Toda investigação sobre a razão leva a gente a compreender que ela não
é suficiente para lidar com as contradições humanas. E o motivo é claro: a
razão tem um a priori que é a própria
vida. A modernidade ocidental, porém, construiu uma ideia de racionalização,
envolvendo a religião, a política e o conhecimento, que fez a humanidade
acreditar que o progresso é possível, desejável, inevitável e até irreversível.
Revivemos, com isso, o mito de Prometeu. Chegamos a desenvolver a
crença de que a racionalidade, que valoriza a técnica e a ciência, é capaz de
criar o mundo dos sonhos, de trazer o céu à terra. Há nisso um aspecto
demoníaco da atitude humana que desperta um otimismo exagerado a respeito de si
mesmo e sufoca a esperança ao que transcende o real. A razão moderna acabou por
promover o divórcio entre o homem e a natureza.
Na verdade, essa razão moderna é ingênua, reducionista e desumanizante.
Ao afirmar essa onipotência da razão, a própria modernidade acabou fazendo uma
declaração de seu próprio fracasso. Como denunciou Heidegger, o dualismo –
calcado na relação sujeito e objeto – é uma tentativa fracassada de explicação
do ser.
O cristianismo tem sido, ao mesmo tempo, vítima e mentor dessa
configuração ocidental. Ao colocar a racionalidade em questão, ele também é
posto sob suspeita. A relação dualista tende a transformar tudo o que não é
sujeito em objeto, inclusive Deus. Com isso, exclui a subjetividade do processo
de conhecimento a título de uma máxima especialização, dominada pela
objetividade, que não conduz à compreensão da realidade e do todo.
A crise que tem afetado a cultura e o mundo alcança também a igreja, o
crente, as relações que nos cercam. As mudanças que acontecem no contexto atual
estabelece exigências de diálogo com as novas possibilidades de conhecimento e
de afirmação de si. Aqueles que se prendem a uma atitude conservadora tendem a
se fechar ao diálogo, elegendo um momento histórico, absolutizando-o e
divinizando-o. De tal maneira que a compreensão integral do ser humano não
comporta mais a concepção engendrada pela modernidade.
O que se faz necessário hoje não é rejeitar a modernidade, mas
reconhecer que o projeto de se abarcar a totalidade por meio de uma razão
analítica, onipotente e instrumental fracassou. As conquistas estão aí para
mostrar os avanços que essa maneira de pensar proporcionou. Ninguém quer voltar
à pré-modernidade, a um contexto medieval. A razão esclarecida e científica
continua encontrando ressonância na política, na educação e até na maneira de
se construir as condições de bem-estar e de felicidade. Porém, estamos
distantes de nos tornarmos pessoas que têm controle sobre a natureza. As
guerras mundiais, os totalitarismos, os fundamentalismos, o individualismo, a
ganância, a intolerância e o preconceito trazem de volta a barbárie, que está
na base das crises atuais: ecológica, econômica, moral e religiosa, bem como as
injustiças, a desigualdade e a violência.
O racionalismo nos impediu de nos sensibilizarmos com o transcendente,
com o inefável, com aquilo que desperta o cuidado com o outro. Ao trazer o
divórcio entre natureza e cultura, fez também o divórcio entre a razão e a
ética. Gaston Bachelard disse: “eu sou o resultado de minhas ilusões perdidas.”
Isso me leva a pensar que toda objetividade comporta uma subjetividade e que
toda a subjetividade implica uma objetividade.
A mentalidade moderna e ocidental construiu uma noção de mundo em duas
esferas, uma do bem e outra do mal, um agora e um além, uma física e outra
espiritual, uma natural e outra racional. Dietrich Bonhoeffer compreendeu a
importância da razão para a espiritualidade e para a fé em sua Ética. Ele disse: “A razão não é um
princípio divino de saber e ordem, superior ao natural, existente no ser
humano; ela própria é parte dessa forma de vida preservada, a saber, aquela
parte apta a trazer à consciência, a ‘perceber’ como uma unidade o todo e geral
existente no real.” Dito de outro modo, toda a fundamentação da natureza e do
real está na espontaneidade subjetiva da razão. E isso também é
espiritualidade.
