domingo, 29 de junho de 2014

Como aumentar a fé / How to increase faith / ¿Cómo aumentar la fe?

Os apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta a nossa fé!’” Lucas 17.5
Santo Agostinho afirmou que os crentes fortificam-se acreditando. A fé é muito mais o resultado de uma experiência de encontro do que de conhecimento. Não cremos mais porque temos mais informações, mas por nos rendermos diante do que Deus tem feito e do que ele pode fazer.
Para ter mais fé, ninguém precisa de mais estudo bíblico ou de leitura, mas de uma experiência significativa de encontro com Deus nos lugares em que Ele se revela a nós. Uma pessoa em busca de fé não pergunta apenas sobre o que deve crer, mas em quem estamos depositando a nossa confiança.
Os discípulos só sentiram a necessidade de ter mais fé quando Jesus lembrou-lhes das dificuldades que poderiam passar e da necessidade de perdoar àqueles que lhes faziam mal. Diante de situações tão desafiadoras, os discípulos perceberam que não conseguiriam dar conta dos relacionamentos e até mesmo do chamado para seguir o caminho de Jesus se não tivessem muita fé.
Jesus, porém, não compartilhou da mesma ideia. Para ele, basta um mínimo de fé para que se possa encarar os maiores obstáculos que possam vir. Ele sabia que seus discípulos seriam capazes de desenvolverem uma experiência de vida que resultassem em uma fé corajosa para cumprirem a missão. Não por causa dos discípulos, mas porque ele mesmo estaria presente na vida de cada um.
Quando você se sentir pequeno diante dos seus grandes problemas, lembre-se que uma pequena fé basta para perceber que Deus é contigo.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Michel Foucault: 30 anos após sua morte – provocações para a teologia / Provocations for theology / Provocación para la teología

Após três décadas da morte de Michel Foucault, seu pensamento continua sendo uma referência para quem está em busca de mudanças, sobretudo no que diz respeito a questões éticas e às relações que envolvem a dinâmica da vida social. A maneira como entende a relação entre saber, poder e sujeito tem ajudado a diversos campos de investigação a desvendar as múltiplas formas como o poder se dá e como é instituída uma rede de saberes que visa a transformação de indivíduos em sujeitos, abrangendo aí a moral e as práticas sociais.
A partir das últimas obras de Michel Foucault, é possível problematizar a respeito da compreensão do sujeito contemporâneo e das estratégias para se desenvolver uma transformação do sujeito, uma forma de contrapoder, que permita resistir aos modos de sujeição que lhes são impostos. Ao delimitar o que tem sido denominada de “último Foucault”, o que se busca é a possibilidade de construir uma cultura de si que permita que o indivíduo se mantenha livre em relação às formas de subjetivação que lhes são impostas e que lhe permita uma afirmação de si como sujeito do conhecimento.
A obra de Michel Foucault está inserida no contexto das reflexões levadas a efeito na segunda metade do século XX e que pode ser denominada de uma filosofia da indeterminação, visto que se ocupa das questões relativas ao sentido e ao sujeito, em contraposição a uma filosofia do saber, centrada na racionalidade e no conceito. O que está em discussão é a reflexão que se faz necessária sobre as relações entre a questão do fundamento da racionalidade e as condições históricas que, na atualidade, tornam possível essa mesma racionalidade.
Foucault ocupou-se especificamente das relações do sujeito consigo mesmo e isso se tornou mais nítido em seus últimos escritos. O conjunto de seu pensamento consistia em uma abordagem ética que visava a um sujeito liberado dos atributos que lhe foram dados pelo saber da modernidade, determinadas pelo poder disciplinar e normalizador e por uma moral orientada para o código, como resultado de procedimentos históricos que vêm sendo construídos desde a antiguidade greco-romana.
Seu principal interesse foi mostrar a possibilidade de orientar os esforços de pensamento e da ação para a constituição daquilo que ele denomina “estética da existência” como um modo de vida orientado para o cuidado de si. Uma vez que a tentativa de se encontrar o fundamento para uma moral universal de caráter normativo, engendrada pela modernidade, fracassou, o que resulta é a relação do indivíduo consigo mesmo cujo centro é a liberdade.
A ética que emerge desse contexto é vista pelo próprio Foucault como a possibilidade de formação de um modo de vida que possa fazer sentido e servir de inspiração como uma obra de arte. Ele disse:
“O que me surpreende é o fato de que, em nossa sociedade, a arte tenha se transformado em algo relacionado apenas a objetos e não a indivíduos ou à vida; que a arte seja algo especializado ou feito por especialistas que são artistas. Entretanto, não poderia a vida de todos se transformar numa obra de arte? Por que deveria uma lâmpada ou uma casa ser um objeto de arte, e não a nossa vida?”
Foucault está empenhado em analisar as ações que governam outras ações a partir de categorias que orientam as práticas sociais que formam o sujeito ético, categorias essas ligadas às relações de verdade, ao poder e à ética que constituem a realidade humana. Na trajetória que ele estabelece para essa investigação – que se dá pelo método arqueológico e genealógico –, Foucault se depara com o cristianismo, que irá se apropriar de técnicas já organizadas do cuidado de si na antiguidade greco-romana para dar lugar a novas formas de uso dessas mesmas práticas.
Foucault tenta diagnosticar quais são os aspectos que caracterizam o momento atual da racionalidade ocidental, identificando os perigos que são inerentes a esse tempo, não na tentativa de redimir a humanidade dos seus perigos, mas de reconhecer que cada época tem seus próprios perigos e que é necessário enfrentá-los. Dreifus e Rabinow denominaram essa atitude de Foucault de um “pessimismo hiperativo”.
“Sua prática sugere, contudo, que ele compreenda que seu diagnóstico dos perigos atuais da luta cristã pela pureza e pela salvação, e da fé iluminista numa razão universal, assim como sua preferência por uma ética que é uma estética da existência com seus perigos, é, em última instância, uma interpretação a ser julgada em termos de sua ressonância com outros pensadores e atores da vida social e seus resultados.”
(Trecho tirado da tese de doutorado “Espiritualidade e subjetividade: a provocação de Michel Foucault e a teologia em tempos pós-modernos”.)


