sábado, 5 de dezembro de 2015

Advento: chegou o Natal / Advent: Christmas came / Adviento: llegó la Navidad

“[...] Cristo Jesus, a nossa esperança.” 1 Timóteo 1.1
A palavra advento traz consigo a ideia de chegada. É o termo preferido pela teologia primitiva para se referir ao modo como os cristãos deveriam se preparar para a celebração do Natal. A prática teve início principalmente na Península Ibérica, que compreende atualmente os países de Portugal e Espanha, no século IV, e logo se espalhou pela igreja do Ocidente.
O chamado Tempo do Advento incluía um conjunto de práticas ascéticas, de jejuns, de abstinências, de orações, de reflexões e de liturgias, que abrangiam os quatro domingos antes do dia de Natal. Os objetivos dessas práticas eram três: primeiro, recordar o evento histórico em que Deus se fez homem; segundo, afirmar a esperança na consumação escatológica do mistério cristão quando da segunda vinda de Jesus; e, terceiro, encorajar os cristãos a assumirem a missão de partilhar a boa nova do evangelho a todas as pessoas.
O Advento, portanto, era uma forma de espiritualidade, que procurava aproximar as pessoas do real sentido da encarnação de Deus em Cristo, como projeto de salvação para toda a humanidade. Os cristãos eram assim estimulados a viverem a fé e os valores cristãos com uma alegria contagiante, desenvolvendo atitudes de generosidade e de solidariedade, como sinal de sua conversão a Cristo. Tudo isso era firmado na convicção de que aquele que veio como um bebê, viveu como homem e morreu na cruz virá outra vez para pôr fim a toda maldade e consumar o seu Reino.
É um tempo de esperança, de arrependimento e de renovação, visto que Jesus Cristo trouxe-nos uma mensagem de libertação que nos ajuda a enfrentar as circunstâncias de luta e sofrimento que a vida nos oferece. Quando nos damos conta de o quanto estamos distantes dos propósitos divinos é que estamos aptos para viver a nova vida que Cristo nos oferece.
É também um tempo de retorno a Cristo, de conversão, de afirmação da fé. Viver a fé é preparar o caminho para que o Senhor venha, através de uma resistência à maldade que há no mundo e ao pecado que habita em nós, de uma vida de oração e de um aprofundamento maior no conhecimento das Escrituras. A conversão se dá naquele momento em que você se dá conta de que aquilo que você pensa que é está muito distante da pessoa que realmente é.
A proposta do advento como espiritualidade nos ensina sobre a graça da salvação e nos remete a acolher a Jesus Cristo como nossa referência de vida, a ponto de estarmos dispostos a abrir mão de uma vida que chamamos de “nossa” para ser agentes da graça no mundo, como exemplos de vida transformada pela fé em Cristo. E isso está totalmente na contramão do que fazemos em torno do Natal na contemporaneidade.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Terrorismo: reflexões sobre os atentados de Paris / Terrorism: reflections on the attacks in Paris / Terrorismo: reflexiones sobre los acontecimientos de París

Os atentados que aconteceram simultaneamente em Paris, na noite da sexta-feira 13 de novembro de 2015, são resultado do conflito civilizatório que a humanidade tem experimentado. De um lado, se percebe uma reação ao processo de ocidentalização do mundo; de outro, uma busca por afirmação de valores que são caros para o Ocidente, como são a democracia, a liberdade e os Direitos Humanos.
O processo de ocidentalização do mundo aponta para um problema grave, que é o fato de que o pensamento ocidental vem acompanhado de toda a tendência neoliberal e do capitalismo em sua forma mais selvagem, que são marcados pelo individualismo hedonista, pela ganância e a sede de lucro a qualquer custo. Isso faz com que a afirmação dos valores ocidentais se dê através de uma contradição, que envolve a concentração de riqueza e poder em meio ao aumento das condições concretas de desigualdade.
Este quadro faz emergir toda forma de estereótipo. A cultura ocidental construiu uma imagem do Oriente Médio como sendo uma região dominada por um misto de sedução e mistério. Filmes e literaturas ocidentais realçam a vida nos países árabes como permeada tanto de danças do ventre quanto de práticas de vingança, traições, ódio e rancor por parte de extremistas religiosos. O Oriente Médio, tal como conhecemos hoje, tem muito de invencionice ocidental. Não resta menor dúvida que algo semelhante acontece na contramão. Os discursos fundamentalistas orientais acabam criando uma imagem do Ocidente como recheada de devassos, blasfemos e hereges.
Por outro lado, a cultura oriental enfrenta uma situação em que, em meio às várias expressões de organização da vida social, emerge uma tendência de se lançar mão de argumentos religiosos para justificar o acesso e o controle do poder. O Ocidente já conheceu essa história: a mistura entre poder e religião não traz bons resultados. Com isso, tenta se justificar toda forma de opressão e cerceamento da liberdade, bem como o combate a tudo aquilo que se apresenta como ameaça ao projeto de poder, a partir do discurso fundamentalista. De fato, o mundo árabe está em busca de identidade e os diversos grupos oligárquicos lutam para se manterem em evidência, muitos deles com grande poder bélico e muito petróleo. Diga-se de passagem que grande parte do poder bélico que está na mão desses grupos é fornecida pelas próprias potências ocidentais que, por não conseguirem exercer o controle nos territórios em conflito, treinam e municiam milícias locais para o combate em terra.
A organização conhecida como Estado Islâmico, ou ISIS (sigla em inglês) ou Daesh (em árabe), é um retrato disso: um grupo jihadista que se formou a partir das lideranças oriundas da Al-Qaeda e da participação na guerra civil síria. Eles utilizam os próprios mecanismos de poder do Ocidente para fazer valer seus interesses. O foco não é religioso, mas político-econômico. O que está em jogo é a institucionalização política dos califados oligárquicos, que tem em seu controle muito petróleo e armamento bélico. Esse grupo ainda faz uso da religião para reforçar o discurso de poder e impor, pelo medo e terror, suas intenções.
A estratégia do terror é marcada por ações coordenadas, visando atingir alvos simbólicos, caracterizadas pela espetacularização dos atentados. O terror chega a fazer uso de elementos da pós-modernidade para atingir a humanidade em suas fragilidades. Não é a toa que os alvos em Paris foram espaços frequentados por jovens em pleno exercício de sua liberdade de entretenimento. Da mesma forma, o atentado de 11 de setembro de 2001 atingiu a potência norte-americana em seus símbolos de poder político, militar e econômico.
Entretanto, não é isso que faz com que o terror seja pior ou menor do que o que acontece nas áreas de conflito no Ocidente. Outras práticas terroristas já são conhecidas. Ações do IRA, do ETA ou das FARCS já fizeram uso de práticas terroristas. Isso não é diferente também nas áreas dominadas pelo narcotráfico e por ideologias extremistas, seja de direita ou de esquerda.
O terrorismo é essa tática militar de impor uma forma de poder por meio do medo, com vista a produzir o efeito psicológico de subordinação ao regime que se quer implantar. Pode ser praticado por grupos políticos, movimentos separatistas e até por governos em exercício. Lutar contra o terrorismo é um dever por parte de quem deseja ver a paz reinar. Entretanto, é um erro pensar que a luta contra o terror se faz com mais guerra. O risco de um círculo vicioso de retaliações bem como o de aumentar o emprego de práticas xenofóbicas contra imigrantes e refugiados são possibilidades reais.
Embora no campo político a guerra seja uma complexa instituição de controle, a luta contra o terror precisa trilhar outras vias. É preciso que a humanidade se dê conta de que, quando a vida coletiva está em perigo, só a união de esforços pode apontar um caminho possível. As pessoas cujas vidas são orientadas pela fé e pelo bom senso precisam se levantar para o cuidado e a proteção uns dos outros, para a prevenção da violência, para o combate a toda forma de desigualdade e para a garantia de toda a forma de vida no planeta. Isso vale para Paris, Mariana, Síria, Turquia, Irlanda, Colômbia, México, Complexo do Alemão, enfim, seja onde for que a vida de todos esteja em risco.