É professor muito interessante seu texto. deixarei meu simples comentário de aluno. Sei que não estou preparado para grandes discussões. Minha reflexão foi a seguinte: se o racionalismo não tem uma visão transcendental, ele é limitado. Temos que ter uma visão relativizada do mundo, das coisas etc...E podemos utilizar a razão para o transcendente sim.
ResponderExcluirUma visão radical, uma cabeça fechada, é egoísmo e orgulho. Numa análise, não podemos tomar algo como definitivo, como verdade absoluta, temos que levar tudo em consideração. Temos que olhar o outro sim.
Pedro Paulo Siqueira de Paiva, ed.física universo. matri: 600391666 turno: matutino
Obs: Desculpa os erros, a falta de conhecimento, etc. Foi oque o texto me passou. Valeu a coragem de comentar rsrsrsrsr.
Olá professor com a modernidade o avanço da tecnologia e tantas mudanças em nosso meio as pessoas estão ficando descrentes daquilo que é sobrenatural, daquilo que não podemos ver mais sentir. A racionalização exagerada têm deixado o ser humano frio e sem fé. É muito bom termos uma fé racional porém que essa não abale nosso espiritual para que não esqueçamos do valor do que é natural.
ResponderExcluirObrigada e parabéns!
Daniella Matozinho
Direito Manhã
mat:600381868
Boa tarde, Irênio.
ResponderExcluirEntendo que o ser humano retorna contemporaneamente a um estágio do ciclo da mentalidade ocidental em que a razão é privilegiada. Penso que, diferentemente da época do Renascimento (bem como da do Período Clássico antecedente), como não havia esta(s) referência(s) históricas e a velocidade de divulgação das informações que temos hoje, em vez de "progredirmos" estamos "involuindo" neste aspecto.
Poderíamos ter aprendido com os exemplos deixados pelos clássicos/rensacentistas.
Considerar a razão incompatível como a espiritualidade revela paradoxalmente a limitação humana em compreender a abrangência daquela.
Abraços.
Antonio Ricardo Pena Ramos (matrícula 600025747)
Curso: Educação Física (manhã)
Onde se lê "rensacentistas", leia-se "renascentistas". (Erro de digitação)
ExcluirProfessor, ao meu ver a espiritualidade , a fé e a razão não deixam de caminhar juntos , pois , um depende do outro para favorecer o ser humano em seus pensamentos e até em suas atitudes . Fazendo com que o homem tenha decisões positivas tanto para ele, quanto para toda a sociedade. Nos dias atuais temos uma sociedade muito informatizada , voltada para a conquista de seus próprios interesses, e assim faz com que a maioria da sociedade não dê a importância devida ao nosso próximo , deixando de lado os valores morais ,éticos e religiosos . Até mesmo passando por cima de seus conseitos de certo ou errado .
ResponderExcluirProfessor , parabéns por publicar um tema tão importante e ao mesmo tempo um tema que gera debates .
aluno : fabio araujo sabino
matrícula : 600390717
turno : matutino
Olá Irênio.
ResponderExcluirNa minha opinião,a Espiritualidade Fé e Razão são compatíveis, mas vendo do lado da Religião Fé e Razão são na maioria das vezes opostos. Isso não quer dizer que o pensamento religioso seja em si um pensamento desorganizado, pelo contrário, há toda uma lógica, uma explicação por trás disso tudo. Ao meu ver, um ser humano voltado demais para a razão, se torna um ser frio, sem fé.
Nome: Renata Bastos
Turno: Manhã
Matrícula: 600391667
Professo Irênio, na minha concepção seu texto aborda de forma muito clara o antagonismo da vida moderna.
