O mundo
encontra-se perplexo diante do aumento dos incêndios na Amazônia. Só no Brasil,
o aumento foi de 82% em relação ao mesmo período do ano anterior, que é
conhecido como um tempo em que as queimadas são comuns. O que surpreende desta
vez é que o aumento dos incêndios é resultado de uma política equivocada de
controle do desmatamento, com incentivo à exploração e a falta de respeito aos
povos amazônicos. Enquanto a Amazônia arde, o mundo grita por socorro. O Grupo
Fé e Política: Reflexões emitiu Nota em Defesa da Amazônia, somando-se às
muitas vozes que se pronunciam nesse sentido. Eis a nota:
Nota
em Defesa da Amazônia
"As nações se iraram; e chegou a tua ira. Chegou o tempo
de julgares [...] e de destruir os que destroem a terra" (Apocalipse
11.18)
Manifestamos
nosso profundo pesar e preocupação com os recentes acontecimentos relativos às dezenas
de focos de incêndio que destroem parte da floresta amazônica, sobretudo em
território brasileiro. Essa tragédia que afeta a maior biodiversidade do
planeta prejudica comunidades locais, povos indígenas, espécies de plantas e
animais, cultura e economia local, mas acima de tudo representa um grave risco
para o equilíbrio ambiental global e coloca em risco toda forma de vida.
Compreendemos
que a responsabilidade é de todos, quer sejam autoridades locais, regionais,
nacionais e mundiais, lideranças religiosas, judiciais, educacionais, civis e
militares, quer sejam cidadãos comuns. Entretanto, não podemos deixar de
registrar que o quadro geral se agrava em função das atuais políticas
brasileiras de cuidado com o meio ambiente e das atitudes do governo que
enfraquecem as organizações ambientalistas diante do poder do capital. Diante
de um governo que não assume suas responsabilidades e transfere competências,
os danos são irreversíveis de uma política de extermínio da vida em todos os
aspectos.
“Por causa disso a terra pranteia, e todos os seus habitantes
desfalecem; os animais do campo, as aves do céu e os peixes do mar estão
morrendo” (Oseias 4.3).
A
questão não se trata mais de um problema social ou político, mas de definição
do futuro e destino da vida humana. Estamos diante de um fenômeno que traz à
luz o valor da vida, em que nos inserimos numa mesma realidade para a qual
necessitamos de todos os recursos que a natureza dispõe para existirmos. É
urgente que as autoridades, tanto dos países que formam a Amazônia Legal quanto
da ONU e da comunidade internacional, se mobilizem para a preservação da
Amazônia e assumam posições efetivas pelo fim do desmatamento, pelo respeito
aos povos locais e pela proteção da biodiversidade.
Por
essa razão, unimos nossas vozes às vozes de todos que, independente de suas
convicções, se filiam a um ideal de lutar pela existência e assumem o
compromisso de ser a comunidade daqueles que amam a natureza porque amam a Deus
que a criou. A Amazônia é um patrimônio humano que precisa ser cuidado em toda
a sua extensão cultural, civilizatória e biológica. Declaramos a nossa fé, como
diz as Escrituras, “de que a própria natureza criada será libertada da
escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos
filhos de Deus” (Romanos 8.21).
Agosto de 2019.
Grupo Fé e Política: Reflexões
Foto: El País, edição digital de 22/8/2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/21/album/1566384483_259997.html?id_externo_rsoc=TW_CC
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