“[...] mas Cristo é tudo e está em todos” (Colossenses 3.11).
A igreja é uma comunidade de seres humanos que têm em comum a disposição de serem seguidores dos ensinos de Jesus de Nazaré, que se congregam em torno do seu nome e assumem o compromisso de levarem adiante a causa do Reino de Deus no poder do Espírito Santo.
É imprescindível que a Igreja que se afirma como uma
comunidade de seguidores de Jesus se pareça mais com ele do que com a
mentalidade que rege a contemporaneidade, que é individualista, gananciosa e
competidora.
Há três fatos que estão relacionados à igreja. Primeiro, ela
é uma comunhão de pessoas que atenderam ao convite amoroso de Deus. Segundo, os
participantes da igreja têm a tarefa de encarnar a mensagem de Jesus na vida. E
terceiro, a vida de comunhão da Igreja é uma tarefa inacabada, que precisa
sempre ser renovada, revitalizada e atualizada. Dito de outro modo, a igreja
deve assumir a sua própriaco0ndição humana. Quando assume a sua humanidade, ela
também se compromete com aquilo que promove a dignidade da pessoa humana.
Jesus declarou que tinha muitas pessoas que precisam ser
alcançadas, mas que ainda não tinham sido alcançadas. “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as
conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só
pastor” (João 10.16). Em uma igreja mais humana, todos são tratados como
filhos de Deus iguais.
A igreja se torna mais
humana a medida em que se assemelha mais ao caráter de Cristo. O cerne da
mensagem do evangelho é que Jesus é o enviado de Deus para assumir toda a nossa
humanidade em sua encarnação, vida e morte. Ele se fez o humano demasiadamente
humano.
Como afirmou Irineu de
Lyon, no século II, Jesus assumiu toda a condição humana a fim de restaurar em
sua vida toda a nossa humanidade. “O que não foi assumido pelo Verbo não foi
redimido”, disse Irineu. Ele se fez como um de nós para que sejamos como ele é.
Paulo, em sua Carta aos
Colossenses, relembra que a humanidade de Jesus foi o gesto divino para nos
redimir de tudo aquilo que nos desumaniza. “Mas
agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para
apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação”
(Colossenses 1.22). A obra da redenção implica a restauração do que há
de mais humano em nós.
Paulo tinha todos os motivos para compreender de forma
prática a humanidade de Jesus. Ele estava preso em Roma por causa de sua fé e
serviço a Cristo. Ele conheceu de perto as formas da maldade humana durante sua
última viagem de Jerusalém a Roma como um prisioneiro.
Agora ele podia testificar com sua própria vida que não há
nada mais importante para a fé do que trabalhar em favor da dignidade da vida
em todas as suas formas.
A igreja de Colossos não
era fruto direto do trabalho missionário de Paulo e provavelmente não fazia
parte do seu círculo direto de cuidado e de relacionamento. No entanto, ele
escreve uma carta por causa de Epafras, provavelmente um dos fundadores daquela
comunidade de fé (Colossenses 1.7). Ele também havia se tornado um cooperador
no cuidado com a igreja e um companheiro de Paulo em sua prisão (Filemom 1.23).
A atuação de Paulo em favor
dos colossenses incluía outras igrejas da região como a de Laodiceia
(Colossenses 2.1) e Hierápolis (Colossenses 4.13). Por essa razão, a carta servia
para ambas as igrejas. Paulo fala ainda de uma carta aos laodicenses, que se
perdeu.
Através da Carta aos Colossenses
podemos fazer uma leitura de nossas próprias ações como seguidores de Jesus que
vivem num mundo marcado por tantas formas que nos desumanizam. O objetivo é
fazer com que nos tornemos participantes ativos de uma comunidade de pessoas
que assumem o compromisso de se tornaram mais humanos, demasiadamente humanos.
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