ResponderExcluirDeixamos de ser marionetes das expectativas divinas e passamos a trilhar nossa própria trajetória, mesmo que para isso tenha sido necessário passar por cima de todos os valores éticos e morais pré-estabelecidos.
Mal necessário? Talvez, porém, hoje nôs vemos em uma situação caótica e de falsas prosperidades, pois, estamos carentes das forças naturais mais fundamentais e simplórias de se obter, o AMOR ao próximo e a si próprio, pois, sem elas de nada adiantará êxito pessoal ou seguir uma linha religiosa assiduamente.
Nome: Michel Cortes
Curso: Educação Física
Turno: Manhã
Matrícula:600390727
No texto o autor critica o racionalismo afirmando que ele o afasta da natureza da ética do amor ao próximo.
ResponderExcluirOra, o que fazer então? A racionalidade é um caminho sem volta na humanidade. Nos dias atuais não existem mais profetas nem mártires.
Voltaire disse, "a humanidade só será livre quando o ultimo padre for enforcado com as tripas do ultimo rei". A humanidade ainda não está livre, mas caminha para a liberdade. A razão é o único caminho para a liberdade, explicar fenômenos naturais com o misticismo é o caminho mais fácil, buscar comprovações, provas e evidências dos fenômenos e o que nos leva a liberdade e a qualidade de vida.
Acho que o medo do fim é o que leva a maioria de nós a religião. Tudo muda e tudo acaba, um dia a minha vida vai ter um fim, um dia o planeta Terra vai ter um fim e até o universo vai ter um fim. Aceitar isso é um grande passo para felicidade.
nome: André Gustavo Rabello de Lara
curso: Educação física
turno: manhã
matrícula: 600174455
De fato em nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que hoje de uma forma particular, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas devemos mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência, porque as duas, embora por caminhos diferentes, tendem para uma verdade.
ResponderExcluirMislene Mendonça de Melo
curso: Educação Física
turno: Manhã
600375976
O MUNDO CRESCEU DESORDENADAMENTE , A BUSCA ERA SOMENTE PELO SUCESSO FINANCEIRO, PAÍSES " DESENVOLVIDOS " FORAM OS QUE MAIS AFUNDARAM NOSSO MUNDO, AUTOMATICAMENTE A NATUREZA SE REVOLTOU CONTRA ESSES PROPRIOS QUE DESTRUIRAM A NOSSA NATUREZA.
ResponderExcluirA HUMANIDADE SÓ ESTARÁ LIVRE E DESCARRADO DESSES PARADIGMAS QUANDO BUSCARMOS NOS AFLORAR EM NOSSA ESPIRITUALAIDADE, BUSCARMOS E SEGUIRMOS O CRIADOR, NÓSSO PODEROSO, SE FIZERMOS O BEM AO PRÓXIMO O MUNDO FICARÁ LIVRE DÉSSA OPRESSÃO E DESTRUIÇÃO.
DIOGO MOREIRA ZIEGLER 600386956
1 PERIODO MANHA
PARABENS IRENIO, MUITO BOM O BLOG.
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ExcluirNa minha concepção sua indagação é no sentido de tentar entender porque a racionalidade não fez do homem um ser mais sensato e equilibrado. Não se trata de confrontar fé e razão, mas de criticar os nossos valores, a razão, como meios de alcançar a verdade e o bem.A fé deve estar sempre aliada à razão, em equilíbrio.
ResponderExcluirTadeu Barbosa Pintas 600313141
Ed.Física Manhã
Boa tarde, Irênio.
ResponderExcluirEntendo que o ser humano retorna contemporaneamente a um estágio do ciclo da mentalidade ocidental em que a razão é privilegiada. Aonde chegaremos com toda tecnologia, esquecendo a natureza e destruindo tudo.
Se todos tiverem um pensamento mais voltado para um todo, creio que nos livraremos de todo esse mau.