Sensibilizar-se diante do horror e da tragédia é uma atitude humana. Lembra-nos que somos gente. Mexeu com meu semelhante, mexeu comigo. Eu sou um com ele. A inércia e a indiferença é que são atitudes desumanas e devem ser não só combatidas, mas rejeitadas veementemente. (Foto: REUTERS/Benoit Tessier. Fonte: Globo.com)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Santificação / Sanctification / Santificación

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17.17
A palavra santificação é carregada de significados. Lembra separação, experiência de consagração e até a relação com o sagrado. Seja qual for o sentido que se adote, ela sempre vai se referir a um processo, uma relação com algo que está diante de nós e nos chama para uma transformação.
Jesus, em sua oração sacerdotal, pediu ao Pai para que santificasse os seus seguidores em todo o tempo. Isso tem duas implicações: a primeira é que a santificação é algo que não somos capazes de fazer por nós mesmos, precisamos do auxílio do Pai; a segunda é que santificar-se tem mais a ver com aquilo que nos tornamos do que com aquilo que fazemos ou possuímos. E Jesus intercedeu para que os cristãos de todas as épocas e em todos os lugares fossem reconhecidos por terem se tornados santos por meio de uma relação com o Pai.
Antes de interceder pela nossa santificação, Jesus constata que seus discípulos estão no mundo. Essa relação mundana, porém, é de existência, e não de pertença. Estão no mundo, mas não são do mundo. A existência no mundo lembra que somos capazes de perceber e de sermos percebidos em meio às nossas circunstâncias concretas de vida. O fato de não pertencer ao mundo lembra que a lógica que rege as nossas escolhas e a nossa visão do mundo não é dominada pelo aqui agora, mas por uma voz que nos chama para mais além.
Ao interceder pela nossa santificação, Jesus reconhece que ela é resultado de uma relação com o Pai que fala e nos chama para um convívio. A santificação é resultado da palavra divina, que é a verdade. A verdade divina não é um saber lógico, observável e mensurável. Ela é confiável porque nasce do coração do Pai e é dita pelo próprio Pai ao coração do homem. É palavra viva porque é marcada pelo amor do Pai por criaturas como nós.
Para interceder pela nossa santificação, Jesus se apresenta como exemplo. Ele diz: “em favor deles eu me santifico”. Nenhum ser humano tem tal autoridade de se autoproclamar como padrão e modelo de santidade, somente aquele que viveu, morreu e ressuscitou como o fez Jesus. Ele se fez a encarnação dessa verdade viva, confiável e apaixonada que vem do coração do Pai.
Jesus sabia que a santidade seria a única forma com que a graça divina poderia alcançar visibilidade para um mundo errante. Não somos chamados à santificação para sermos bonzinhos, moralmente corretos ou portadores de uma verdade, mas para sermos sinais da graça e do amor do Pai a um mundo que se perdeu. Deus não faz de ninguém um santo para viver em uma redoma, mas para ser um sinal visível do amor divino.
Por isso que a graça não é um mero resultado de nossa vontade. Ninguém se faz santo por vontade própria. Isso seria o mesmo que se tornar um moralista. A santificação é um processo em que a vontade do Pai fala mais alto. O meu esforço é de querer me tornar um sinal da graça, alguém que encarna e reproduz o amor de Deus por gente perdida como eu, que precisa ser alcançada e redimida para uma nova vida em Cristo.

domingo, 8 de novembro de 2015

A quem você segue quando diz que segue a Jesus? / Who do you follow when you say that following Jesus? / ¿A quién sigues cuando dices que sigues a Jesús?

