sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A nova dimensão da tolerância / The new dimension of tolerance / La nueva dimensión de la tolerancia

Tolerância tem a ver com a nossa capacidade de aceitar uma atitude diferente daquelas que consideramos como norma. Num tempo de mudança de paradigmas, a pergunta é: deve-se tolerar tudo?
Penso que algumas vezes é necessário tolerar o que não se quer ou com o que não concordamos. Mas nem sempre a intolerância é um erro e até mesmo algumas coisas devem ser repudiadas sim. O intolerável é uma possibilidade e, em certos casos, torna-se uma virtude combatê-lo.
Há ainda aquilo que consideramos simplesmente como tolerável, no sentido de que, apesar de desprezível e detestável, exige uma atitude de convivência pacífica. André Comte-Sponville, em seu Pequeno tratado das grandes virtudes, define que “tolerar é aceitar o que poderia ser condenado, é deixar fazer o que se poderia impedir ou combater. Portanto, é renunciar a uma parte de seu poder, de sua força, de sua cólera… Assim, toleramos os caprichos de uma criança ou as posições de um adversário. Mas isso só é virtuoso se assumirmos, como se diz, se superarmos para tanto nosso próprio interesse, nosso próprio sofrimento, nossa própria impaciência” (1999).
Tolerar, portanto, é assumir responsabilidades. Se você apenas transfere a responsabilidade para o outro, já não se trata mais de tolerância. “Tolerar o sofrimento dos outros, tolerar a injustiça de que não somos vítimas, tolerar o horror que nos poupa não é mais tolerância: é egoísmo, é indiferença (...)”, diz Comte-Sponville.
A tolerância possui seus limites, que não se trata de uma aceitação passiva da verdade ou da realidade. O que determina o limite do tolerável é a ameaça efetiva à liberdade, à paz e à sobrevivência de uma sociedade. A tolerância se limita ao campo das idéias, da opinião. No campo das ações, existe muita coisa intolerável até mesmo para o mais tolerante dos santos. Aquilo que causa sofrimento, injustiça ou opressão ao outro precisa e deve ser combatido, nunca tolerado.
O tema da tolerância ganhou força nos círculos protestantes, nos séculos XVI e XVII. Hoje, a tolerância está relacionada a uma cultura política liberal que trata de uma relação entre diferentes. Mas a questão precisa ir além. Um racista, por exemplo, não deve exercitar a tolerância simplesmente, mas superar o seu racismo.
Não basta lutar pelos direitos das minorias, mas enfatizar os direitos fundamentais da pessoa e a dignidade do ser humano. A tolerância deve se constituir como uma espécie de sabedoria que supera o fanatismo, o dogmatismo, a intolerância, e que se manifesta como um profundo amor pela verdade. Amar a verdade é reconhecê-la tal como ela é: não existe na forma absoluta e final, mas como um saber ou um valor a caminho de se realizar.
É preciso concordar com o argumento conclusivo de Comte-Sponville: “Como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria, dos santos, assim a tolerância é sabedoria e virtude para aqueles que – todos nós – não são nem uma coisa nem outra. Pequena virtude, mas necessária. Pequena sabedoria, mas acessível.”

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Dom de línguas / Gift of tongue