Henrique Milner Curi
600258382
Curso: Educação Física
Turno: Manhã
Falando de um ponto de vista da história do Brasil, desde a colonização européia, quando os povos indígenas sofreram influências de Portugal havendo assim uma ambiguidade nas suas formas de expressão ( devido a imposição cultural que tinha por objetivo civilizar-los), nessa interrupção do "contato" com a natureza através de uma cultura extremamente "rígida" acarretou numa quebra entre a razão e a ética. Claro que a racionalidade é algo mundial e não apenas uma característica do povo brasileiro. Com o passar dos anos, a razão moderna, em busca de um mundo ideal, vem pondo em dúvida a fé e por consequência a espiritualidade, levando-nos a um mundo dual onde se tem de um lado o Homem e de outro Deus , e esta racionalidade impregnada no Homem, como sendo a responsável pelas crises atuais nos impossibilitando de cuidar do próximo e do que nos rodeia.
ResponderExcluirEduardo Borges Freitas
Curso: Ed. Fisica
turno: manhã
matricula: 600388643
Ola, Professor! Confesso que nã0 absorvi muito bem as informações do texto, mas o pouco que entendi é que, com o passar dos anos, dos séculos, o ser humano se preocupou tanto com o "raciocínio" que esqueceu um pouco da fé e assim da sua espiritualidade. Não me refiro nem à religião, mas sim ao fato de cada vez mais a humanidade ter se tornado tão cética. O fato da modernidade bater em nossa porta, nos trouxe de certo modo, a incapacidade de crermos em algo que não seja apto para o nosso próprio entendimento. Bom acho que foi isso! Até...
ResponderExcluirAluna:Jessica s. Oliveira
Curso:Ed. Física
Turno:Manha
Mat:600402376
Professor, o texto enfatiza que a razão é o começo de tudo, ou seja, de todos os questionamentos. E deixa claro que a sociedade ainda não está completamente livre que a razão é o caminho para o todos os questionamentos e ela que explica o fenômenos naturais, envolve a religião e a politica! E o texto tambem cita o dualismo que segundo Hegger é uma tentativa fracassada da explicação do ser, e as mudanças que acontece no são as novas possibilidades de conhecimento e de afirmação de si.
ResponderExcluirRafaella Ribeiro
Turno: Manhã
Curso: Educação Fisica
Matricula: 600399675
Ao ler o texto minha opinião só se concretizou, acredito que espiritualidade, fé e razão são coisas diferentes porem se complementam. A Razão na minha opinião depende do que você acredita, da sua fé; Já a fé muitas vezes é infundada e mesmo assim continuamos a crer naquilo.
ResponderExcluirNossa sociedade cada vez mais caminha para o lado da razão absoluta procurando o porque de tudo acontecer, e como tudo acontece. muitos céticos afirmam que a questao da espiritualidade é pura perda de tempo, que nada disso existe. Porem cada um tem o direito de se expressar como quiser e acreditar no que quiser.
Aluno: Caio G. de M. Barbosa
Matricula: 600397820
curso: ED. Fisica Turno: manhã
Bom, fé sempre será antagônica da razão, pois a razão foi desenvolvida ao longo da história da humanidade para ludibriar a verdadeira existência de Deus que é Espírito, e assim esclarecer cientificamente a origem de tudo.
ResponderExcluirA fé não está relacionada com coisas que provém deste mundo metafísico, mas, sim associada à espiritualidade divina.
Aluno: Hebert de Almeida Martins
Matrícula: 600321763
Curso: Direito manhã
Fé e razão tema complexo todavia distinto entre suas semelhança pois um tenta explica o outro gerando discursão mundial em diferente esferas e partidos de grande massa.Fé é totalmente abstrata permitindo sua visibilidade somente paras aqueles que se volta para um poder soperior;e que a maioria das vezes deixa de fazer a própria vontade em prol da satisfação da fé contrariando a razão sem dispensá-la pois atravéis da razão que consegue chegar a uma fé racional e inteligente alcançando o prestígio de uma nova visão da vida em um todo.
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