E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo. Lucas 14.27 
Quando Jesus começou o seu ministério, disse para um grupo de pessoas rudes e humildes “segue-me”. Aqueles que atenderam ao seu chamado inicial provocaram uma revolução no mundo com uma mensagem viva de transformação e de libertação. Eles se tornaram conhecidos por serem seguidores de Jesus.
Esse mesmo chamado ecoa nos dias atuais. Jesus continua a chamar pessoas para segui-lo. O problema é que a ideia de seguir a Jesus hoje está diretamente vinculada a um sistema religioso que se construiu a partir da necessidade de se adotar um modo de vida que cristaliza algumas práticas de espiritualidade como formadoras de identidade. Seguir a Jesus se transformou em sinônimo de seguir a uma religião, ou até mesmo a uma expressão dela. Desse modo, não basta dizer-se cristão para afirmar o seguimento de Jesus, é preciso também estar ligado a um grupo religioso específico que se autointitula defensor de um determinado modelo de espiritualidade. Soa estranho, mas é muito comum ouvir testemunhos do tipo: “antes eu era católico, agora sigo a Jesus”. Isso lembra o fato de que, num mundo de tanta diversidade, até mesmo o seguimento de Jesus encontra-se fragmentado.
Daí a pergunta inicial: a quem você segue quando diz que segue a Jesus? Para responder a essa pergunta, algumas implicações nos chamam a atenção:
a) Como afirmar que seguimos a Jesus diante dos conflitos inerentes à nossa condição de pessoa?
d) Que caminhos podemos percorrer para seguir a Jesus em meio a um mundo fragmentado e globalizado?
e) Como viver de forma autêntica a proposta de libertação independente das amarras criadas pela mentalidade religiosa que se construiu em torno do seguimento de Jesus?
A primeira constatação é que seguir a Jesus não tem nada a ver com seguir uma religião. O fato de pertencer a uma religião cristã não faz de ninguém um seguidor de Jesus. Porém, só dá para ser cristão seguindo a Jesus. Se não há um comprometimento com o chamado de segui-lo, não há também possibilidade de tomar parte das transformações históricas e da ação libertadora que a fé cristã promove.
Não somos chamados a seguir uma doutrina, uma instituição ou um sistema. Somos chamados a seguir uma pessoa que viveu historicamente, que deixou ensinos significativos sobre a vida humana e que sinalizou as ações que podem fazer deste mundo um espaço de realização humana.
Uma segunda constatação está relacionada à cultura de mercado, em que nos acostumamos a associar todas as nossas condutas como se estivéssemos em um supermercado, em que eu tenho uma suposta capacidade de escolha diante de uma infinidade de produtos em oferta. Não dá para transformar o seguimento de Jesus em um produto e a nossa relação com ele em um consumo.
Seguir a Jesus é uma decisão que envolve viver a fé em meio a um conflito: o de colocar em prática os ensinos de Jesus e de imitar o seu caráter diante das situações concretas de desigualdades, carências e fragilidades que há no mundo. Significa se constituir em uma nova imagem de Cristo para aqueles que se encontram perdidos ao longo da caminhada que é a vida.
Seguir a Jesus traz consequências para a nossa vida. Se isso não faz de você uma pessoa melhor, precisa urgentemente descobrir a quem está seguindo.

sábado, 24 de outubro de 2015

Alegria e espiritualidade / Joy and spirituality / La alegría y la espiritualidad

Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!” Filipenses 4.4
A vida cristã é uma caminhada de alegria. Deus não chamou ninguém para uma vida de tristeza, mas ele sabe muito bem que a nossa vida é permeada por situações contraditórias.
Deus, em sua infinita sabedoria, procurou garantir todas as condições para que vivêssemos em alegria. Por isso, a Bíblia está repleta de palavras que despertam este sentimento.
A vida de alegria de que a Bíblia fala está na contramão do sentimento desenvolvido pela secularidade. A alegria normalmente está associada a uma euforia, a um sentimento de gozo e até a um estado de bem-estar. Entretanto, Deus não está interessado somente em seu bem-estar, mas em sua realização como pessoa humana.
A alegria é um sentimento de contentamento, de satisfação, de regozijo, de júbilo e até de entusiasmo. Ele é expresso por meio do riso e até de expressões corporais, como o pulo e a dança. Está vinculada ao bom humor e à maneira como lidamos com as nossas limitações. Pessoas bem-humoradas são capazes de transcender, acreditam que é a superação é possível. A alegria, portanto, traz em si mesma um vislumbre da graça, a possibilidade da redenção.
Se alguém tem vivido dominado pela tristeza, precisa repensar a sua caminhada com Deus e abrir espaço para o que Deus gostaria de fazer, que é restaurar a alegria que vem dele e que está perdida.
Precisamos refletir sobre as possibilidades de restaurar a alegria em meio à nossa tristeza. Chorar, de fato, alivia o sofrimento, mas ter alegria apesar das circunstâncias difíceis torna tudo mais belo. Acordar de manhã e logo colocar um sorriso no rosto é um exercício interessante para ajudá-lo a ser uma pessoa mais gentil, bondosa e cortês com as pessoas que estão à sua volta.
A felicidade não consiste apenas de instantes alegres, mas de ter coragem para enfrentar os momentos de tristeza e de ter sabedoria para aprender com os problemas. O que se torna urgente, então, é descobrir a si mesmo para encontrar respostas concretas a uma vida feliz, em meio às circunstâncias, a partir de uma relação com Deus. Se não somos capazes de conhecer a nós mesmos, dificilmente conheceremos os propósitos de Deus para nós.
A vida cristã é uma caminhada humana que visa nos tornar mais humanos. O objetivo maior de se desenvolver um sentimento de alegria é encontrar o prazer da vida em Deus. E este prazer se completa quando compartilhamos nossa alegria com outros.

Acredite, mesmo que as coisas piorem ainda mais, é possível encontrar alegria no Senhor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Ser como criança: espiritualidade e vida no Reino / I want to be as a child / Quiero ser como un niño

“[...] e uma criança os guiará.” Isaías 11.6.
Jesus um dia falou que, se não nos convertermos e não nos tornarmos como uma criança de modo algum entraremos no seu Reino. Difícil exigência. O que uma criança tem de tão significativo para fazer dela um exemplo de pessoas que tomam parte do Reino de Deus?
Se você acha que é a pureza, engana-se. Pelo que me lembre, na minha infância cometi muitas pequenas maldades. E percebo que as crianças continuam assim. Há até quem diga que elas estão mais espertas hoje.
Se você acha que é por causa da ingenuidade, engane-se também. Nem mesmo os bebês são ingênuos. Eles lutam por sobrevivência. Por isso, choram quando sentem fome, sede, dor ou frio, resmungam quando querem colo e até aprendem a fazer pirraça para conseguirem seus intentos.
Se você acha que é por causa da inocência, engana-se mais uma vez. O discernimento do bem e do mal, do certo e do errado, do que pode e do que não pode, bem como dos limites, é um aprendizado que deve começar muito cedo e é tarefa dos pais orientar seus filhos nisso.
Crianças são bons exemplos de pessoas que participam do Reino porque dependem do pai, confiam nele e fazem dele o seu modelo. O ser humano é o único animal que precisa do cuidado paterno e materno para aprenderem a viver durante toda a infância. O ideal de autonomia não passa de uma crise de adolescência da humanidade. Pessoas adultas, que chegaram à maturidade, desejam recuperar a infância perdida.
Por essa razão, Jesus ensina que precisamos ser humildes como crianças para reconhecermos que necessitamos do cuidado do Pai. Ser humilde é conhecer a si mesmo, nem mais nem menos. E nossa condição é de total dependência do cuidado divino.
Por essa razão também, acolhermos uns aos outros como pessoas carentes do Pai é o mesmo que acolher Jesus em nosso meio. Para vir ao mundo, Jesus se fez uma criança, cresceu e colocou a sua vida inteira a serviço do Reino de Deus.
E é por essa razão ainda que precisamos de um sentido de comunhão. Fazer com que qualquer pessoa que esteja em busca de acolhida se sinta rejeitada por preconceitos e moralismo se transforma num grave problema. Não temos o direito de criar impedimentos para que as pessoas deste tempo demonstrem sua carência do cuidado divino. Antes, somos aqueles que têm a missão de sair ao encontro delas e proporcionar a elas as oportunidades de encontro com o Pai.
Ser como criança é, portanto, abrir mão da pretensão de ser um “adulto”, capaz de dar conta de si mesmo, que não precisa de ninguém que governe a sua vida. Bem, pelo que eu saiba, este é um comportamento próprio da adolescência, que é a fase dos conflitos, das definições e das descobertas. Ser criança é desejar a companhia e o cuidado dos pais mais do que qualquer outro.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Migração e sobrevivência: a nova face da mobilidade humana / Migration and survival / La migración y la supervivencia