Um dos assuntos mais controversos no meio protestante, por incrível que pareça, está relacionado a uma característica da ação do Espírito Santo. Fico pensando como que um tema teológico pode dividir tanto um grupo a ponto de se comportarem como se fossem inimigos.
Não quero aqui polemizar sobre o assunto. A verdade é que a questão do dom de línguas tem a ver com o modo como se desenvolve a espiritualidade. Aqueles que se preocupam em ter uma espiritualidade mais carismática valorizam esse tipo de manifestação, colocando-o como um dos dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo para a igreja servir melhor. Até aí tudo bem. O problema está em usar o dom de línguas como uma expressão coletiva e em considerá-lo como um dos mais importante que os demais.
O assunto não é um problema de hoje. Ele dividiu os primeiros cristãos também. Tanto que, na Bíblia, o apóstolo Paulo procurou disciplinar o uso de dons, sem que houvesse qualquer impedimento para a expressão de qualquer um.
Em I Coríntios 14 encontramos algumas diretrizes para entendermos bem esse tipo peculiar de ação do espírito santo na vida daquele que crê. O primeiro esclarecimento é que falar em uma língua faz parte do processo de comunicação entre as pessoas. É uma faculdade humana que favorece a interação e caracteriza a vida em sociedade.
Falar em outras línguas, entretanto, como expressão de espiritualidade está relacionado ao aspecto subjetivo de nossa relação com Deus. Porém, Deus não precisa de uma língua humana para se relacionar com o homem. A linguagem de Deus independe de um conjunto sistêmico conhecido como língua. Por isso que a Bíblia diz que deus fala ao coração, terreno enganoso que só ele entende.
Da mesma forma, nós não precisamos de palavras inteligíveis para expressarmos nossos sentimentos a Deus. Deus se relaciona conosco não somente pela fala, mas muito mais pelo silêncio e pela escuta.
Por isso que a experiência coletiva de falar em outras línguas acaba tendo um aspecto de confusão. Torna-se também um equívoco, e até uma ingenuidade, usar o dom de línguas como marca distintiva de poder e de espiritualidade. Contudo, Deus ainda assim abençoa porque leva em consideração as expressões íntimas de sinceridade e consagração.
Falar em outras línguas (e até mesmo em nossa própria língua natural) na relação uns com os outros exige discernimento e prudência.
Na primeira vez em que o Espírito Santo impulsionou os discípulos a cumprir a ordem de compartilhar a mensagem de forma coletiva, cada um ouvinte a entendeu em sua própria língua, quer dizer, conforme a variação dialetal de sua nação de origem. Os discípulos foram capacitados a pregar a mensagem na linguagem comum dos seus ouvintes, de forma que eles entendessem através das expressões idiomáticas, figuras de linguagem e as variações populares comuns de sua gente.
Seria o mesmo que pregar uma mensagem a um grupo culturalmente distinto do nosso, com suas gírias comuns e suas expressões grupais. Existem tantos grupos assim em nosso meio, divididos por características geográficas, econômicas, sociais, culturais e até religiosas.
Mas, ao contrário dos primeiros discípulos, que se renderam à direção do Espírito Santo, a igreja de hoje acaba falando em uma língua diferente de seus ouvintes. Em alguns casos, desenvolve um dialeto novo, só entendido pelos falantes de nossa “tribo”.
Isso não quer dizer que se deva proibir o falar em línguas. Mas valorizar o dom de usar a língua para a edificação do outro. Quando vejo alguém que ora ou fala em línguas reconheço o quanto essa pessoa pode ser sincera em sua fé para com Deus, mas não vejo qualquer utilidade prática para a sua relação com o próximo. Creio que é um novo exercício de espiritualidade a ser experimentado.
(Tema da aula do dia 25/11/2007 na Classe Bíblica da Igreja Batista da Orla de Niterói)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Vida simples / Simple life

