Um dos mais antigos desejos humanos é a previsão do futuro. Entretanto,
a melhor maneira de prever o futuro é investir em sua construção hoje. Foi o
que Peter Drucker afirmou: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.” A
construção do futuro é um tema presente no imaginário da humanidade há muito
tempo. Isso tem fascinado escritores, pensadores e pesquisadores em épocas diversas.
O ser humano é o único ser vivo que tem noção do futuro e que, por isso mesmo, consegue
trabalhar o seu imaginário no sentido de idealizá-lo. O futuro é o que
representa nossas expectativas e a nossa esperança, uma vez que o presente já
se encontra desvendado e o passado constitui nossas lembranças.
A ideia de uma viagem no tempo é uma ficção que tem alimentado o
cinema e a literatura, mas que passou a ser tratada como uma possibilidade
quando o matemático Kurt Godel, na década de 1940, analisou as equações
propostas por Albert Einstein, apontando para a transposição de informações
para além do tempo.
Para nossa noção de temporalidade, o passado é imutável, o
presente é o instante vivido e o futuro é o que está em aberto. A exigência de
deixar nossa realização para um “quando” acaba se tornando uma síndrome que
dificilmente nos livramos. A nossa felicidade é transferida para quando comprar
a casa própria, para quando casar, para quando formar os filhos, para quando se
aposentar. Da mesma forma, na época em que os ocidentais desenvolveram a noção
de carpe diem, que incita a desfrutar
o presente, isso se tornou um verdadeiro engano. Não dá para viver o presente
ignorando que o futuro virá. Isso foi sinal de decadência para o império
romano.
Jesus também nos ensinou a não nos preocuparmos com o amanhã.
Porém isso não significa desprezar o futuro. A melhor maneira de se lidar com o
futuro é vivendo a realidade do Reino no presente. Muitos acham que a questão
do futuro está ligada a um além distante, um evento fora do tempo. Mas o que
Deus tem a fazer para a vida humana está imerso na história. Jürgen
Moltmann reconhece que “nós não somos só interpretes do futuro,
mas já os colaboradores do futuro, cuja força, na esperança como na realização,
é Deus.” O grande desafio que temos diante de nós, portanto, é restaurar as
práticas da esperança no presente de maneira que nos tornemos responsáveis pelo
futuro da humanidade.
Você pode se preparar para o futuro de duas formas: vendo-o como resultado
do acaso ou tratando-o como resultado de suas escolhas. No primeiro caso, ele
não passa de um destino sobre o qual não temos qualquer controle, um mistério
insondável sujeito aos desígnios da sorte ou do revés. No segundo caso, você
precisa dar mais atenção a isso agora. Certa vez, o especialista em gestão Tom
Peters, ao ser indagado sobre como será o futuro, afirmou: “Como será o futuro
eu não sei. Só sei que você terá de estar preparado para ele seja ele qual for.”
O futuro já está presentificado, de forma intrínseca, nas práticas
do presente. O que realizamos hoje aponta para o futuro. A Bíblia trata o
futuro de duas formas A primeira como resultado de nossas escolhas. Paulo afirma
que tudo o que plantamos colhemos. “[...]
o que o homem semear, isso também colherá.” Gálatas 6.7. A segunda como
resultado de promessa. O profeta afirma que Deus tem planos de nos dar um
futuro de paz e restaurar nossa esperança. “‘Porque
sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor,’ planos de
fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um
futuro’.” Jeremias 29.11.
Para a teologia cristã, estas duas formas estão
inter-relacionadas. Isso nos remete a duas capacidades que podemos desenvolver:
a de traçar objetivos e a de sonhar. Quem não tem objetivos claros na vida e
quem não desenvolve a capacidade de sonhar vive de forma insegura. Os objetivos
apontam caminhos que podemos trilhar e os sonhos só existem quando acreditamos
neles. É a lógica do futuro: a capacidade
de investir tempo e trabalho na conquista de objetivos e na realização de ideais.
E isso nós podemos fazer agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário