quinta-feira, 4 de abril de 2013

Por uma fé que nos conduz a ser como Cristo / To be like Christ / Ser como Cristo


John Stott, em seu último sermão, disse que o propósito de Deus é que nos tornemos semelhantes a Cristo. Isso tem a ver com o que o apóstolo Paulo escreveu no passado: “Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês.” Gálatas 4.19. Ser semelhante a Cristo é um projeto de vida.
O centro da mensagem cristã é que Deus se fez humano por amor ao humano. Jesus Cristo não pode ser visto como simplesmente um humano, mas o ser humano. A encarnação, a maneira como viveu e a crucificação de Jesus estabeleceram um novo paradigma para a noção de realização humana. Quando a gente fala do humano, sempre é a partir de um campo limitado. O único que pode elaborar um conhecimento do humano em sua condição real é Deus, não só como criador, mas também por ter assumido a própria condição humana.
Até mesmo quando se pensa no sucesso como uma forma de realização humana, sempre será pelo viés da incompletude, dentro dos limites de nossa razão. Ser bem-sucedido levando-se em consideração os modelos fornecidos pela sociedade de consumo ou pela lógica da competitividade é uma forma de rejeição de nossa humanização. O novo paradigma proposto pela fé é ser semelhante a Cristo. Sem dúvida, é muito mais confortável ajustar-se ao modo de vida aceito pela sociedade do que aceitar o desafio de viver como Cristo.
Somente pela fé em Jesus Cristo é possível ter esperança de humanização, pois nele a humanidade se fez nova, ganhou novo significado. O milagre da encarnação, o fenômeno da crucificação, a ressurreição de Jesus deu à luz a um novo modo de ser, uma nova vida, uma nova criatura: o novo homem reconciliado com Deus. Isso significa que Deus toma forma no humano para que possamos viver a nossa humanidade perante Deus. Significa que Cristo toma forma no humano a partir de circunstâncias concretas vividas. Significa dizer que desperta o chamado para viver em novidade de vida na medida em que somos interpelados pelo tempo e pelo espaço, marcados pela cultura, pelos processos históricos e pela abertura na relação com o outro.
Bonhoeffer afirmou que “o ser humano real, julgado e renovado não existe senão na forma de Jesus Cristo e, consequentemente, na conformação com ele”. O evangelho nos convida a adotar um modo de vida em que Cristo tome forma nele. Entretanto, ninguém consegue fazer isso sozinho. Isso é uma experiência trinitária e comunitária: trinitária porque o Espírito Santo nos encoraja a assumir o caráter em Cristo e comunitária porque a igreja se constitui o espaço onde se pratica a conformidade com Cristo. A Trindade está envolvida nisso e a comunidade dos que aceitam esse desafio está implicada nisso também.
Em função disso, Paulo também dizia: “Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo.” 2 Coríntios 4.10. Muitos hoje têm muita informação sobre a figura histórica de Jesus, mas a grande maioria não faz ideia do que significa fazer disso um projeto de vida. Esse conhecimento só será possível a partir do momento em que eu mesmo fizer disso o meu projeto de vida.

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