quarta-feira, 28 de julho de 2021

Novo Normal: como viver como um cristão na pós-pandemia / New Normal: How to Live Like a Christian in Post Pandemic / Nueva normalidad: cómo vivir como un cristiano en la pospandémica

O conceito de “Novo Normal” está muito presente no debate a respeito do que acontecerá no mundo após o fim da pandemia de Covid-19. A ideia de normalidade está envolvida com conceitos a respeito daquilo que é comum, mas acima de tudo àquilo que está presente em uma certa regularidade. O normal seria aquilo que é esperado dentro de um ambiente conhecido e a partir de determinadas expectativas. Entretanto, essa pandemia deixou claro que a vida é orientada por imprevisibilidades, pelo imponderável e por incertezas.

O sociólogo português Boaventura de Souza Santos escreveu um livro sobre a cruel pedagogia do novo Coronavírus, pois confronta a fragilidade das ações humanas em meio ao que se convencionou chamar de normalidade. Isso nos ajuda a entender que a normalidade da vida humana é marcada pelo que é excepcional, pela flexibilidade das possibilidades, pelas nossas vulnerabilidades e pela pluralidade das formas de existência.

A espécie humana, que alcançou uma capacidade tecnológica fantástica com as conquistas da ciência, se viu ameaçada por um vírus invisível. A vida social foi afetada em todos os níveis. A humanidade deve que parar literalmente. O impacto disso se notou até mesmo nos controles dos fenômenos sísmicos. Cidades inteiras ficaram com suas ruas vazias, o comércio fechado e escolas com aulas presenciais suspensas. O mercado produtivo teve que encontrar meios de realizar o trabalho remoto provocando grandes mudanças no cenário econômico.

A pandemia atingiu também a igreja de modo muito direto. Religiosos foram afetados por colocarem suas vidas em risco para cuidar de pessoas enfermas, mas também por duvidarem e negarem as informações científicas a respeito da contaminação e das medidas de prevenção. Igrejas tiveram que seguir os protocolos sanitários para suas reuniões públicas. A grande maioria fechou seus espaços de culto durante muito tempo para evitar aglomerações. Por conta disso, tiveram que encontrar outras formas de conectar pessoas através de meios digitais para continuar servindo na oração mútua, no aconselhamento, no estudo, na evangelização e até na adoração.

As famílias precisarem redescobrir o valor da convivência em uma mesma casa. A exigência de ficar em casa, a necessidade de se trabalhar de home office e até o estudo remoto despertou a necessidade de se ressignificar os espaços dentro do lar. O lazer, o entretenimento, o bate-papo e até as reuniões em família tiveram que acontecer em outras modalidades. De repente, todos em família precisarem aprender a respeitar e reconhecer o papel do outro e a usar as novas tecnologias para construir relacionamentos.

A volta ao que tínhamos como normalidade antes da pandemia não acontecerá de forma fácil. A retomada do emprego, a recuperação dos conteúdos escolares, a reorganização das atividades econômicas e até o retorno às atividades regulares da igreja não acontecerão de forma imediata. Será necessário nos perguntarmos que tipo de sociedade queremos ser após as perdas e os impactos causados pela pandemia. Não podemos esquecer que o mundo que tínhamos anteriormente não era perfeito, nem podemos deixar de levar em conta que famílias inteiras estão fragmentadas pelas perdas de seus entes queridos, que colegas de trabalho e de turma faleceram ou ficaram debilitados, que amigos se foram, que igrejas perderam seus membros e até seus pastores.

Outras grandes “pandemias” atingem o planeta. O aquecimento global ameaça a vida no planeta com a morte de indivíduos de todas as espécies, inclusive seres humanos. A desigualdade social atinge milhões de pessoas em todo o mundo que padecem por causa de problemas sanitários, atendimento em saúde e fome em função da má distribuição de renda e pela precariedade de políticas públicas para a erradicação da miséria. A migração de comunidades inteiras que fogem da guerra, da violência, da xenofobia, da seca, da fome e do desemprego tem levado a vida de muitos que perecem em naufrágios e jornadas arriscadas.

Vencer a pandemia da Covid-19 já se torna uma possibilidade em várias partes do mundo. O desafio será encontrar respostas para as muitas outras ameaças à vida. O que está presente nas discussões a respeito da vida na pós-pandemia é a necessidade que todos nós temos de segurança. Precisamos nos cercar de atitudes que restaurem o que há de mais humano em nós, que nos ajudem a viver de forma civilizada no mundo, que nos conduza à construção de novos valores ligados à solidariedade, à generosidade e à humildade.

Esse debate deve conduzir cristãos a uma reflexão mais profunda sobre sua experiência de fé. Que igreja teremos após a pandemia? Como será viver a fé cristã num mundo com tantas fragilidades? Quais os valores que deverão orientar a missão de cristãos e cristãs em suas comunidades? São questões que devem orientar novas condutas, novos modos de ver o mundo e até novas formas de construirmos nossas relações.

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