É preciso resgatar o sentido e a alegria
de se viver em comunhão. O ponto de partida para se construir a vida em comunhão
é conscientizar-se do quanto Deus nos ama e que este amor nos capacita a amar
os outros. Não há como se pensar em comunhão de forma plena
fora do âmbito do relacionamento com Deus, porque ele é o único capaz de nos
amar como somos e nos acolher para um relacionamento profundo.
Diante do Deus que ama, a sua palavra nos diz que temos que decidir amar uns aos outros. Amar é um mandamento. Nossa
decisão de amar é um ato de obediência. Deus considera o amor de uns para com
os outros tão essencial que nos diz que é nosso dever amar. A
essência do amor não é o que pensamos, fazemos ou providenciamos para os
outros, mas como nos entregamos a eles. Nosso amor nos impulsiona a deixar de
lado nossas necessidades próprias a fim de nos entregarmos totalmente à tarefa
de suprir as necessidades dos outros.
A Bíblia diz também que fomos criados
para a comunhão. Isso se opõe à tendência que a humanidade tem tomado. As pessoas
de um modo geral têm desenvolvido uma atitude cada vez mais individualista. Numa
sociedade de pessoas centradas no eu, de egos absolutos, não há lugar para a
solidariedade e para a partilha. Esses requisitos são essenciais para se viver
em comunhão. E onde não há oportunidade de comunhão, a comunidade não acontece.
Não passa de uma multidão. Num ajuntamento de pessoas que são guiadas pelo seu
eu, o resultado é uma sociedade marcada pela violência.
A comunhão não acontece
automaticamente. Isso
implica uma escolha de viver de um modo que a nossa vida possa ser um estímulo
para o fortalecimento da comunhão. Jesus nos chamou para viver uma nova dimensão
na vida em relação aos outros. A nova vida em Cristo consiste em tomar parte de
uma família. É o que os primeiros apóstolos ensinaram: “Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome.” Colossenses
3.15. E: “Pois vocês não receberam um espírito que os
escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como
filhos, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’.” Romanos 8.15.
O que é
preciso fazer para fortalecer a vida em comunhão como um valor essencial? Em
primeiro lugar, reconhecer que fazemos parte de um contexto maior, no qual Deus
está envolvido. Quando a gente reconhece a soberania de Deus, abre-se espaço
para que a vida em comunidade aconteça. Deixamos de ser individualistas e uma
multidão violenta para nos abrirmos para o outro. Em segundo lugar, é preciso substituir a
competição pela comunhão. Numa sociedade individualista, só há lugar para a
competição, mas quando deixamos Deus ser o Senhor, surge o ambiente para a
comunhão. Em terceiro lugar, precisamos assumir uma vida de compromisso, em vez
de seguir um programa ou uma agenda. Uma vida centrada no eu alimenta
expectativas equivocadas sobre a ação do outro e coloca uma pesada e
desnecessária agenda sobre os ombros do outro. Não podemos esquecer de que
fomos chamados para viver em liberdade. E em último lugar, precisamos tomar a
decisão por uma vida impulsionada pelo
Espírito e não por uma lei. Isso é ser autêntico. Viver em comunidade
exige responsabilidade. Significa assumir os riscos e a alegria de ser quem
você é. Só haverá espaço para a vida em comunhão se as pessoas puderem
compartilhar seus choros e alegrias, seus medos e convicções, suas vitórias e
seus fracassos, suas expectativas e decepções, sem o risco de serem reprimidas
ou rejeitadas.
É a Bíblia
que nos encoraja a viver em comunhão. “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos
dos santos e membros da família de Deus.” Efésios 2.9. Uma vida assim todos
nós estamos a procura. Portanto: “Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da
paz.” Efésios 4.3.
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