e
princípios?
Jesus
ilustrou que a maneira como enviava seus discípulos a cumprirem sua tarefa no
mundo era como quem enviava ovelhas no meio de lobos. Apesar dos muitos
problemas que a missão cristã envolve, há uma promessa. Jesus disse: “Todos odiarão vocês por minha causa, mas aquele que
perseverar até o fim será salvo.” Mateus 10.22. Isso não quer dizer que a
salvação virá porque você foi perseguido, mas que ser salvo implica perseverar
até o fim apesar de todos os problemas que possam surgir ao longo do caminho, mantendo-se
como exemplo de alguém que segue a Jesus.
Os cristãos sempre estiveram sujeitos a toda
sorte de perseguição, seja por motivos ideológicos, por interesses políticos e
até por puro preconceito. A história do cristianismo é marcada pela vida de pessoas que
foram tentadas a escolher entre o poder e o amor, entre o controle e a
obediência, entre o palco e a cruz, entre a autoridade e o seguimento. Aqueles
que venceram essas tentações são os que fizeram a diferença e optaram pelo modo
mais difícil de viver a fé, que é o único modo de ser cristão de fato.
Precisamos
concordar com o pensamento socrático de que “uma vida sem desafios não vale a
pena ser vivida.” Entretanto, esse desafio tem custado muito caro para a vida
de muitas pessoas e comunidades inteiras. Seguramente, cerca de um quarto de
toda a população cristã no mundo de hoje vive debaixo de forte perseguição.
Isso significa, no mínimo, cerca de 400 milhões de pessoas. Em nenhum outro
tempo da história houve tantos cristãos perseguidos. Chega-se a falar de uma
onda de “cristofobia”.
Repito
e insisto: não é fácil ser cristão. Talvez seja fácil ser um religioso. Porém,
ser cristão não se resume a uma vida religiosa. Isto lembra o que disse Martin
Luther King Jr: “A verdadeira medida de um homem não se vê
na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como
se mantém em tempos de controvérsia e desafio.”
sábado, 4 de julho de 2015
Como resolver problemas financeiros / Solving financial problems / Resolución de problemas financieros
“Os ricos mandam nos
pobres, e quem toma emprestado é escravo de quem empresta.” Provérbios 22.7
Certa vez o conhecido consultor de concursos e juiz federal
bem-sucedido Willian Douglas afirmou em uma conferência que “ter dinheiro é
muito bom”. E existem razões bem simples para se compreender assim: uma coisa é
tirar férias com dinheiro, outra coisa é tirar férias sem dinheiro; da mesma
forma, uma coisa é passar por problemas na saúde e ter dinheiro, mas outra
coisa é passar pelos mesmos problemas de saúde sem dinheiro.
Certamente, o dinheiro não traz felicidade, mas resolve muitos
problemas. Dificuldades na área financeira sempre são decorrentes de decisões e
escolhas ruins que fazemos em relação ao modo de usar os recursos que possuímos.
Pergunte a você mesmo: quem é o dono do seu dinheiro? Pode ser que você
responda que é:
a) o banco;
b) o dono da loja;
c) o cartão de crédito; ou
d) os parentes.
Se você se enquadra em qualquer um desses casos (ou em
todos), é um sinal de que perdeu o controle do seu dinheiro. E isso acontece
quando a despesa se torna maior que a receita. Se seus gastos excedem a sua
renda, você tem um grave problema que está levando-o à ruína.
A Bíblia tem princípios para pôr ordem na vida financeira.
Veja alguns conselhos bíblicos que valem para os dias de hoje:
a) Não ame o dinheiro – “Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de
todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se
desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos”. 1 Timóteo. 6.10
b) Não tenha pressa para
resolver questões financeiras – “Quem
planeja com cuidado tem fartura, mas o apressado acaba passando necessidade.”
Provérbios 21.5
c) Gaste somente o que tem
– “É melhor ser pobre e honesto do que
mentiroso e tolo.” Provérbios 19.1
d) Evite o desperdício – “O homem sensato tem o suficiente para viver
na riqueza e na fartura, mas o insensato não, porque gasta tudo o que ganha.”
Provérbios 21.20
e) Fuja dos negócios
desonestos – “Quem procura ficar rico por
meios desonestos põe a sua família em dificuldades; quem odeia o suborno viverá
mais.” Provérbios 15.27
f) Contente-se com o
necessário – “Não estou dizendo isso por
me sentir abandonado, pois aprendi a estar satisfeito com o que tenho.”