Uma boa maneira de começar o seu dia é pelo café da manhã. Deve ser como um ritual, uma celebração a um novo dia. Acordar a cada manhã faz parte de nosso ciclo vital. E isso é fundamental para nos sentirmos vivos.
Você é daqueles que é capaz de sacrificar qualquer coisa por mais 15 minutinhos na cama? Experimente olhar para o ato de levantar de um outro modo. Um novo dia que se inicia representa uma série de oportunidades que surgirão em sua vida e que precisam ser bem aproveitadas.
Ao acordar, você tem necessidade de aquecer e de alimentar bem a si mesmo. Sabe aquela propaganda que diz que a melhor coisa depois de um bom jantar é um bom café da manhã? Pois é nisso que eu gostaria que você pensasse. Acordar não pode ser um grande sacrifício que você tenha que enfrentar todos os dias. Precisa, antes de tudo, ser o resultado de um ciclo vital, de uma vida bem vivida e desfrutada com intensidade.
Depois de um período de inatividade, que corresponde em média a oito horas de sono, você precisa de um tempo para começar a agir e entrar no ritmo. É claro que tem manhãs que a gente quer ficar um pouco mais na cama, principalmente depois de um dia estressante. Mas você não pode abrir mão de celebrar o amanhecer de um novo dia.
Para isso, você precisa de duas coisas fundamentais. Primeiro, um bom café da manhã. Isso me faz lembrar de minha médica do trabalho. Ela me disse que pela manhã eu preciso comer frutas e que eu devo preferir aquelas que enchem a boca de água quando são mastigadas, que eu preciso também da proteína dos queijos (de preferência os brancos) e que eu preciso de uma bebida quente e forte para começar o dia.
Costumo fazer questão da mesa posta, mesmo quando estou só. De vez em quando, nada como fazer uma surpresa ou ser surpreendido pela companheira com o café da manhã na cama. Belas maneiras de celebrar o começo de um novo dia.
Segundo, você precisa de um tempo de meditação para pôr em ordem o seu mundo interior. Não precisa mais do que quinze minutos para conversar com Deus, falar o que você sente e precisa, ouvir a Sua voz ainda que no silêncio. Não há uma regra para isso. A meditação é um exercício muito pessoal de introspecção. Alguns preferem o ritual do tipo budista, outros a formalidade do pietismo. Penso que o formato é o que menos importa. Você precisa ter a convicção de que está na presença de Deus e que isso se constitui em um momento único.
Qual a ordem? Se o café vem antes da meditação ou é o contrário? Não importa. Você precisa das duas coisas. Elas precisam ser inseparáveis. Começar bem um dia é condição para desfrutar de todas as oportunidades que virão.
Pode ser que você seja daqueles que não têm tempo para nada. Quando aprendi a valorizar o começo do dia, tive que acertar o relógio para despertar quinze minutos mais cedo. Nos primeiros dias foi difícil, mas com a persistência virou um hábito e o corpo logo se adaptou. Se sou fiel a esse hábito? Claro que não. Eu preciso ser fiel com relação aos meus valores, princípios e propósitos, não com a minha rotina. Começar bem o dia é que se tornou um grande valor para minha vida. E disso não se deve abrir mão.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O que significa ser sincero / What is sincerity

Muitas pessoas fazem questão de serem sinceras. Isso é bom. O problema é quando começam a falar. Geralmente começam com a expressão: “sinceramente...” Para a nossa sociedade, sinceridade virou uma forma de agressividade verbal em que se diz aquilo que vem à boca sem qualquer reflexão crítica.
Essa sinceridade que diz o que vem de imediato à mente inaugura um discurso de rejeição ao outro, no qual se ressaltam as diferenças e se rejeitam as aparências. Na verdade, não passa de uma grosseria e de intolerância por parte de quem fala, principalmente quando é dita sem piedade, sem compaixão pelo outro. A sinceridade sem amor é crueldade.
Esse tipo de sinceridade não faz bem a ninguém. Esse jeito de dizer sem refletir gera expectativas falsas em relação ao outro e em relação a si mesmo. Além disso, falseia o sentido de coragem, uma vez que corajoso não é aquele que avança de peito aberto contra o inimigo. Mas aquele que reconhece as suas potencialidades e sabe de fato quem é.
Porém, sinceridade não tem nada a ver como a maneira como você vê o outro. A palavra vem do mundo da marcenaria. Os fabricantes de móveis, quando usam uma madeira com falhas, usam a cera para escondê-las. Um móvel sem cera é um móvel liso por natureza, que mostra a madeira tal como ela é. Assim é também uma pessoa sincera.
Sinceridade tem a ver com a maneira como você vê a si mesmo, tal como você é, por trás das máscaras que você usa para se relacionar com os outros. O modo como você vê a si mesmo interfere no modo como você vê o outro.
Por isso que a verdadeira dimensão da sinceridade só pode ser encontrada na confissão. Não a confissão formal, por motivos de uma obrigação religiosa. Mas a confissão como um ritual de autoconsciência.
A sinceridade é, portanto, uma atitude de auto-análise, de exame de si mesmo. É também uma exigência para que você se reconheça como pessoa e para que saiba tanto dos seus limites como de suas potencialidades.
Isso implica em um exercício de entrega ao outro, isso influencia o modo como você se mostra ao outro. Quer ser sincero? Diga para você mesmo, assim, “na lata”, quem você é!

domingo, 25 de novembro de 2007

Quem é você? / Who are you?