Duas fotos me chamaram a atenção hoje. A primeira retrata um grupo de pessoas mortas no mar, provavelmente vítimas de um naufrágio. Não sei se é montagem ou real. O fato é que, se a foto for verdadeira, refere-se provavelmente a corpos de pessoas oriundas do norte da África, Síria ou Iraque, que se arriscam na travessia do mar Mediterrâneo, em direção à Europa, fugindo da guerra em busca de sobrevivência. Curiosamente, os corpos formam um círculo no meio da imensidão azul, lembrando a bandeira europeia.
A outra foto mostra uma criança morta numa praia da Turquia, trazida pelas ondas. Trata-se de um dos quadros mais terríveis, que expõe a tragédia humana das migrações contemporâneas. Quando crianças são expostas a situações de riscos, é sinal que estamos diante de uma busca desesperada por sobrevivência.
Movimentos migratórios sempre existiram. A ocupação das regiões e dos territórios sempre foi marcada pelos deslocamentos de grupos étnicos e até de civilizações inteiras. O que sempre motivou tais movimentos é a busca de novas condições de vida. Entretanto, a nova face da mobilidade humana envolve a fuga desesperada das condições que ameaçam a sobrevivência. Portanto, não são só migrantes. São refugiados.
Os principais destinos dos movimentos migratórios contemporâneos têm sido os Estados Unidos e a Europa. Até mesmo o Brasil tem recebido grupos que se deslocam de seus países em busca de melhores condições de vida. Por aqui, são povos andinos, africanos e até haitianos que chegam aos grandes centros urbanos em busca de um novo começo.
Porém, a Europa vive mais recentemente um problema que difere de tudo o que já se viu: o grande número de pessoas que fogem das regiões dominadas pelos regimes opressores e fundamentalistas que ameaçam a sua sobrevivência. São pessoas que têm que fazer a dura escolha entre ficar e morrer ou arriscar-se numa viagem desesperada e, quem sabe, sobreviver.
Nesse percurso, enfrentam “coiotes” que oferecem situações precárias de viagem em embarcações e até caminhões frigoríficos a custos altos, esbarram em bloqueios nas fronteiras e ainda recebem o ódio e o preconceito por onde passam. Não sei o que é mais trágico: se a realidade humana da opressão e da guerra que provoca o fluxo migratório atual ou se as manifestações de rejeição e os casos extremos de xenofobia.
Estamos diante de uma tragédia humana. Quando se ouve falar de gente que chega à Europa em situação precária, em levas com companheiros abandonados e morrendo pelo caminho afogados, asfixiados ou queimados, é preciso lembrar que se trata de seres humanos. São pessoas com suas histórias e com seu passado. Não são “invasores”, são seres humanos pertencentes a uma cultura, com seus valores, crenças, linguagem e costumes, que ainda enfrentarão a dura realidade de começar tudo de novo num outro contexto.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, só em 2014 cerca de 219 mil pessoas chegaram à Europa nessas condições e, neste ano, mais de 300 mil estão nas mesmas condições. Se levarmos em consideração que, nos 4 anos de guerra na Síria, mais de 215 mil pessoas morreram, estamos diante de uma verdadeira catástrofe.
A crise migratória é uma crise humanitária. Os migrantes que saem do norte da África e do Oriente Médio não o fazem por uma vontade, mas oprimidos pelos conflitos sangrentos, pela fome e pela miséria. Em função disso, podemos imaginar que é uma crise que ainda vai durar por muito tempo. A indiferença dos governos mundiais em relação à causa dos problemas que geram a migração demonstra que a solução está longe de ser encontrada.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O desafio do cuidado de si / The challenge of taking care of yourself / El desafío de cuidar de sí mismo

Tem cuidado de ti mesmo...” 1 Timóteo 4.16 (ARA). 
Uma preocupação constante que você deve ter: cuidar de si mesmo. O filósofo Michel Foucault identificou que, desde a antiguidade greco-romana, há no cuidado de si alguma coisa perturbadora. Isso se dá pelo fato de que não sabemos ao certo quem somos. A respeito de mim mesmo, “eu não sei quase nada, mas desconfio de muita coisa”, como disse Guimarães Rosa.
O grande problema é que, além daquilo que nos constitui como pessoas, existe um potencial do que podemos vir a ser e ainda existe aquele olhar que somos capazes de lançar para nós mesmos a fim de projetarmos uma imagem a respeito de quem somos. Ou seja, você ainda não se tornou aquilo que deveria ser assim como possui uma imagem de si que não corresponde ao real de quem você é.
O cuidado de si implica que sejamos capazes de acolher quem somos juntamente com nossos limites e potencialidades, distante do sentimento narcisista que nos leve a uma ideia falsa sobre nós mesmos. É preciso superar toda tendência a uma supervalorização do eu que pode conduzir a um equívoco de autossuficiência e a uma atitude de transferência alienante de responsabilidade.
Se você quer cuidar bem de si mesmo, isso o conduz a desenvolver um conhecimento de si que leve em consideração tanto as suas contradições quanto as relações que envolvem a sua existência. Como um ser contraditório e marcado por uma cadeia de relações, você não é uma coisa, mas uma pessoa. Você não nasceu pronto, nem é uma coisa construída de uma vez por todas. Antes, é um ser em construção.
Suas contradições e ambiguidades lembram que não dá para se arvorar como alguém superior ou melhor do que outros, assim como suas relações lembram que está interligado a outros e com o mundo de tal modo que não dá para se pensar na existência fora dessas relações. Ignorar as contradições e os nós das relações é lançar aquelas situações que não queremos e nem aprendemos a lidar para um universo de sombras. De vez em quando elas aparecem, saem de seus esconderijos e são expostas à luz.
Não é vergonhoso, nem se constitui um fracasso, reconhecer-se como uma pessoa vulnerável. Suas fragilidades são o que há de mais humano em você. Isso tem a ver com sua capacidade de chorar ou de rir de seus tropeços, de saber perdoar e reconhecer que errou, de ter coragem para enfrentar a dor e aprender com os próprios erros, de perder e saber dar a volta por cima. O cuidado de si nos lembra que somos capazes de amar e odiar, ter medo e superar apesar do medo, conviver com nossas sombras e andar na luz, cair e levantar, sofrer e se alegrar.
Como pessoas, somos uma síntese de contradições, onde elas não se anulam, mas que nos constituem e nos motivam a seguir adiante. Como afirmou Martin Luther King: “Não somos o que gostaríamos de ser. Não somos o que ainda iremos ser. Mas, graças a Deus, não somos mais o que éramos.”

