domingo, 28 de dezembro de 2014

Caminho / Way / Camino

“[...] Estes homens são servos do Deus Altíssimo e lhes anunciam o caminho da salvação”. Atos 16.17
Os primeiros cristãos não foram conhecidos por pertencerem a uma religião, denominação ou mesmo uma igreja. Ao contrário, eles eram tratados pelos judeus como seita e, pelos romanos, como um movimento. Eles eram identificados como “os do caminho”.
A ideia de caminho lembra movimento. E ser cristão é isso: fazer um movimento, deslocar-se, seguir. Um movimento interior, que sai de sua ilusão de autonomia para a realização do encontro com Deus. Um movimento exterior, que sai do seu individualismo para uma vida de comunhão.
Jesus se apresentou como o Caminho. Aos primeiros discípulos, Jesus convidou: “segue-me”. Ele encontrou pessoas que estavam nos vários caminhos da vida, revelou-se aos discípulos no caminho de Emaús, enviou seus seguidores pelos caminhos do mundo, encontrou a Paulo no caminho de Damasco.
Os primeiros cristãos eram chamados de seguidores do cominho por causa da mensagem: eles anunciavam o caminho da salvação. Isso implica uma teologia do caminho, um compromisso ético com o caminho e uma vida de comunhão para fortalecer uns aos outros ao longo da caminhada.
Ser igreja é se constituir a comunidade daqueles que seguem caminho. Sua natureza é ser peregrina, a reunião daqueles que seguem caminho. Na medida em que caminha, cresce, desenvolve unidade, se faz corpo e família.
Seguir caminho não é andar errante. Não é também peregrinação solitária. Antes, é exercício de se colocar na direção do outro, juntamente com o outro. É ter destino certo, reconhecendo no outro a face de Deus. É deixar vestígios por onde passa do sentido que nos estimula a seguir caminhando. É deixar marcas que motivam outros a seguirem caminho conosco.
Seguir caminho é um exercício histórico, é imergir na realidade do mundo, é atravessar o tempo. Pessoas que caminham buscam constantemente ajustes na caminhada, precisam reorientar o rumo, refazer percursos, encontrar novas trilhas. Atalhos e desvios são riscos enfrentados somente por quem caminha. Por isso, precisam do guia, aquele único que, por se fazer caminho, se oferece como companheiro da caminhada.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Natal na história / Christmas in history / Navidad en la historia

“Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei” Gálatas 4.4
O Natal é a lembrança do maior acontecimento histórico da humanidade e só será superado com a segunda vinda de Jesus: o fato de Deus ter se tornado humano.
Isso supera a descoberta do fogo, a invenção da roda, a queda de impérios, a descoberta do novo mundo, a revolução industrial e até as transformações trazidas pela era da informação. Em Jesus Cristo, nascido historicamente, Deus se apresenta a si mesmo como o Deus salvador da história, que se coloca junto ao homem em suas circunstâncias concretas para lhe apontar o caminho da redenção.
O acontecimento lembrado no Natal é o ápice de um evento radical e único na relação entre Deus e a história. Ele se deixa afetar pela história, se esvazia da eternidade para viver o jogo de forças de nossa realidade intramundana. Ele se oferece como alguém que se relaciona com outros que agem em liberdade no processo de dar e receber, que se torna tangível receptivo, acolhedor e doador.
Deus não se fez apenas um bebê. Ele se tornou gente na pessoa histórica de Jesus. De tal forma que a vida inteira de Jesus é um testemunho da essência de Deus: sua encarnação, sua morte, sua ressurreição e sua ascensão. Ela é a prova cabal de que Deus não é insensível, imutável, distante ou apático. Ao contrário, Deus em Cristo se mostra acolhedor, relacional, alcançável e vulnerável diante da liberdade e do sofrimento humano.
Na pessoa do Filho, o Pai se faz pleno ao mesmo tempo em que a pessoa do Filho assume a natureza humana para unir-se a toda a criação. O Filho assume a humanidade no tempo a fim de que realize a sua condição eterna de Filho de Deus somente pela garantida da ação e mediação do Espírito. É na dimensão trinitária que podemos compreender o mover de Deus na história.
Na pessoa do Filho, Deus se comunica conosco e estabelece comunhão por meio do Espírito. Natal é, portanto, uma celebração trinitária, é a dramatização do Deus que se faz homem para redimir a criação, para curar as feridas deixadas pelo pecado, para eliminar a distância entre Deus e o homem, para quebrar o poder da morte e para fazer surgir uma nova comunidade.

O Natal é a celebração do Deus que entra na nossa história, que supera nossas resistências a Ele, para apontar o caminho de nossa própria salvação.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Bíblia, autoajuda divina / Bible, divine self-help book / Biblia, divina autoayuda

“Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração.” Hebreus 4.12
A Bíblia é o maior e mais completo manual de autoajuda e espiritualidade que a humanidade possui. Neste tempo em que as pessoas necessitam de guias para a vida, nada melhor do que resgatar o valor e a relevância da Bíblia para orientar atitudes, sensações e relacionamentos.
Jesus, o maior mestre de espiritualidade que a humanidade já conheceu, recomendou a que se examinasse as Escrituras como exercício de descoberta do verdadeiro sentido da vida. Examinar as Escrituras é mais do que conhecer um texto. É procurar ouvir a voz do Espírito que permeia toda a mensagem bíblica.
A Bíblia é a palavra viva de Deus porque é a voz do seu Espírito que invade nosso contexto como um sopro. A metáfora do sopro ilustra bem a maneira como a mensagem que emana da Bíblia se espalha e chega até nós como consolo, alento, refrigério, exortação, ensino.
Fazer da Bíblia um manual de autoajuda tem algumas implicações:
- Implica perceber o mover de Deus na história da criação, reconhecendo a natureza como o pano de fundo da revelação divina.
- Implica compreender que somos parte de um plano maior que ainda está em curso. A redenção é parte do plano divino de se autorrevelar e de buscar a pessoa humana em sua condição.
- Implica reconhecer que o amor de Deus só se concretiza no encontro com o humano, por isso se encarna na pessoa histórica de Jesus de Nazaré, para se oferecer como drama trágico na cruz e se tornar o nosso salvador.
- Implica assumir o custo de permitir que a voz do Espírito se encarne na nossa vida e nos torne testemunhas da graça da vida.

Um livro para ser amado, não idolatrado. Um livro para servir de guia, uma vez que o caminho é Jesus Cristo. Um livro para orientar a vida, uma vez que é palavra viva de quem de fato se importa conosco.

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