Alguma vez você já parou para se perguntar a respeito de quem é você? E, ao fazer essa pergunta, você não reparou que para cada situação que você enfrenta – e até mesmo para cada ambiente que você freqüenta – você assume um papel diferente? Em princípio, a resposta a essas duas perguntas pode remetê-lo a uma resposta pronta de que você é uma pessoa com muitos papéis.
Mas pare também para pensar no que as pessoas diriam se fossem perguntadas a respeito de quem é você. Como as pessoas que trabalham com você, os membros de sua equipe, definiriam a sua pessoa? Será que isso corresponderia a quem você é no íntimo e até mesmo a quem as pessoas de outro grupo – sua família, por exemplo – dizem que você é?
A verdade é que cada um de nós é resultado de alguns processos básicos de formação: nossas origens, nossa educação, nossas obrigações cotidianas, nossa interação com mundo, nossos devaneios e nossos anseios. Ao longo de toda a nossa vida formamos uma espécie de relação com o mundo que se constitui em verdadeiras defesas para esconder e proteger nossas emoções. São as nossas máscaras.
As máscaras são nossas respostas às convenções e tradições sociais e às nossas próprias necessidades internas. É o lado de nossa personalidade que se torna pública. Aqueles traços que nos distinguem e que os outros vêem.
Um fato interessante é que todos nós temos uma propensão muito grande a nos auto-enganar. Somos capazes de sentir e de acreditar que somos de fato o que não somos. E fazemos isso de boa-fé. Nos iludimos com muita facilidade imaginando que somos algo além ou aquém do que realmente somos. passamos a vivenciar de forma mascarada e não do modo que somos.
Se você fizer uma análise de si mesmo, isenta de preconceitos, pode ser que se dê conta de que possui atitudes, comportamentos e até hábitos que se tornaram vícios que você não vai gostar de saber que os tem. Mas o fato é que você precisa saber quem você é realmente. Ter conhecimento de quem você é por trás da máscara vai apontar quais são os medos, orgulho, vergonha, impedimentos de ser quem você é. Esse é o primeiro passo para o conhecimento de si.
Ter a ousadia de dar esse primeiro para saber quem você é significa repensar a vida, ter a atitude de abrir-se à possibilidade de se tornar quem você pode ser. Jesus Cristo chamou essa atitude de nascer de novo. E colocou isso como uma necessidade. E é condição para ter acesso ao Seu Reino.

