terça-feira, 6 de junho de 2023

Desafio para a obra missionária: o lugar do outro / Challenge for missionary work: the place of the other / Desafío para la obra misionera: el lugar del otro

A obra missionária, tal como a conhecemos hoje, é resultado de estratégias que o cristianismo desenvolveu a partir da colonização. As atividades missionárias, via de regra, são definidas com termos retirados das práticas de intervenção desenvolvidas pelo colonialismo ocidental. Expressões como cruzada, conquista e campo missionário são representativas dessa forma de lidar com a evangelização mundial.

O maior desafio da obra missionária em pleno século 21 é resgatar o sentido do envio que está presente no discurso de Jesus e dos primeiros cristãos. Não se tratava de implantar um domínio ou um novo princípio moral, mas de se viver o evangelho da graça de forma plena no contexto de uma nova cultura como testemunhas do amor de Deus. Por essa razão, os primeiros seguidores de Jesus foram chamados de cristãos, por serem as melhores representações de Cristo no mundo.

Fazer missão é fazer um movimento na direção do outro, para dentro de sua realidade concreta de vida no mundo. A principal tarefa da obra missionária, que é evangelizar, não se restringe a conquistar novos adeptos para a religião cristã. Evangelizar é anunciar a boa notícia de que uma nova vida é possível.

O mundo em que a igreja está inserida é completamente diferente tanto dos cristãos primitivos quanto da época das conquistas territoriais do Ocidente e do desenvolvimento das estratégias de missões modernas. Entretanto, a demanda por uma igreja que esteja em sintonia com as necessidades das pessoas permanece como um incômodo chamado para repensar o modo como realizamos a obra missionária hoje.

A igreja é a comunidade dos que são chamados a sair de sua posição de conforto e fazer um movimento para dentro do mundo, não para fora ou para longe dele. A palavra grega ekklesia lembra isso. Ela é iniciada com a preposição ek-, que tem o sentido de um movimento para fora.

A igreja se reúne para orar uns pelos outros, para cuidar uns dos outros, para encorajar uns aos outros e para instruir uns aos outros. Mas o espaço de reunião não é seu local de permanência. A igreja não existe para viver enclausurada num lugar sagrado. Ela existe para fazer diferença no mundo. A igreja só é igreja quando faz o movimento em direção ao outro em suas condições concretas de vida no mundo.

Quais são os desafios para a evangelização mundial e para a obra missionária no mundo atual? Podemos alistar algumas:

- Restaurar a dignidade humana.

- Promover justiça.

- Semear a paz.

- Reacender a esperança.

- Praticar o amor fraternal.

- Cuidar da vida em todas as suas formas e expressões.

Em resumo, o maior desafio da obra missionária em pleno século 21 é levar paz, consolo e esperança para quem enfrenta situações que colocam a vida em risco. Temas como mudanças climática, ameaças de guerra, fome e crise migratória demandam atitudes que emanam do evangelho da graça.

Quem almeja realizar a obra missionária tem o dever de estar antenado e bem informado sobre o que faz o outro sofrer. As causas do sofrimento não são apenas circunstanciais, mas também estruturais. O chamado de Jesus para missões implica levantar os olhos e ver os campos prontos para a colheita, sentir compaixão das pessoas que andam errantes como ovelhas sem pastor, ir às cidades pregar a boa nova do Reino de Deus. O mundo mudou, mas o chamado continua o mesmo.

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