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Cuide de seu caráter / Take care of your moral character / Cuida de tu carácter

Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.” Mateus 7.24 
Enquanto a reputação tem a ver com o modo como as pessoas o veem, o caráter é o que de fato você é. A reputação pode até fazer com que você ganhe ou perca prestígio ou dinheiro, mas o caráter é o que pode te fazer feliz ou infeliz. Para você cuidar de sua reputação, basta um momento; mas, para cuidar do seu caráter, você precisa investir nele durante toda a vida. Como disse o grande evangelista D. L. Moody: “Se eu cuidar do meu caráter, Deus vai cuidar da minha reputação.”
Quando o assunto é caráter, isso lembra que sou responsável:
a)      perante Deus;
b)      perante a família, e
c)      perante o próximo.
Impressione as pessoas com seu caráter. A influência sobre a vida de alguém causa consequências capazes de mudar o rumo de uma vida inteira. Tudo começa quando você age consciente de que Deus o vê. O caráter tem a ver com as coisas que você faz quando acha que ninguém está vendo. Mesmo que esteja tudo ruindo ao seu redor ou mesmo que experimente aquele momento favorável, procure manter-se de pé diante de Deus. Lembre-se sempre o que a Bíblia diz: “Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus” (Romanos 14.12).
O fracasso no cuidado com o caráter pode destruir uma vida inteira. A Bíblia tem a seguinte advertência: “Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair” (1 Coríntios 10.12 (NTLH). Por isso, é importante que cada um cuide de poder estar de pé diante daquele único que nos dá uma chance de tentar de novo. Veja algumas atitudes para estar de pé diante de Deus:
a)      Confie que é Deus quem o sustém. Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.” Romanos 14.4.
b)      Creia que é Deus quem o levanta. Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade.” Provérbios 24.16.
c)      Creia que Deus não o rejeita. Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.” Salmos 51.17.

domingo, 16 de agosto de 2015

Desenvolvimento Pessoal Estratégico: #InvistaMaisEmVocê / Strategic Development Personal / Desarollo Personal Estratégico

“Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria assegura o sucesso.” Eclesiastes 10.10. 
Certa vez, um velho lenhador, conhecido por sempre vencer os torneios que participava, foi desafiado por outro lenhador, mais jovem e forte, para ver quem cortava mais lenha. Foi uma disputa que chamou a atenção de todos os moradores da localidade. Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem desafiante.
No dia marcado, os dois competidores começaram a competição. O jovem se entregou com grande energia à tarefa, convencido de que seria o novo campeão. De tempos em tempos, olhava para o velho que permanecia sentado. Logo pensou que o adversário estava cansado demais para a disputa por causa da idade, e continuou cortando lenha com todo vigor.
Ao final do tempo estipulado, foram medir a produtividade dos dois lenhadores. Para surpresa de todos, o velho vencera novamente, por larga margem.
Confuso, o moço perguntou ao velho:
– Não entendo, muitas das vezes quando eu olhei para o senhor, durante a competição, notei que estava sentando, descansando, e, no entanto, conseguiu cortar muito mais lenha do que eu. Como pode?!
– Engano seu! – Disse o velho. – Quando você me via sentado, na verdade, eu estava amolando meu machado. E percebi que você usava muita força e obtinha pouco resultado.
Quando o assunto é sucesso na carreira e na vida, o que vale é o quanto investimos em nós mesmos. Isso tem a ver com a maneira como você desenvolve uma compreensão de si, como você encara as circunstâncias a sua volta, como você lida com os recursos de que dispõe e como você exerce influência nas pessoas ao seu redor. É o mesmo que cuidar bem do machado que você é.
Estas áreas estão relacionadas ao que chamo de desenvolvimento pessoal estratégico: um conjunto de atitudes e modos de compreender a vida que visa proporcionar situações de bem-estar e de sucesso. É preciso dar atenção a esses aspectos com muito mais cuidado visto que vivemos um tempo em que tais atitudes de modos de compreensão estão atravessadas por influências ideológicas que podem desviar você de seu foco principal.
Independente de sua crença, conhecimento, nível de comprometimento ou grau de formação, apresento aqui alguns pressupostos que julgo serem fundamentais e que orientam as ideias que norteiam a busca do desenvolvimento pessoal estratégico.
O primeiro é a necessidade de se incluir Deus em sua maneira de ver o mundo. Se você entende que tudo não passa de obra do acaso e que o propósito de sua existência tem a ver tão somente com suas necessidades materiais, gostaria de encorajá-lo a pensar no fato de que há uma inteligência por trás da realidade que nos cerca e que tudo caminha na direção da consumação de um propósito eterno.
O segundo é a possibilidade de fazer da Bíblia um manual seguro para orientar a vida. A Bíblia é um livro de sabedoria milenar que contribui decisivamente para a formação de uma civilização inteira em meio às lutas e fracassos. Além disso, ela influencia três religiões mundiais: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Suas histórias, poesias e preceitos são revestidos de um sentido de humanidade que transforma a vida de quem lê.
E o terceiro é adotar os valores éticos que a fé cristã proporciona. Mesmo que você não concorde com o cristianismo, vive em meio a uma cultura influenciada pelos valores cristãos. A história da formação do Ocidente foi atravessada pelas ideias dos pensadores cristãos de tal modo que é impossível pensar em uma vida melhor e um mundo mais justo sem levá-las em consideração.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Cuide de sua integridade / Take care of your integrity / Cuidar de su integridad

