terça-feira, 24 de março de 2020

Como manter a saúde mental durante a quarentena / How to maintain mental health during quarantine / Cómo mantener la salud mental durante la cuarentena


Após a segunda semana de impacto da chegada da pandemia, começamos a nos dar conta de que não estávamos preparados para um tempo longo de isolamento social. É como uma negação de nossa condição humana, que nascemos como seres que vivem em comunidade. O Coronavírus é um vilão que veio para destruir o sentido de comunhão, para afastar-nos uns dos outros. Mas ele não provocou nada novo. Já vínhamos fazendo isso de outros modos, mas veladamente, mantendo muitos disfarces para nos afastarmos uns dos outros, para sermos indiferentes com o outro.
A solidão, o isolamento, a indiferença são fatores que contribuem para o surgimento e o agravamento de problemas ligados à saúde mental. Medo, angústia, ansiedade, esgotamento, desespero e até depressão fazem parte de um elenco de males que podemos enfrentar em tempos de quarentena, se não cuidarmos de nossa saúde mental com o mesmo esforço com que cuidamos de nosso corpo. É interessante que, para a saúde física, há campanhas educativas para se lavar as mãos, usar álcool em gel, alimentar-se com as fibras das frutas e legumes, ingerirmos muito liquido, praticarmos exercícios. E para a mente, o que precisamos fazer?
Perguntei a minha esposa o que ela recomendaria. Solange é psicóloga clínica, com mestrado em psicologia do trabalho e organizacional, especialista em arteterapia e psicologia positiva. Sua experiência em tratar da saúde e do bem-estar das pessoas em relações coletivas fornecem contribuições interessantes para nós em um tempo como esse. Ela, então, parou suas leituras e anotou uma lista de perguntas que podemos fazer a nós mesmos. Veja o que ela escreveu:
“Como extrair coisas boas do isolamento social? Dicas para uma boa reflexão:
1.         Qual é o meu propósito de vida, qual o sentido e o significado dela?
2.         Qual é a minha missão aqui?
3.         Qual a importância da minha família, dos amigos e daqueles que não são tão próximos a mim?
4.         O que tenho feito até aqui? Devo continuar fazendo?
5.         Quem é a pessoa que me tornei? Devo continuar sendo?
6.         Qual a minha importância e missão no mundo?
7.         Qual a minha responsabilidade como ser humano?
8.         Como enxergo as pessoas que estão a minha volta?
9.         Tenho a compreensão de que o outro é a extensão de mim?
10.     Tenho feito algo em favor do crescimento do outro?
11.     Tenho doado um pouco do meu tempo para ouvir o outro falar das suas angústias?
12.     Quando eu não estiver mais aqui, será que deixarei saudades? Como contarão a minha história?”
Tudo leva a crer que essa quarentena pode durar bem mais do que a gente imagina. Em Wuhan, a cidade onde se deu o epicentro do Coronavírus, deve observar cerca de 76 dias de isolamento social. O primeiro caso de infecção foi registrado no Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Mas, no Rio de Janeiro, a quarentena começou oficialmente hoje (24 de março), embora o governo estadual oriente medidas de contenção desde o dia 13 de março. As previsões no Brasil apontam que devemos ter que observar essa restrição por mais uns dois ou três meses. A recomendação para não sair de casa é séria e deve ser observada por todos. Não é só uma questão de esforço individual, mas uma consciência coletiva de que não há outra saída. Embora se fale de outras possibilidades, a sociedade não pode abrir de nenhuma delas.
Essa pandemia veio revelar sentimentos que possuíamos que estavam escondidos nas sombras: desprezo aos idosos, mentalidade consumista, egoísmo e despreparo para agir em comunidade. Mas também veio nos apontar que somos capazes de superar, de construir novas formas de relacionarmos, de ver o mundo de outro modo, de se abrir para o que está além de nós mesmos. A pandemia vai passar, a quarentena não vai durar para sempre. Uma boa iniciativa é começar a cuidar de nós mesmos para sairmos dessa situação  como pessoas melhores.
Minha esposa se chama Solange Maia da Silva Chaves, psicóloga, mestre em Psicologia Social com concentração em psicologia organizacional e do trabalho, e tem especializações em Marketing, Arteterapia e Psicologia Positiva. Se precisar de ajuda, deixe um comentário logo a seguir.

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