sábado, 24 de novembro de 2007

O lugar da profecia / The place of prophecy

Profetizar é ser canal de comunicação entre Deus e os homens. É declarar a vontade de Deus aos homens. É fazer soar o clamor de Deus a um mundo aflito.
O profeta entende a paixão do Criador pelo homem perdido, conhece os mistérios de Sua Palavra e recebe a direção do Senhor para a melhor interpretação e aplicação para o seu tempo. Isso significa escutar a voz de Deus.
Deus precisa de profetas para hoje. O desafio é imenso. O profeta de hoje precisa denunciar o pecado e a corrupção, anunciar o tempo do arrependimento e apontar a porta aberta para afirmação de uma humanidade restaurada.
Paulo resume bem a missão profética: visa edificar a vida daqueles que foram destruídos por uma visão distorcida do mundo; visa exortar os que estão dispersos e desorientados a seguir o caminho proposto pelo Senhor; visa consolar aqueles que choram a sua triste condição humana. “Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação” (1 Coríntios 14.3).
Quase sempre isso significa mexer com os poderosos, com as estruturas dominantes, incomodar o inimigo. Pode acarretar um alto custo para vida do profeta. Para o mesmo Paulo, se alguém está procurando algum dom especial, alguma habilidade para servir a Deus em seu tempo, deve procurar o de profetizar (1 Coríntios 14.39).
A profecia não mudou com o passar dos anos. A Palavra de Deus continua viva entre nós e precisa ser anunciada ao mundo. Deus continua levantando profetas nos dias de hoje para que falem a sua Palavra aos homens. O desejo do coração de Deus ainda é o mesmo.
A fonte da profecia e a forma de profetizar, entretanto, são outras. Antes, o profeta recebia a inspiração direta de Deus de forma inédita. Hoje, ainda que Deus continue a inspirar diretamente a seus profetas, há o compromisso com a Palavra de Deus revelada aos homens, a Bíblia. Mas o conteúdo da profecia não mudou. Deus continua a chamar e mover homens nos dias atuais para exercerem o ministério profético no mundo em que vivemos. A Palavra de Deus nunca passará e nunca voltará vazia, ou seja, em qualquer tempo produzirá os efeitos que são agradáveis ao Senhor.
E, tanto quanto no passado, o ministério profético nem sempre será bem-vindo entre os homens. Ezequiel é o exemplo de profeta ara o seu tempo. Deus alertou a ele que, ainda que o povo não quisesse ouvir a mensagem, deveria ficar evidente que havia no seu meio um profeta.
O que determina a conduta de um profeta não é o seu poder de oratória ou os títulos que possui, mas o tempo que gasta na presença de Deus, buscando a sua face e estudando a Sua Palavra.O verdadeiro profeta deve marcar sua conduta pela sua dependência de Deus, pela unção espiritual que possui e pela autoridade na Palavra. A verdade profética não é evidente nem lógica: é coerente.
Homens e mulheres assim são raros. Seja um profeta. Em tempos de tanta tecnologia avançada, usando todos os recursos de que dispomos, seja um profeta para hoje, anunciando para todo homem o eterno propósito de Deus.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Quando o trabalho duro se torna excesso / Workaholic, perfection addict

O trabalho em excesso é um problema que se torna imperceptível porque se confunde com uma virtude. Mas dedicação excessiva ao trabalho já é tratada como um mal que precisa de uma terapia adequada. O nome que se dá à pessoa acometida dessa enfermidade é workaholic.
A maioria dos workaholics é perfeccionista, tem uma necessidade de controle ou então apresenta uma combinação dessas características. O assunto vem despertando o interesse há algum tempo. Um número maior de profissionais de saúde mental atualmente considera o vício em trabalho um problema capaz de causar danos tanto mentais quanto físicos.
É provável que você seja ou se torne um workaholic. Se você se sente compelido a trabalhar apenas por trabalhar e sente pânico, ansiedade ou é tomado por uma sensação de perda quando não está trabalhando você já experimenta alguns sintomas. O workaholic é viciado em atividades incessantes e procura uma maneira de se envolver mais com a tarefa. Ele não está procurando maneiras de se tornar mais eficientes; está simplesmente buscando formas de sempre ter mais trabalho a fazer.
Não se trata apenas de aqui valorizar a preguiça ou o ostracismo. Se bem que há produtividade no ócio. A diferença é que a pessoa que não é um workaholic sabe como estabelecer limites. Algumas vezes qualquer um de nós precisa trabalhar durante longas horas, mas cada um tem um regulador interno que diz quando isso está indo longe demais.
Pesquisas recentes tem descoberto que o estresse que acompanha o trabalho excessivo pode levar ao uso abusivo de substâncias como álcool e drogas, desordens de sono, ansiedade e até mesmo a problemas físicos como doenças do coração.
No ambiente de trabalho, o workaholic, além de desencorajar a eficiência, ele pode gerar um estresse enorme entre os outros funcionários. Se for um chefe, pode esperar que os seus subordinados trabalhem muitas horas ou mesmo forçá-los a tentar atingir padrões impossíveis a empreender ações para consertar as coisas quando o resultado disso tudo for qualificado como medíocre.
A pessoa que trabalha muito pode parecer um herói, ao colocar-se a disposição para resolver uma crise após a outra, quando na verdade essas crises poderiam ter sido evitadas. Às vezes, o workaholic pode ter inconscientemente criado problemas a fim de gerar jornadas intermináveis de mais trabalho. Se você chegou a esse ponto, uma advertência: procure ajuda, você precisa de um profissional que te acompanhe.
A reflexão sobre o trabalho em excesso nos ajuda a encontrar o sentido da necessidade de parar. Se você está envolvido em tarefas estressantes, experimente parar um pouco. Poucos minutos que seja. Sinta alegria por não ter que ir a lugar nenhum, de não precisar de pressa. Um tempo para se sentir feliz. Esqueça por um pouco das tarefas, das contas, dos telefonemas, dos e-mails. Reserve um tempo para ser. Isso também é espiritualidade.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Viver com contentamento / Living with satisfaction