O que você é capaz de fazer para ter sucesso?
Se você quer exercer influência e alcançar um bom prestígio em relação a outras pessoas, precisa se preocupar com sua integridade. Como afirma a frase atribuída ao líder político latino-americano Simon Bolívar: “Cuide da tua integridade que Deus cuidará da tua reputação.”
A questão da integridade pessoal está vinculada diretamente com o modo como a contemporaneidade trata da fama. Andy Warhol (1928-1987) disse que “no futuro, toda pessoa terá direito a 15 minutos de fama”. Acredito que vivemos este tempo hoje.
Com o surgimento da Internet, a popularização dos celulares e das câmeras digitais, alguém disse, parodiando a frase de Warol, que todo mundo, na Internet, vai ser famoso para pelo menos 15 pessoas.
Fama é uma palavra que vem da mitologia greco-romana. Era uma deusa com uma forma de uma donzela, com muitas asas que têm bocas, olhos e orelhas em suas penas, e que se movimenta para levar para todos os lugares as mensagens verdadeiras e mentirosas que capta dos boatos que se espalham rapidamente.
Neste tempo, caracterizado pelo que Baudrillard chamou de “sociedade do espetáculo”, observa-se que há um apelo muito forte para com a imagem.
O fato é que nós estamos sempre expostos à observação do outro ao mesmo tempo em que nós mesmos precisamos do olhar do outro para sermos reconhecidos.
A busca pela fama está relacionada com a vaidade. Não resta a menor dúvida de que ser reconhecido é algo que produz satisfação pessoal. Almejá-la não é um mal em si, desde que não se abra mão de valores maiores e se coloque a vida a serviço de um ideal maior.
A fama pode trazer a ilusão de ser bem-sucedido. Porém, quando ela é resultado de um trabalho honesto, autêntico e sincero, pode produzir a sensação do dever cumprido.
É fato que todos nós temos a necessidade de ser reconhecidos pelos de fora. Entretanto, uma pessoa realizada não precisa se exibir ou se autopromover. Tenha cuidado com os falsos holofotes.
O problema é que muitas pessoas têm procurado ser mais reconhecido pela sua imagem do que pelas suas realizações. Para muitos, o que importa é a fama em si e não o que se faz para conquistá-la. Por isso que você precisa cuidar mais de sua integridade.
A fama é determinada, portanto, pela nossa história de vida. Pessoas que vivem com integridade são imprescindíveis. Lembre-se de que Deus não olha para os nossos títulos ou rótulos para se relacionar conosco. Antes, ele não tem vergonha do nosso passado assim como ele precisa de gente com a nossa história para mostrar o quanto ele é poderoso para transformar uma vida.
De acordo com P. Talleyrand: “O comércio mais lucrativo seria comprar as pessoas pelo que valem, e revendê-las pelo que elas pensam que valem”. Não quero que você faça uma avaliação que desvalorize quem você é, mas também não o estimulo a ter uma ideia de si mesmo que demonstre o que você não é. Seja você mesmo e deseje ser reconhecido por isso.

domingo, 26 de julho de 2015

Gerencie sua reputação / Reputation Management / Gestión de la Reputación

A boa reputação vale mais que grandes riquezas; desfrutar de boa estima vale mais que prata e ouro. Provérbios 22.1 
Todos nós temos a convicção de que podemos ser melhores, só não sabemos como. Pergunte a você mesmo: como eu consigo ser melhor?
Isso tem a ver com a sua reputação.
Em tempos de redes sociais, tem muita gente preocupada com quantos amigos possui ou quantos seguidores conseguiu atrair. Para isso, elaboram perfis que promovem a autoexposição, reproduzem textos e imagens que julgam interessantes sem mesmo reconhecer a fonte, fazem comentários ou simplesmente curtem coisas sem qualquer reflexão.
O que as redes sociais trouxeram para o nosso cotidiano foi uma preocupação exagerada com sua reputação. E vira uma febre saber o que andam comentando no Facebook ou Twitter, quantas curtidas ou retuítes o seu último post teve, quem andou falando pelo Whatsapp.
Tudo isso pode ser muito legal. Eu mesmo faço uso das redes sociais para me manter conectado com o mundo. O problema é quando você utiliza essas ações para avaliar sua reputação.
A Bíblia também traz uma preocupação com isso. Ela diz que a boa reputação é aquela que vem de Deus e não das pessoas. Para a Bíblia, é mais importante você ter uma boa reputação com Deus do que com os homens. Por isso, ela recomenda: “Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem [...] Então você terá o favor de Deus e dos homens, e boa reputação.” Provérbios 3.3-4.
Para que você tenha uma boa reputação com Deus, basta cuidar das atitudes relacionadas ao amor e à fidelidade. O problema é que você não consegue cuidar dessas atitudes sem envolver-se por inteiro e sem colocar em jogo toda a sua condição de pessoa. Pessoas com boa reputação diante de Deus são amáveis e dignas de confiança.
Se você quiser realmente desenvolver atitudes sinceras de amor e tornar-se uma pessoa confiável, para ter uma boa reputação reconhecida por quem vive ao seu redor, você precisa ser alguém íntegro e que cuida bem do seu caráter.
A reputação é um mecanismo de controle social. Ela afeta as nossas relações interpessoais, nossa conduta na sociedade, nossa posição econômica e até as relações políticas, influencia tanto nas ações cotidianas quanto nas expectativas para o futuro, envolve a relação entre pessoas, grupos, organizações e inclusive nações. Uma ação contra a reputação é uma agressão à honra.
Epicuro afirmou que “os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades”. A maneira como você enfrenta as circunstâncias difíceis fala muito sobre quem você é. Infelizmente, só nos damos conta de como está a nossa reputação quando acontece uma crise que envolve a nossa imagem. Isso exige um determinado esforço para gerenciar sua própria reputação.
A gestão de reputação é um campo que trata da natureza das organizações e a maneira como elas enfrentam as situações de competição que pode ser aplicado à vida pessoal. A reputação estabelece um confronto entre a imagem que a pessoa ou organização apresenta de si e a credibilidade que suas ações passam para os outros.
Padre Antonio Vieira constatou que “muitos cuidam da reputação, não da consciência.” Gerenciar sua reputação não é o mesmo que apagar incêndios ou lutar para manter uma boa aparência. Tem mais a ver com suas experiências de vida, com suas ações e com a maneira como você influencia os outros. Isso é o que gera respeito, admiração e confiança.
A boa reputação é o bem mais valioso que uma pessoa pode ter. Ganhar a confiança das pessoas é um fator de sucesso. Por essa razão, não basta sair bem na foto. É preciso ser íntegro e ter um bom caráter. Qualquer tentativa de maquiar sua imagem pode ser desmascarada mais cedo ou mais tarde.

domingo, 19 de julho de 2015

Regras básicas para empregar bem seu dinheiro / Basic rules for use your money / Reglas básicas para el uso de su dinero

