Uma das metáforas mais curiosas encontradas na Bíblia para tratar da
vida em família é a que se encontra em Cânticos 4.13-16 que retrata um pomar. A
vida, como um todo e também a vida conjugal e familiar, é como um jardim com
uma variedade de plantas. A família comporta uma diversidade de situações, uma
diversidade de funções e uma diversidade de relevâncias de tal modo que a
beleza está em dar vida a esse universo que se constitui como o espaço em que a
vida acontece em sua maior intensidade.
A diversidade em família é complexa e envolve muitas situações de
tensão. O que está em jogo é uma batalha que tem a ver com identidade. A vida
em família não é apenas uma opção ou um estilo de vida. Ela é resultado de um esforço
contínuo e sincero de estabelecer relacionamentos e vínculos que só pode ter
sido pensado a partir de uma mente brilhante, como a mente divina. O problema é
a mente humana conseguir compreender isso.
A diversidade atual remete a uma perda de identidade de tal modo
que a família se perdeu como um centro de referência da sexualidade. Em meio à
discussão sobre diversidade sexual e de gênero, falta um indicador que encoraje
as pessoas a uma sexualidade baseada na relação homem e mulher no contexto do
casamento, que é a ênfase bíblica. Esse princípio está comprometido por
tendências machistas e feministas que despertam atitudes equivocadas sobre
papéis e comportamentos que acabam se tornando verdadeiras violências à nossa
condição humana.
Quem pode se levantar para promover a família como esse ambiente
em que a vida humana acontece? Para mim, a igreja é a única instituição que
ainda tem condições de levantar a sua voz e se tornar como um centro para a
capacitação da família a fim de que ela seja o espaço para a nossa humanização.
A razão disso está no fato de que é no contexto de um relacionamento profundo
com Deus que as escolhas e os pactos celebrados podem ter mais validade. É
preciso desenvolver ações significativas que tornem possível a confiança e
promova uma restauração onde a convivência saiu do controle.
A família representa a maior necessidade não atendida em toda a
civilização ocidental. Em lares a beira do desespero, o amor é a única base
para a edificação de uma família nessas condições. É preciso se dar conta de
que a família é o mais profundo relacionamento humano. Quando a questão envolve
lares feridos, é possível descobrir que não há problema que possa impedir a
realização de um relacionamento firmado no amor. A restauração de
lares feridos passa pela restauração de pessoas feridas.
Ë preciso haver sinceridade na avaliação de nós
mesmos a respeito daquilo que tem provocado feridas nos relacionamentos. A
decisão de mudar um relacionamento ferido muitas vezes deve partir de nós
mesmos. Até que ponto somos capazes de perdoar e até que ponto estamos
dispostos a uma renúncia a fim de permitir a restauração de feridas que ainda
estão abertas? Embora não tenhamos garantias que uma mudança venha acontecer no
outro, é urgente que a mudança de atitude necessária aconteça primeiramente em nossa
própria vida.
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