terça-feira, 18 de junho de 2013

Brasil vai às ruas: Protestos contra corrupção, impunidade e descaso político / Protests in Brazil / Manifestaciones en Brasil


O 17 de junho entra para a história como o dia em que o Brasil saiu às ruas. Ele já é identificado pela marca 17J, dada a relevância do fato de que jovens saíram às ruas para protestar em várias capitais e grandes cidades contra o quadro a que chegou a vida pública no país, abrangendo todas as esferas do poder. Engana-se quem ainda acha que é por causa do aumento de 20 centavos na passagem. Isso foi só o estopim para se dar o grito de basta.
O quadro emblemático desse movimento foi marcado pela ocupação da rampa do Congresso Nacional e pela multidão de mais de 100 mil pessoas no centro do Rio de Janeiro. O movimento começou a tomar forma em São Paulo e se inflamou com as cenas de violência da polícia contra os manifestantes, usando de um forte aparelhamento repressor que relembrava os anos de chumbo da ditadura militar. Essa insatisfação já vinha sendo expressa nas redes sociais. Agora, ganhou as ruas, com repercussões em todo o mundo.
O ambiente é propício. Cansou-se de se gritar “fora Renan” e vê-lo eleito presidente do Senado. A demora de um desfecho do julgamento do “mensalão” soa como impunidade. As negociatas no Congresso Nacional para elaborar leis chegam a ser escandalosas. O risco da volta da inflação como resultado da especulação do mercado é uma ameaça aos salários. E, como se já não bastassem os problemas internos, os preparativos para a Copa 2014 proporcionaram a construção de estádios com custos elevados, surgindo verbas de onde se dizia que não havia e que poderiam ser destinadas para sanar deficiências nas áreas de educação, saúde e infraestrutura.
Histórico, sem dúvida. Mas não inédito na história. Foi assim em 1968, contra a ditadura. Foi assim entre 1983 e 1984 com a campanha das Diretas Já. Foi assim com o movimento dos caras pintadas pelo impeachment do então presidente Collor. A diferença de hoje é que não há uma coordenação do movimento, sem uma entidade com credibilidade para dar forma a uma ação de mudança concreta. É um movimento de indignação, de gente que vai para a rua dizer que não aguenta mais o quadro de corrupção, impunidade e desmando político que grassam em todos os níveis de poder.
Ideológico, sem dúvida. O movimento nasce de uma mentalidade engendrada no contexto de uma sociedade marcada pelo consumo e pelo espetáculo. O importante é ganhar visibilidade e usar as redes sociais para expandir as manifestações com efeito viral. Além disso, a cultura pós-moderna aprendeu a questionar as instituições da sociedade e a colocar em xeque as estruturas de poder vigentes, sejam religiosas, governamentais e até político-partidárias. E isso é tremendamente caracterizado por uma ideologia neoliberal, influenciada pelo comportamento da classe média, apesar de ser apartidária, a favor da não violência e não direcionada a uma pessoa específica.
O dado positivo desse movimento é o grau de amadurecimento político a que chegou a juventude, ao afirmar que não aceita mais conviver com esse estado de coisas. De uma forma ingênua, talvez, mas que tem a coragem de dizer que do jeito que está não dá para continuar. Não dá para se ter mais uma mídia vendida a interesses políticos, confundindo a informação. Não dá para continuar aumentando impostos e tarifas sem a melhoria dos serviços. Não dá para gastar mal o dinheiro público, sem priorizar a educação, a saúde e a infraestrutura. Não dá mais para usar a força policial contra o povo, quando não a usa na mesma intensidade contra a criminalidade.
É isso. Escrever aqui é uma forma de protesto. Estou junto dessa juventude que conscientemente diz “basta”. Depois de ter assistido a tantos movimentos que foram explorados por forças de esquerda e de direita, torço daqui para que não descambe para atender a interesses de grupos hegemônicos. E oro para que uma voz profética se levante, como foram Dietrich Bonhoeffer e Martin Luther King Jr., para dizer que essa luta só terá sentido se for materializada na esperança de uma sociedade mais justa, com pessoas com direitos iguais, melhor distribuição de renda e tratamento digno como cidadãos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Por uma fé que se torna cultura / Gospel and culture / Evangelio y cultura