“Então lhes disse: ‘Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens’.” Lucas 12.15 
Muitas pessoas afirmam que dinheiro não é problema, mas solução. Ou, como dizia um grande amigo, se o dinheiro não lhe traz felicidade, dê para mim todo o seu dinheiro e seja feliz. Não é bem assim. Brincadeiras à parte, estes comentários que vêm do senso comum envolvem o modo como as pessoas enfrentam dificuldades em empregar bem o dinheiro que possuem.
Não basta ter dinheiro na mão. É preciso fazer bom uso dele. O dinheiro sozinho não resolve todos os problemas. Certa vez, o maior evangelista de todos os tempos, Billy Graham, afirmou: “Se a pessoa mantém uma atitude correta diante do dinheiro, isso contribuirá para colocar em ordem praticamente todas as demais áreas de sua vida.”
Planeje o uso do dinheiro levando em consideração:
a) O que você ganha e o que você gasta.
b) O que você tem e o que você deve.
c) O que você precisa de imediato e o que você pode conquistar com mais tempo.
Coloque isso numa planilha. Quanto mais claro e objetivo for o seu planejamento, mais chances você tem de administrá-lo bem.
Quando você recebe o seu salário mensal ou algum recurso novo, qual é a sua principal atitude? Cuidar bem do seu dinheiro faz toda a diferença entre sonhar e concretizar sonhos para a sua vida e para a sua família. Quando você administra bem o seu dinheiro, isso orienta os rumos de sua vida. Por exemplo, quando você gasta muito em um fim de semana, isso pode exigir uma contenção de gastos durante a semana seguinte. O mesmo vale para uma transação maior: se você quiser comprar um bem mais valioso, necessita de um planejamento mais rigoroso de suas economias.
Qual sua maior motivação para comprar? Veja algumas atitudes comuns em relação ao consumo:
a)      Projeção – Você compra porque está na moda, porque todo mundo tem e você não quer ficar de fora.
b)      Inflação – Você compra porque quer mostrar aos outros que pode e tem condições de adquirir.
c)      Equilíbrio – Você compra porque simplesmente precisa daquele bem.
Alguém certa vez afirmou: “Status é comprar coisas que não precisa com dinheiro que não tem para impressionar a quem não gosta” (Autor desconhecido).
Uma das falhas mais corriqueiras na administração do dinheiro é reduzir essa preocupação somente a uma redução de gastos. Um bom planejamento financeiro envolve tanto a economia dos recursos de que dispõe como também a conquista de novas fontes de rendimento.
No que diz respeito aos seus gastos, adote estes cinco passos para reduzir suas dívidas:
a)      Pare de contrair dívida.
b)      Limite seus gastos.
c)      Planeje para o futuro.
d)      Não espere por milagres instantâneos.
e)      Procure ajuda profissional.
No que diz respeito às suas receitas, adote estes três passos para aumentar sua capacidade financeira:
a)      Invista o seu dinheiro e gaste o que sobra – A fórmula não é poupar o que sobra, mas poupar primeiro e gastar o que sobra.
b)      Aperfeiçoe-se em ganhar dinheiro – Para ser um bom administrador de suas finanças, você primeiro precisa ter o que administrar.
c)      Decida viver modestamente – Menos é mais.
Por fim, é preciso dar ênfase à seguinte afirmação: tenha uma mentalidade credora, e não devedora! Isso quer dizer que, ao adquirir seus bens e empregar bem o seu dinheiro, você precisa investir mais energia em aumentar a sua capacidade financeira do que acumular dívidas, prestações e compromissos financeiros.
Um dos conselhos mais sábios foi dado pelo pregador avivalista inglês do século XVIII John Wesley: “Ganhe todo o dinheiro que puder, economize todo o dinheiro que puder, doe todo o dinheiro que puder.”

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O valor das circunstâncias difíceis / The value of difficult circumstances / El valor de las circunstancias difíciles

Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele.” Mateus 11.12 
Quando Jesus chamou seus primeiros discípulos para segui-lo não disse que seria uma tarefa fácil. Antes, advertiu-os de que isso implicava uma renúncia. E em vários momentos enfatizou que era necessário empreender algum esforço para viver de acordo com seus ensinos.
No primeiro discurso de orientação, que foi o Sermão do Monte, Jesus deixou princípios e orientações que exigiam um esforço tremendo de seus seguidores. Ele esperava que os primeiros discípulos assumissem uma postura diferente daquela adotada pelo costume de seu tempo. Em várias circunstâncias, Jesus lembrou-lhes que seriam incompreendidos, rejeitados e até insultados porque o seguiam.
Alguns desistiram logo no início; outros o seguiam, mas mantendo uma certa distância; a grande maioria, porém, preferiu permanecer indiferente à mensagem de Jesus ou o rejeitou de forma deliberada. Também, quem iria assumir o risco de seguir a um mestre de vida que exige uma mudança tão radical em termos de valores e princípios?
Jesus ilustrou que a maneira como enviava seus discípulos a cumprirem sua tarefa no mundo era como quem enviava ovelhas no meio de lobos. Apesar dos muitos problemas que a missão cristã envolve, há uma promessa. Jesus disse: Todos odiarão vocês por minha causa, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.” Mateus 10.22. Isso não quer dizer que a salvação virá porque você foi perseguido, mas que ser salvo implica perseverar até o fim apesar de todos os problemas que possam surgir ao longo do caminho, mantendo-se como exemplo de alguém que segue a Jesus.
Os cristãos sempre estiveram sujeitos a toda sorte de perseguição, seja por motivos ideológicos, por interesses políticos e até por puro preconceito. A história do cristianismo é marcada pela vida de pessoas que foram tentadas a escolher entre o poder e o amor, entre o controle e a obediência, entre o palco e a cruz, entre a autoridade e o seguimento. Aqueles que venceram essas tentações são os que fizeram a diferença e optaram pelo modo mais difícil de viver a fé, que é o único modo de ser cristão de fato.
Precisamos concordar com o pensamento socrático de que “uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Entretanto, esse desafio tem custado muito caro para a vida de muitas pessoas e comunidades inteiras. Seguramente, cerca de um quarto de toda a população cristã no mundo de hoje vive debaixo de forte perseguição. Isso significa, no mínimo, cerca de 400 milhões de pessoas. Em nenhum outro tempo da história houve tantos cristãos perseguidos. Chega-se a falar de uma onda de “cristofobia”.
Repito e insisto: não é fácil ser cristão. Talvez seja fácil ser um religioso. Porém, ser cristão não se resume a uma vida religiosa. Isto lembra o que disse Martin Luther King Jr: “A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.

sábado, 4 de julho de 2015

Como resolver problemas financeiros / Solving financial problems / Resolución de problemas financieros