sábado, 21 de junho de 2014

Sucesso / Success / Éxito

Sigam fielmente os termos desta aliança, para que vocês prosperem em tudo o que fizerem. Deuteronômio 29.9.
Todos queremos experimentar o sucesso. Isso, porém, tem mais a ver com o modo como caminhamos do que com o lugar que almejamos. Melhor dizendo, isso tem mais a ver com uma vida bem-sucedida do que com uma conquista.
Alguns mal-entendidos a serem superados sobre o sucesso:
Sucesso não proporciona felicidade, mas pessoas felizes são mais bem-sucedidas.
Sucesso não é o oposto de fracasso, mas nossos fracassos nos ensinam a ser bem-sucedidos nas tentativas futuras.
A pessoa bem-sucedida não é, necessariamente, aquela que tem mais títulos ou bens, mas aquela que se torna aquilo para o qual Deus a criou.
Pessoas de sucesso não são as mais determinadas ou focadas, mas as que se esforçam por viver de acordo com os propósitos de Deus.
O sucesso não vem conforme as oportunidades, mas é resultado de esforço e perseverança.
O sucesso não está relacionado à sua carreira, mas ao seu caráter.
O sucesso não é medido pelas relações de consumo, mas pela maneira como você se relaciona com Deus e com o outro.
Sucesso não é sinônimo de prosperidade, mas de fidelidade e de confiança em Deus.
O sucesso não é medido pela sua reputação, mas por sua integridade.