Uma fé que não possa ser partilhada e vivenciada de modo significativo pelas pessoas a partir do seu contexto cultural não vale a pena ser vivida. É celebre a formulação do papa João Paulo II: “Uma fé que não se torna cultura é uma fé que não foi plenamente recebida, não inteiramente pensada, não fielmente vivida”. O cristianismo sempre vagueou entre a inculturação e a globalização da fé, entre uma fé que se expressa no contexto da cultura e a universalização de valores e princípios que orientam a vida de fé. A grande questão que envolve a teologia tem a ver com a maneira como se torna possível vivenciar a chamada “fé uma vez por todas confiada a santos” (Judas 1.3).
Uma fé assim tem a ver com a identidade de uma comunidade local, com a maneira como as pessoas enfrentam seus conflitos de vida. Isso é o que está presente no cotidiano da vida comunitária, é o que encoraja as pessoas diante da crise, é o que ilumina a busca de sentido, é o que fortalece a esperança e o que aponta um futuro. Uma experiência de fé assim está sujeita a uma atualização constante, carece de aperfeiçoamento a partir de um processo permanente de diálogo. Já houve tempo em que fazer missão era exportar um modelo cultural, confundido-se unidade com uniformidade.
O fenômeno da globalização, marcado pelas novas tecnologias de informação, permite um fluxo cultural maior entre o global e o local num efeito de complementaridade. Daí a máxima “pensar globalmente, agir localmente”. O que se percebe é que o global é sempre assimilado localmente de uma forma muito particular, de modo que a experiência de uma cultura local só pode ser compreendida à luz de paradigmas globalizados. E isso se dá no campo da fé também.
A realização da missão no contexto da cultura é a característica principal do Reino de Deus. Nesse sentido, Jesus afirmou que seu Reino não é deste mundo, mas que é trazido para as pessoas que nele vivem como realização plena de sua humanização. A realização do Reino em diferentes épocas e em diferentes espaços traz exigências para a vida de fé. Sua essência permanece, mas suas formas de expressão podem mudar, como mudou ao longo da história.
O que é comum todos os povos, línguas e nações é a graça salvadora, revelada na pessoa de Jesus de Nazaré e proclamada no Evangelho. Trata-se de uma iniciativa divina de se autocomunicar com a humanidade toda, de modo que a fé deve ser entendida sempre como a resposta a esse gesto de Deus. Fé que não acolhe o gesto divino como graça não faz sentido. O gesto divino se realiza nessa acolhida de fé por parte das pessoas e se expressa por meio das representações e ações no âmbito da cultura. O humano é marcado pela cultura. É por causa dela que fazemos uso da linguagem e de gestos para interagir com outras pessoas. Sendo assim, toda a revelação só é compreendida como inculturada. Não dá para falar em uma fé pura, mas que é sempre vivenciada no interior de uma realidade cultural.
Uma fé que não se expressa através das habilidades e talentos das pessoas em seu contexto cultural carece de aperfeiçoamento. Uma comunidade de fé que não consegue compreender isso não alcançou o sentido da missão e precisa rever seus conceitos. Além disso, a vida marcada pela fé envolve a experiência com o transcendente de modo tal que a graça salvadora se manifesta de forma diversa para o bem comum. É a fé que expressa como dom, é a graça que se torna concreta nas ações em favor do outro. Dons espirituais são amostras da multiforme graça de maneira que possa ser acolhida em fé. Uma fé que se transforma em dom, talentos e habilidades é o que permite que a missão seja levada a efeito e de tal modo que possa ser relevante para um tempo que aprendeu a viver sem Deus.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Curso de Desenvolvimento Pessoal Estratégico, em João Pessoa - PB


Entre os dias 17 e 20 de julho, estarei ministrando um curso sobre Desenvolvimento Pessoal Estratégico. Será na Igreja Batista Litorânea, João Pessoa - PB. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas pelo telefone (83) 3245-2741.

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