Os ricos mandam nos pobres, e quem toma emprestado é escravo de quem empresta.” Provérbios 22.7 
Certa vez o conhecido consultor de concursos e juiz federal bem-sucedido Willian Douglas afirmou em uma conferência que “ter dinheiro é muito bom”. E existem razões bem simples para se compreender assim: uma coisa é tirar férias com dinheiro, outra coisa é tirar férias sem dinheiro; da mesma forma, uma coisa é passar por problemas na saúde e ter dinheiro, mas outra coisa é passar pelos mesmos problemas de saúde sem dinheiro.
Certamente, o dinheiro não traz felicidade, mas resolve muitos problemas. Dificuldades na área financeira sempre são decorrentes de decisões e escolhas ruins que fazemos em relação ao modo de usar os recursos que possuímos. Pergunte a você mesmo: quem é o dono do seu dinheiro? Pode ser que você responda que é:
a) o banco;
b) o dono da loja;
c) o cartão de crédito; ou
d) os parentes.
Se você se enquadra em qualquer um desses casos (ou em todos), é um sinal de que perdeu o controle do seu dinheiro. E isso acontece quando a despesa se torna maior que a receita. Se seus gastos excedem a sua renda, você tem um grave problema que está levando-o à ruína.
A Bíblia tem princípios para pôr ordem na vida financeira. Veja alguns conselhos bíblicos que valem para os dias de hoje:
a) Não ame o dinheiro – “Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos”. 1 Timóteo. 6.10
b) Não tenha pressa para resolver questões financeiras – “Quem planeja com cuidado tem fartura, mas o apressado acaba passando necessidade.” Provérbios 21.5
c) Gaste somente o que tem – “É melhor ser pobre e honesto do que mentiroso e tolo.” Provérbios 19.1
d) Evite o desperdício – “O homem sensato tem o suficiente para viver na riqueza e na fartura, mas o insensato não, porque gasta tudo o que ganha.” Provérbios 21.20
e) Fuja dos negócios desonestos – “Quem procura ficar rico por meios desonestos põe a sua família em dificuldades; quem odeia o suborno viverá mais.” Provérbios 15.27
f) Contente-se com o necessário – “Não estou dizendo isso por me sentir abandonado, pois aprendi a estar satisfeito com o que tenho.” Filipenses 4.11
g) Considere a abundância como oportunidade para ser generoso – “E Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês tenham sempre tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário para fazerem todo tipo de boas obras.” 2 Coríntios 9.8
Quando os problemas financeiros ocupam a maior parte de nossas preocupações, é hora de colocar em prática a oração sensata do sábio: Não me deixes mentir e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o alimento que preciso para viver. Porque, se eu tiver mais do que o necessário, poderei dizer que não preciso de ti. E, se eu ficar pobre, poderei roubar e assim envergonharei o teu nome, ó meu Deus.” Provérbios 30.8-9.

sábado, 27 de junho de 2015

Como gerenciar o dinheiro / Dealing with Money / Cómo administrar el dinero

Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos. Isso também não faz sentido.” Eclesiastes 5.10

A maior dificuldade que as pessoas enfrentam quando o assunto é sucesso na carreira é a maneira como lidar com o dinheiro, quer seja ter muito ou pouco. A relação com o dinheiro é uma área que todos temos problemas. Ainda não aprendemos a melhor maneira de lidar com esse recurso que a sociedade desenvolveu para regular as relações econômicas entre as pessoas. O dinheiro determina as relações na sociedade moderna, fazendo com que oriente as ações de indivíduos e a convivência social.
O dinheiro tende a interferir na nossa personalidade, transformando-nos em objeto, que não depende mais da relação com o grupo, mas da capacidade de poder aquisitivo. Somos considerados na mesma condição de coisas, diluindo assim a nossa personalidade. De um modo geral, o imaginário criou alguns personagens que tipificam bem a maneira como as pessoas se relacionam com o dinheiro: o avarento, o pródigo, o ganancioso, o aproveitador.
Quando o dinheiro domina nossas preocupações, o que passa a orientar as nossas relações é o aspecto quantitativo e não mais o qualitativo. Essa é a principal causa da desigualdade social. Por essa razão, a Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6.10).
Isso acontece porque vivemos numa sociedade que substituiu os laços de afinidade antigos pelas relações impessoais. O dinheiro é o meio que estabelece novos vínculos entre as pessoas. Lidar com ele demanda uma nova inteligência, que ponha de lado a demonização da riqueza e do poder monetário que se estabeleceu desde o começo da Modernidade, para dar lugar a uma construção de relacionamentos em que o dinheiro possa ser considerado como ele realmente é: um medidor das diferenças qualitativas entre as coisas e as pessoas, como um agente libertador dos indivíduos da tutela do estado, da igreja, da família e da sociedade.
O dinheiro surgiu a partir da troca que se baseia na noção de valor. Portanto, sua origem está ligada a um aspecto subjetivo. As relações humanas são de troca, por assim dizer. Sendo assim, o dinheiro assume papel de mediador entre indivíduos, ações e de organizações. O dinheiro é, portanto, meio para se estabelecer relações recíprocas, mas que acaba se transformando como um fim em si mesmo.
Deste modo, o dinheiro influencia o ritmo da vida. Ele determina interesses, intenções e objetivos. Seu uso tem o poder de aproximar ou de excluir pessoas, de atribuir honra ou de menosprezar, de construir esperanças ou produzir desalento. Além do mais, os planejamentos que não incluem, de modo claro, os custos e as origens dos recursos financeiros tendem ao fracasso.
O dinheiro é o maior símbolo de como a vida é transitória. Para que o seu valor seja estabelecido, é preciso que esteja sempre em circulação. Como disse Augusto Cury,você precisa conquistar aquilo que o dinheiro não compra. Caso contrário, será um miserável, ainda que seja um milionário”.
Há valores que não são medidos pelo dinheiro, mas que conferem sentido à vida. É o caso da prudência e da generosidade.
A maneira de lidar com o dinheiro tem a ver inclusive com a espiritualidade. A Bíblia trata deste assunto. Jesus disse: Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (João 6.21) A Bíblia diz também: “E, quando Deus concede riquezas e bens a alguém, e o capacita a desfrutá-los, a aceitar a sua sorte e a ser feliz em seu trabalho, isso é um presente de Deus” (Eclesiastes 5.19).
O problema não é possuir dinheiro, mas se deixar ser dominado por ele. Ter liberdade e independência financeira significa que é você quem exerce controle sobre o dinheiro e não o dinheiro que exerce controle sobre sua vida.

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