Ter é uma grande armadilha. Sansão é um grande exemplo de uma pessoa que não soube conviver com os excessos na Bíblia. Suas decisões o levaram a um grande conflito, a confusão emocional na qual ele se envolveu tornou-se maior do que ele. O resultado em sua vida foi um período de escuridão e sofrimento.
Sansão foi criado por seus pais desde o nascimento para servir a Deus. Ele era consagrado ao Senhor, inclusive com um voto de dedicação. Um símbolo dessa consagração era o fato de que seu cabelo não havia sido cortado. Mas as ofertas e os prazeres atraíram o jovem e isso o levou a ter uma vida dissoluta. Até que casou-se com uma mulher de um povo inimigo ao seu. Apesar disso, Sansão continuou sendo abençoado por Deus com uma força extraordinária, que livrava Israel de seu inimigo mais feroz, os filisteus.
O poder que desfrutou em vida funcionava como um cartão de crédito sem limites em suas mãos. Ele conseguia realizar proezas e conquistas com muita facilidade. E as conquistas geravam mais sede de poder. Uma conspiração, porém, através de sua própria esposa, o levou a revelar o segredo de seu voto. Cortaram o seu cabelo e ele foi aprisionado com facilidade.
A Bíblia diz que, por causa disso, o Espírito do Senhor se ausentou de Sansão. O fim de sua vida foi muito triste. Uma vez ali, sem alternativas, envergonhado e humilhado, Sansão tomou a única decisão possível: de colocar a sua vida a disposição de Deus para que, num único ato, pudesse honrar o nome do Senhor. Essa história pode parecer estranha para você, mas muitas vezes Deus usa de várias maneiras para nos mostrar que só há uma coisa que importa em nossa vida, que é pertencermos a Ele.
Sansão, quando se viu só e perdido em seu desespero, clamou ao Senhor pelas dádivas do contentamento. De um modo geral, as dádivas do contentamento estão aí mesmo disponíveis, ao nosso alcance, para serem desfrutadas. São como presentes simples que nos trazem um sentimento de satisfação, de completude. Robert Johnson, em seu livro Contentamento, fala dessas dádivas. Observe pelo menos quatro dessas dádivas que Sansão vivenciou:
A dádiva de parar. Você precisa diminuir o ritmo, dar um tempo para você mesmo. Algumas vezes somos forçados a isso, quando somos obrigados a ficar parados em meio as atividades corriqueiras (fila de espera no banco, no aeroporto etc.). Sansão teve que parar o ritmo quando foi preso pelos filisteus. Ele pôde refletir sobre a importância de sua vida e os propósitos de Deus. A Bíblia, no Salmo 37 tem três conselhos úteis para fazermos na hora em que paramos: “Deleite-se no Senhor, e ele atenderá os desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor, confie nele e ele agirá (...) Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência...” Salmos 37.4, 5 e 7.
A dádiva da fidelidade ao momento. É uma atenção concentrada e deliberada com o que está a sua volta. A narrativa bíblica conta que Sansão foi levado pelos filisteus a uma grande festa. Quando estava ali naquela grande construção, envergonhado e humilhado, fez uma sondagem das circunstâncias em que se encontrava. “Sansão disse ao jovem que o guiava pela mão: ‘Ponha-me onde eu possa apalpar as colunas que sustentam o templo, para que eu me apóie nelas”. Juízes 16.26.A Bíblia nos diz que a graça nos satisfaz e ela só pode ser experimentada em meio à vida no mundo. “Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensinou a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente”. Tito 2.11-12
A dádiva da energia. Quando chegamos a uma falência de energia, precisamos encontrar formas de recarregar as baterias e deixar Deus agir. Naquele momento em que se encontrava, Sansão tomou a decisão mais importante de sua vida. Diz a Bílbia: “E Sansão orou ao Senhor: ´Ó Soberano Senhor, lembra-te de mim! Ó Deus, eu te suplico, dá-me forças mais uma vez...’” Juízes 16.28. O desejo de Jesus para todo ser humano é: “... eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente”. João 10.10.
Finalmente, a dádiva da reparação. Faça um inventário de sua vida e reconheça onde você está errado. Admita o erro. Procure as pessoas lesadas e repare o seu erro. Isso exige humildade e ajuda a vencer o sentimento de culpa. Sansão procurou reparar o seu erro de uma forma inusitada. “... disse: ‘Que eu morra com os filisteus!’” Josué 16.30. A Bíblia diz que houve mais perdas para os filisteus naquele momento que em toda a vida de Sansão. Lembra-se da experiência do filho pródigo? Ele tomou uma decisão: “Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: pequei contra o céu e contra ti”. Lucas 15.18
Você pode viver com contentamento em meio a esse tempo consumista. Só depende de você.

