domingo, 11 de novembro de 2007

Vencendo os excessos / Winning the excesses

Você está satisfeito com o modo como você vive hoje? Houve alguma época em que você já esteve contente de verdade? A resposta a essas perguntas tem a ver com o modo como você conduz a sua vida, se você é ou não direcionado pelos apelos do consumo.
Você já reparou como há uma variedade de ofertas para cada coisa que você faz? A vida parece um grande supermercado em que você encontra um sortimento muito grande de coisas para você escolher. Isso não está relacionado somente a uma variedade de produtos no mercado. Há também uma variedade de idéias, de concepções morais, de religiões. Podemos ir mais adiante. Essa variedade tem se refletido nos excessos que acontecem a nossa volta. Excesso de violência, de informação, de alternativas, de diferenças, de preferências...
Não que a diversidade seja de todo ruim, mas o excesso tem causado uma séria crise: a oferta tem sido maior que a nossa capacidade de assimilar. E isso tem provocado um certo medo tomar decisões, de fazer escolhas. O receio de fracassar ou de tomar uma decisão agora e depois se deparar com uma situação melhor.
A maneira como se constitui a sociedade contemporânea, todos os apelos se destinam a criar sentimentos de desejo ou aversão nas pessoas. Ir atrás de coisas novas ou diferentes nunca satisfaz, e jamais você terá satisfação se entrar num ciclo interminável de ganhar e gastar, de desejar e se arrepender.
O antídoto para o sentimento de ansiedade provocado pelos excessos é o contentamento.
Contentamento é a experiência de estar satisfeito. A Bíblia ensina isso. Jesus afirmou: “não se preocupem com sua própria vida”, Mateus 6.25-27. O apóstolo Paulo afirmou: “ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter”, Romanos 12.3. E: “... aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação...” Filipenses 4.12.
O contentamento não é o resultado de fazer ou ter. Não basta reorganizar a vida somente do lado de fora, adotando um estilo de vida isento do consumismo. É claro que há virtude em simplificar a vida. Vale a pena adotar um estilo de vida mais simples, ter uma dieta mais natural, diminuir o número de prestação, reduzir suas dívidas, reservar mais tempos com os amigos e família.
O contentamento é uma experiência interior, um modo de ser que não é dominado pelos apelos externos. O que pode causar insatisfação na vida das pessoas? Um fator é a projeção, que é o erro de atribuir um aspecto de sua vida interior a alguém ou algo exterior. Você transfere a pessoas ou coisas a responsabilidade de torná-lo feliz ou infeliz. É o que leva você a elogiar ou a culpar pessoas. Projetamos nos outros atributos negativos (preguiçoso, ganancioso, invejoso, covarde, medroso etc.) e positivos (confiável, amoroso, fiel etc.). Movidos pela projeção, agimos de modo emocional, compulsivo e desproporcional. A maneira de superar as projeções e parar de culpar o mundo pela sua insatisfação é aceitar honestamente quem você é, aceitar a realidade da sua vida aqui e agora.
Outro fator é a Inflação, que é uma visão distorcida de quem você é, quando pensamos e agimos como se fôssemos mais do que realmente somos, cheios de expectativas e até mesmo de arrogância. A vida cotidiana nos estimula a inflação, voltada para o progresso, para o consumo, para o excesso. Toda as vezes que nos inflamos, pagamos um preço. Toda a inflação é seguida de uma deflação, que é uma visão de si mesmo menor do que você é realmente, um sentimento de insuficiência, de negatividade, de alienação, de solidão. O contentamento só pode ser encontrado no equilíbrio.
O contentamento requer que você seja quem é, nem mais, nem menos. Isso implica em ser o que você é e querer o que você tem. Para isso, precisamos de uma fonte de consolo que vá além do eu. Algo em que estabeleçamos uma relação significativa, que nos permite conectar a algo maior. O contentamento nos chega como resultado da graça.

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