Filipenses 4.11
g) Considere a abundância
como oportunidade para ser generoso – “E
Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês tenham sempre
tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário para fazerem todo tipo
de boas obras.” 2 Coríntios 9.8
Quando os problemas
financeiros ocupam a maior parte de nossas preocupações, é hora de colocar em
prática a oração sensata do sábio: “Não
me deixes mentir e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o
alimento que preciso para viver. Porque, se eu tiver mais do que o necessário,
poderei dizer que não preciso de ti. E, se eu ficar pobre, poderei roubar e
assim envergonharei o teu nome, ó meu Deus.” Provérbios 30.8-9.
sábado, 27 de junho de 2015
Como gerenciar o dinheiro / Dealing with Money / Cómo administrar el dinero
“Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente;
quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos. Isso
também não faz sentido.” Eclesiastes 5.10
A maior dificuldade que as pessoas enfrentam quando o assunto é
sucesso na carreira é a maneira como lidar com o dinheiro, quer seja ter muito
ou pouco. A
relação com o dinheiro é uma área que todos temos problemas. Ainda não
aprendemos a melhor maneira de lidar com esse recurso que a sociedade
desenvolveu para regular as relações econômicas entre as pessoas. O
dinheiro determina as relações na sociedade moderna, fazendo com que oriente as
ações de indivíduos e a convivência social.
O dinheiro tende a interferir na nossa personalidade,
transformando-nos em objeto, que não depende mais da relação com o grupo, mas
da capacidade de poder aquisitivo. Somos considerados na mesma condição de
coisas, diluindo assim a nossa personalidade. De um modo geral, o imaginário criou alguns
personagens que tipificam bem a maneira como as pessoas se relacionam com o
dinheiro: o avarento, o pródigo, o ganancioso, o aproveitador.
Quando o dinheiro domina nossas preocupações, o que passa a
orientar as nossas relações é o aspecto quantitativo e não mais o qualitativo.
Essa é a principal causa da desigualdade social. Por essa razão, a Bíblia diz que
o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6.10).
Isso
acontece porque vivemos numa sociedade que substituiu os laços de afinidade
antigos pelas relações impessoais. O dinheiro é o meio que estabelece novos
vínculos entre as pessoas. Lidar com ele demanda uma nova inteligência, que
ponha de lado a demonização da riqueza e do poder monetário que se estabeleceu
desde o começo da Modernidade, para dar lugar a uma construção de
relacionamentos em que o dinheiro possa ser considerado como ele realmente é:
um medidor das diferenças qualitativas entre as coisas e as pessoas, como um
agente libertador dos indivíduos da tutela do estado, da igreja, da família e
da sociedade.
O dinheiro surgiu a partir da troca que se baseia na noção de
valor. Portanto, sua origem está ligada a um aspecto subjetivo. As relações
humanas são de troca, por assim dizer. Sendo assim, o dinheiro assume papel de
mediador entre indivíduos, ações e de organizações. O dinheiro é, portanto,
meio para se estabelecer relações recíprocas, mas que acaba se transformando
como um fim em si mesmo.
Deste modo, o dinheiro influencia o ritmo da vida. Ele determina
interesses, intenções e objetivos. Seu uso tem o poder de aproximar ou de
excluir pessoas, de atribuir honra ou de menosprezar, de construir esperanças
ou produzir desalento. Além do mais, os planejamentos que não incluem, de modo
claro, os custos e as origens dos recursos financeiros tendem ao fracasso.
O dinheiro é o maior símbolo de como a vida é transitória. Para
que o seu valor seja estabelecido, é preciso que esteja sempre em circulação. Como
disse Augusto Cury, “você
precisa conquistar aquilo que o dinheiro não compra. Caso contrário, será um
miserável, ainda que seja um milionário”.
Há valores que não são
medidos pelo dinheiro, mas que conferem sentido à vida. É o caso da prudência e
da generosidade.
A maneira de lidar com o dinheiro tem a ver inclusive com a
espiritualidade. A Bíblia trata deste assunto. Jesus disse: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também
estará o seu coração” (João 6.21) A Bíblia diz também: “E,
quando Deus concede riquezas e bens a alguém, e o capacita a desfrutá-los, a
aceitar a sua sorte e a ser feliz em seu trabalho, isso é um presente de Deus” (Eclesiastes
5.19).
O problema não é
possuir dinheiro, mas se deixar ser dominado por ele. Ter liberdade e
independência financeira significa que é você quem exerce controle sobre o
dinheiro e não o dinheiro que exerce controle sobre sua vida.
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