A Reforma
Protestante foi um movimento de renovação da igreja cristã que aconteceu no
século XVI. A data do marco histórico é 31 de outubro de 1517, ocasião em que o
frade agostiniano Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da capela do
castelo de Wittemberg, na Alemanha.
A igreja no
Ocidente já vinha enfrentando problemas internos desde o século XIII, com
cismas políticos, corrupção do clero e a implantação da Inquisição para conter
os dissidentes. Entretanto, as causas da Reforma vão além das crises internas,
abrangendo as esferas política e econômica. A Europa experimentava o surgimento
dos Estados Nacionais e o fortalecimento do poder monárquico, bem como um novo
regime econômico ganha força, que lançavam as bases do capitalismo.
O termo
protestante surgiu com um sentido mais pejorativo, para designar a atitude dos
governantes que apoiavam o movimento de Lutero. Eles lançaram um protesto de
maneira formal a respeito de um edital de Roma, em 1529, que proibia o ensino
das ideias reformistas luteranas nas localidades do Sacro Império
Romano-Germânico. O protestantismo foi largamente difundido na Alemanha, mas
também na Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia.
Podemos falar
de uma diversidade de movimentos que envolveram a Reforma Protestante. Além do
luteranismo, houve outro reformador que influenciou o protestantismo na Suiça e
no sul da Alemanha: Ulrico Zwinglio. Seu movimento é conhecido como “Segunda
Reforma”. Houve também o que chamamos de “Reforma Radical”, ou “Terceira
Reforma”, marcada pela atuação dos grupos anabatistas. Houve também a atuação
de João Calvino, que, a partir de Genebra, influenciou o protestantismo com uma
teologia mais consistente. Houve ainda a Reforma na Inglaterra, que desencadeou
novos movimentos, como o anglicanismo e os grupos separatistas, resultando em
algumas denominações históricas como conhecemos hoje: o presbiterianismo, o
metodismo, o congregacionalismo e as igrejas batistas.
Os problemas
que motivaram a Reforma Protestante são diferentes dos que orientam o
protestantismo de hoje. As preocupações que envolviam as pessoas no século XVI
estavam voltadas para critérios de certeza. Elas estavam preocupadas com a
busca da verdade, do absoluto e da eternidade. As discussões giravam em torno
de temas como provas da existência de Deus, relação entre fé e razão e a existência
do céu e do inferno. De fato, os protestantes não queriam inovar, mas restaurar
valores e conhecimentos do cristianismo primitivo.
O ponto de
partida foi a rejeição à prática da venda de indulgências, com a consequente
defesa da justificação pela fé. Nesse esforço de reformar a igreja, eles
enfatizavam a soberania da graça, o valor da fé, a autoridade das Escrituras, o
senhorio de Jesus Cristo e o propósito de se fazer tudo para o louvor e a
glória de Deus. Daí os cinco princípios protestantes expressos em latim: Sola Fide, Sola Gratia, Sola Scriptura,
Solus Christus e Soli Deo Gloria (que corresponde a somente pela fé, somente pela
graça, somete através da Escritura, somente por Cristo e somente para a glória
de Deus.
O que esses
princípios têm a ver com a expressão de fé dos grupos herdeiros da Reforma
Protestante hoje? É possível orientar a vida pelos mesmos princípios hoje?
Embora tenham acontecido grandes transformações sociais, políticas, econômicas
e até tecnológicas, a preocupação com aspectos ligados à vida de fé e aquilo
que consiste na essência do próprio cristianismo continua sendo uma
necessidade.
Nossos
compromissos com os valores cristãos, nossa experiência de conhecimento e de
relacionamento, bem como nossos vínculos com a comunidade da fé continuam
clamando por uma reforma ou atualização constante. Refletir sobre o que
significa ser cristão hoje ou sobre como viver a fé cristã num contexto não
cristã é uma demanda de nossos dias. O futuro do cristianismo passa por essa
reflexão necessária.
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