Após a segunda semana de impacto
da chegada da pandemia, começamos a nos dar conta de que não estávamos
preparados para um tempo longo de isolamento social. É como uma negação de
nossa condição humana, que nascemos como seres que vivem em comunidade. O Coronavírus
é um vilão que veio para destruir o sentido de comunhão, para afastar-nos uns
dos outros. Mas ele não provocou nada novo. Já vínhamos fazendo isso de outros
modos, mas veladamente, mantendo muitos disfarces para nos afastarmos uns dos
outros, para sermos indiferentes com o outro.
A solidão, o isolamento, a
indiferença são fatores que contribuem para o surgimento e o agravamento de
problemas ligados à saúde mental. Medo, angústia, ansiedade, esgotamento,
desespero e até depressão fazem parte de um elenco de males que podemos
enfrentar em tempos de quarentena, se não cuidarmos de nossa saúde mental com o
mesmo esforço com que cuidamos de nosso corpo. É interessante que, para a saúde
física, há campanhas educativas para se lavar as mãos, usar álcool em gel,
alimentar-se com as fibras das frutas e legumes, ingerirmos muito liquido,
praticarmos exercícios. E para a mente, o que precisamos fazer?
Perguntei a minha esposa o que
ela recomendaria. Solange é psicóloga clínica, com mestrado em psicologia do
trabalho e organizacional, especialista em arteterapia e psicologia positiva. Sua
experiência em tratar da saúde e do bem-estar das pessoas em relações coletivas
fornecem contribuições interessantes para nós em um tempo como esse. Ela, então,
parou suas leituras e anotou uma lista de perguntas que podemos fazer a nós
mesmos. Veja o que ela escreveu:
“Como extrair coisas boas do
isolamento social? Dicas para uma boa reflexão:
1.
Qual é o meu propósito de vida, qual o sentido e
o significado dela?
2.
Qual é a minha missão aqui?
3.
Qual a importância da minha família, dos amigos
e daqueles que não são tão próximos a mim?
4.
O que tenho feito até aqui? Devo continuar
fazendo?
5.
Quem é a pessoa que me tornei? Devo continuar
sendo?
6.
Qual a minha importância e missão no mundo?
7.
Qual a minha responsabilidade como ser humano?
8.
Como enxergo as pessoas que estão a minha volta?
9.
Tenho a compreensão de que o outro é a extensão
de mim?
10. Tenho
feito algo em favor do crescimento do outro?
11. Tenho
doado um pouco do meu tempo para ouvir o outro falar das suas angústias?
12. Quando
eu não estiver mais aqui, será que deixarei saudades? Como contarão a minha
história?”
Tudo leva a crer que essa
quarentena pode durar bem mais do que a gente imagina. Em Wuhan, a cidade onde
se deu o epicentro do Coronavírus, deve observar cerca de 76 dias de isolamento
social. O primeiro caso de infecção foi registrado no Brasil em 26 de fevereiro
de 2020. Mas, no Rio de Janeiro, a quarentena começou oficialmente hoje (24 de
março), embora o governo estadual oriente medidas de contenção desde o dia 13
de março. As previsões no Brasil apontam que devemos ter que observar essa restrição
por mais uns dois ou três meses. A recomendação para não sair de casa é séria e
deve ser observada por todos. Não é só uma questão de esforço individual, mas
uma consciência coletiva de que não há outra saída. Embora se fale de outras
possibilidades, a sociedade não pode abrir de nenhuma delas.
Essa pandemia veio revelar
sentimentos que possuíamos que estavam escondidos nas sombras: desprezo aos
idosos, mentalidade consumista, egoísmo e despreparo para agir em comunidade.
Mas também veio nos apontar que somos capazes de superar, de construir novas
formas de relacionarmos, de ver o mundo de outro modo, de se abrir para o que
está além de nós mesmos. A pandemia vai passar, a
quarentena não vai durar para sempre. Uma boa iniciativa é começar a cuidar de
nós mesmos para sairmos dessa situação como pessoas melhores.
Minha esposa se chama Solange
Maia da Silva Chaves, psicóloga, mestre em Psicologia Social com concentração
em psicologia organizacional e do trabalho, e tem especializações em Marketing,
Arteterapia e Psicologia Positiva. Se precisar de ajuda, deixe um comentário
logo a seguir.
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