domingo, 15 de junho de 2014

Uma razão para viver / A reason to live / Una razón para vivir

Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” 2 Timóteo 4.7.
Certa vez, Martin Luther King Jr. afirmou: “O homem que não descobriu algo pelo qual morrer, não está preparado para viver”. Todos nós fomos criados para uma missão de tal modo que, se não a encontrarmos, acabaremos encontrando algo que a substitua.
Nossa missão de vida é vivermos segundo os propósitos de Deus. Desse modo, a vida inteira é tentativa, implica aprendizado tendo em vista nos tornarmos aquilo que Deus gostaria que fôssemos. Nessa busca, temos que lidar de forma permanente com o conflito que nos constitui: a luta inconsciente entre o que queremos e o que podemos.
Por causa desse conflito, cada um de nós possui um esconderijo interior, um lado sombrio em que lançamos todas as coisas de que não gostamos para que fiquem no esquecimento. O problema é que a sombra de vez em quando se manifesta, dá sinais de que está ali e que ainda tem muita coisa que precisa ser tratada.
De vez em quando somos tomados por pensamentos e desejos que traem nossos valores e nos chamam ao arrependimento. Se cedermos lugar para aquilo que somos tentados ou para os apelos de nosso egoísmo, caminharemos cada vez mais distantes dos propósitos de Deus. Foi por isso que Jesus se ofereceu como paradigma e nos resgatou para uma nova vida. Pela fé, temos sempre a chance de um novo começo. Deus espera que vivamos assim até o final, combatendo esse bom combate de modo que nos tornemos aquilo para o qual ele nos criou.

sábado, 7 de junho de 2014

Dia do Pastor: Apascentar / “Feed my sheep” / “Apacienta mis ovejas”

“[...] Cuide das minhas ovelhas.” João 21.17
Uma preocupação bíblica: quem vai cuidar das pessoas a quem Deus ama? Essa pergunta ecoa em várias partes da Bíblia. “A quem enviarei?” “Procuro alguém?” “Como ouvirão se não há quem pregue?” Mas a maneira mais marcante dessa busca está no diálogo entre Pedro e Jesus, após a ressurreição.
Para tocar o coração de Pedro, Jesus pergunta: “você me ama?” Um tema desconcertante. O amor é algo muito subjetivo. Há coisas e pessoas que amamos e não amamos ao mesmo tempo. O problema é ainda maior, pois Jesus usa o verbo grego agapao, que se refere a um amor altruísta, sincero e profundo.
Diante da resposta afirmativa de Pedro, repetida três vezes, Jesus faz o apelo: “Cuide das minhas ovelhas”. Parecia que Jesus queria deixar bem claro que, se alguém desenvolve um amor profundo por ele, deve demonstrar isso cuidando de pessoas. Amar a Deus e a Jesus é cuidar do outro como ele cuidaria.
Ele sabia que isso não é fácil, que nem todos seriam capazes de cuidar de pessoas como ele. Porém, ele lança o desafio para pessoas como Pedro, com seu temperamento, com suas imperfeições, com seus costumes, no contexto de sua cultura.
Cuidar de pessoas é deslocar-se de si para a dimensão do outro, é importar-se com o outro de uma forma tão intensa em que o “eu” não é o mais importante, embora exista e esteja ali latente. Isso é apascentar, sinônimo de pastorear.
Essa é a maneira que entendo pastoreio. E mais: não imagino outra forma de pastoreio.

Nesse Dia do Pastor, não é demais lembrar isso.

domingo, 1 de junho de 2014

Mais que vencedores / We are more than conquerors / Hacemos más que vencer

Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Romanos 8.37
O que pode fazer de você um derrotado ou um perdedor? Talvez o desânimo, a preguiça, o medo, a falta de oportunidade ou a falta de habilidades. Enfim, são muitas as circunstâncias que podem proporcionar o sentimento de fracasso.
Quando a gente fala de vencedores ou derrotados, tem-se em mente a ideia de alvos a serem alcançados, sonhos a serem realizados e até de oportunidades perdidas. Numa sociedade competitiva como a nossa, o imperativo da vitória soa mais como uma imposição. Não dar conta da exigência de vencer na carreira profissional, por exemplo, já é, em si, um sintoma do fracasso.
Não podemos esquecer que somos construtores da nossa própria história. Porém, não o fazemos nas circunstâncias desejadas, mas apenas dentro das condições concretas que nos são oferecidas. Talvez tenhamos que lutar uma vida inteira para conseguir alcançar determinadas metas, realizar alguns dos nossos sonhos.
A vitória é sinônimo de tentativa. O nosso empenho e dedicação já são grandes conquistas que podemos desenvolver nesta vida. Para que a luta seja completa, precisamos acrescentar a ela os componentes da fé e da esperança, sem os quais nenhuma luta terá valido à pena.

Talvez a luta seja maior para uns do que para outros, mas o que faz a diferença é que aquele que nos amou não permite que lutemos sem que tenhamos o gosto da vitória desde já.

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