A
evangelização é uma característica básica e essencial da ação pastoral cristã. O
verbo “evangelizar” designa o ato de anunciar a boa notícia a respeito da
mensagem e vida de Jesus. Aquele que prega o evangelho é chamado de
“evangelista”. A própria palavra evangelho vem de uma expressão grega que quer
dizer “boa notícia”. Ela foi usada pelo primeiro evangelista, Marcos, para
designar o conjunto de relatos a respeito de Jesus Cristo.
O sentido
bíblico da evangelização é anunciar a boa notícia de que Deus ama a toda
criação com a voz e com a vida. Essa relação entre palavra e ação é que
consiste na essência da evangelização. Teólogos ligados à área de missão
concordam em afirmar que a evangelização se dá através do diálogo e da
comunicação, visto que ambas as atividades estão interligadas. Uma está
presente na outra. Não há comunicação possível onde não há diálogo, assim como
não há diálogo quando não há algo relevante para se comunicar.
A mensagem de
salvação trazida pelo evangelho é sempre nova para um mundo que se perdeu de si
mesmo. Ao longo da história humana, as várias tentativas de encontrar solução
para os dilemas vividos pela humanidade resultaram em fracassos. Podemos dizer
que nenhuma corrente de pensamento, teoria ou mesmo religião encontrou uma
resposta para o conflito humano. A boa notícia é que o cristianismo remete à
relação com uma pessoa, que assumiu plenamente o humano em sua vida e ensino, e
que essa relação produz salvação, libertação e vida. A boa notícia é um convite
amoroso para seguir Jesus Cristo como caminho, verdade e vida.
Evangelizar é
uma ação para a qual o Espírito Santo capacita a todo que é alcançado pela
graça. Todo cristão é, por natureza, um evangelista. Não é uma chamada
especial, como uma vocação, mas um jeito de viver o evangelho de tal modo que a
própria maneira como realizamos o diálogo com o mundo e nos aproximamos das
pessoas para servi-los já é anúncio do evangelho.
Jesus delegou a
obra da evangelização aos seus discípulos como uma tarefa urgente. Em Mateus
24.14, Jesus diz que a pregação do evangelho a todas as pessoas é um prenúncio
do fim: “E este evangelho do Reino será
pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.
E em João 9.14, ele diz para aproveitarmos a ocasião para trabalhar pelo
evangelho: “Enquanto é dia, precisamos
realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode
trabalhar”. Durante seu ministério, Jesus capacitou, comissionou e enviou
seus discípulos para pregar o evangelho.
O apóstolo Paulo,
por sua vez, apresenta a tarefa da evangelização sob três aspectos: (1) evangelizar
é um propósito: “Todavia, não me importo,
nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder
terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de
testemunhar do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24); (2) evangelizar é uma
obrigação “Contudo, quando prego o
evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai
de mim se não pregar o evangelho!” (1 Coríntios 9.16); (3) e também é uma
necessidade: “Mas, que importa? O
importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros,
Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a
alegrar-me” (Filipenses 1.18). Para essa tarefa, todo tempo é oportuno: “Pregue a palavra, esteja preparado a tempo
e fora de tempo [...]” (2 Timóteo 4.2).
Trilhar o
caminho da fé é, acima de tudo, ser um anúncio vivo do que Jesus Cristo
realiza. Quando os discípulos de Francisco de Assis perguntavam-lhe sobre como
seria a obra da evangelização, ele dizia: “pregue o evangelho, se necessário
use palavras”. Nada fala tão alto a respeito da mensagem de Jesus do que a
própria conduta daquele que afirma que crê e o segue. Crer em Jesus é abrir-se
para um Outro, que nos interpela e nos remete de volta para o outro a quem
devemos amar e servir.
As condições
de vida no mundo nunca foram favoráveis à evangelização. A história da igreja é
marcada pela perseguição quer seja de ordem policial, política ou ideológica. O
cristianismo subsistiu diante dos cenários históricos dos mais hostis em todo o
mundo. Por essa razão, sempre será um grave equívoco defender determinada bandeiras
políticas, morais ou ideológicas. O cristão deve sempre ser portador da boa
nova de salvação, um anunciador da justiça, da paz e da alegria que encontramos
em Jesus Cristo.
É preciso ressaltar ainda que evangelizar não é
alcançar adeptos, falar de uma doutrina, implantar uma ordem moral ou defender
a religião. Evangelizar é dizer ao mundo com a voz e com a vida que há
esperança para a humanidade perdida. É resultado de uma experiência de amor à
vida, da alegria de fazer parte da família de Deus, de desenvolver uma
espiritualidade engajada com as dores do mundo e uma disposição de assumir o
lugar de intercessor daqueles que sofrem.