domingo, 11 de novembro de 2007

Vencendo os excessos / Winning the excesses

Você está satisfeito com o modo como você vive hoje? Houve alguma época em que você já esteve contente de verdade? A resposta a essas perguntas tem a ver com o modo como você conduz a sua vida, se você é ou não direcionado pelos apelos do consumo.
Você já reparou como há uma variedade de ofertas para cada coisa que você faz? A vida parece um grande supermercado em que você encontra um sortimento muito grande de coisas para você escolher. Isso não está relacionado somente a uma variedade de produtos no mercado. Há também uma variedade de idéias, de concepções morais, de religiões. Podemos ir mais adiante. Essa variedade tem se refletido nos excessos que acontecem a nossa volta. Excesso de violência, de informação, de alternativas, de diferenças, de preferências...
Não que a diversidade seja de todo ruim, mas o excesso tem causado uma séria crise: a oferta tem sido maior que a nossa capacidade de assimilar. E isso tem provocado um certo medo tomar decisões, de fazer escolhas. O receio de fracassar ou de tomar uma decisão agora e depois se deparar com uma situação melhor.
A maneira como se constitui a sociedade contemporânea, todos os apelos se destinam a criar sentimentos de desejo ou aversão nas pessoas. Ir atrás de coisas novas ou diferentes nunca satisfaz, e jamais você terá satisfação se entrar num ciclo interminável de ganhar e gastar, de desejar e se arrepender.
O antídoto para o sentimento de ansiedade provocado pelos excessos é o contentamento.
Contentamento é a experiência de estar satisfeito. A Bíblia ensina isso. Jesus afirmou: “não se preocupem com sua própria vida”, Mateus 6.25-27. O apóstolo Paulo afirmou: “ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter”, Romanos 12.3. E: “... aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação...” Filipenses 4.12.
O contentamento não é o resultado de fazer ou ter. Não basta reorganizar a vida somente do lado de fora, adotando um estilo de vida isento do consumismo. É claro que há virtude em simplificar a vida. Vale a pena adotar um estilo de vida mais simples, ter uma dieta mais natural, diminuir o número de prestação, reduzir suas dívidas, reservar mais tempos com os amigos e família.
O contentamento é uma experiência interior, um modo de ser que não é dominado pelos apelos externos. O que pode causar insatisfação na vida das pessoas? Um fator é a projeção, que é o erro de atribuir um aspecto de sua vida interior a alguém ou algo exterior. Você transfere a pessoas ou coisas a responsabilidade de torná-lo feliz ou infeliz. É o que leva você a elogiar ou a culpar pessoas. Projetamos nos outros atributos negativos (preguiçoso, ganancioso, invejoso, covarde, medroso etc.) e positivos (confiável, amoroso, fiel etc.). Movidos pela projeção, agimos de modo emocional, compulsivo e desproporcional. A maneira de superar as projeções e parar de culpar o mundo pela sua insatisfação é aceitar honestamente quem você é, aceitar a realidade da sua vida aqui e agora.
Outro fator é a Inflação, que é uma visão distorcida de quem você é, quando pensamos e agimos como se fôssemos mais do que realmente somos, cheios de expectativas e até mesmo de arrogância. A vida cotidiana nos estimula a inflação, voltada para o progresso, para o consumo, para o excesso. Toda as vezes que nos inflamos, pagamos um preço. Toda a inflação é seguida de uma deflação, que é uma visão de si mesmo menor do que você é realmente, um sentimento de insuficiência, de negatividade, de alienação, de solidão. O contentamento só pode ser encontrado no equilíbrio.
O contentamento requer que você seja quem é, nem mais, nem menos. Isso implica em ser o que você é e querer o que você tem. Para isso, precisamos de uma fonte de consolo que vá além do eu. Algo em que estabeleçamos uma relação significativa, que nos permite conectar a algo maior. O contentamento nos chega como resultado da graça.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Desafiando gigantes / Facing the giants / Frente a los gigantes

Quais são os gigantes que impedem que você tenha uma experiência profunda com Deus? Essa pergunta faz sentido para você? Aquilo que te causa medo e ansiedade parece para você um gigante desafiador? Isso te assusta e te incomoda?
Os problemas e circunstâncias que nos envolvem atuam como verdadeiros obstáculos a que prossigamos em nossa jornada de fé. Quantos já não abandonaram a vida cristã por causa de grandes obstáculos que se apresentaram durante a caminhada.
É bom usarmos a metáfora de uma travessia de barco. Lembra do episódio narrado nos evangelhos sobre isso? Naquela ocasião, um grande temporal se abateu sobre o mar da Galiléia. Os discípulos estavam ali, no meio daquela imensidão de água, passando por uma tempestade de ventos impetuosos. Jesus, porém, descansava tranqüilamente.
Observe que a tempestade aconteceu no meio da viagem. É no meio do caminho que os problemas acontecem. Os maiores gigantes que temos que enfrentar estão no meio da caminhada.
Observe também que o milagre só foi possível porque Jesus estava com os discípulos no barco. “Com Cristo no barco tudo vai muito bem...” Lembra desse cântico?
Só que os discípulos tiveram duas experiências diferentes, tal qual nós também experimentamos quando estamos diante de problemas que nos desafiam. Primeiro, eles tentaram resolver os seus problemas por si mesmos. Depois, eles lembraram que Jesus estava ali ao lado deles. Por causa disso, Jesus os chamou de “homens de pouca fé”.
Vivemos um tempo de muitas ofertas e de oportunidades, de modo que somos tentados a achar que somos capazes de dar conta de toda a complexidade de nossa vida. Não será nenhuma surpresa saber que alguma vez você tenha se esquecido que Jesus promete estar ao seu lado sempre.
Não importa o que aconteça, não importa quais sejam os desafios, a palavra de Deus nos garante que os propósitos que Deus tem para a nossa vida vão se consumar, se permitirmos que ele esteja no controle de nossa vida.
Por isso a pergunta: o que te parece tão desafiador, que você não consegue dar conta por si mesmo e que te impede de experimentar o amor e o poder de Deus a sua disposição? Coloque isso diante de Deus. Entregue para Ele a sua vida e deixe que Ele mesmo te conduza à vitória.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails