A eleição de
2022 é atípica. Não é uma questão de escrutínio apenas, com a defesa de
bandeiras partidárias. É a luta pela sobrevivência do que restou de nação no
sentimento dos brasileiros depois do golpe de 2016, quando foi tirada do cargo
uma Presidente democraticamente eleita. Como se isso fosse pouco, ainda prenderam
o principal candidato de 2018 em um processo fraudado para que a
extrema-direita vencesse aquela eleição.
O resultado
está aí. Em quatro anos de governo e os quase dois anos que sucederam o golpe,
o Brasil retrocedeu em todos os aspectos. Tornamo-nos uma terra sem lei,
dominada pelo ódio, pelo medo e pela mentira. Nesse tempo, o país voltou ao mapa
da fome, tornou-se um pária internacional e de alto risco de investimento. O
que contribuiu para isso? Na esteira de causas, estão: os cortes de verbas em
pesquisa, ciência e educação, a redução dos gastos em programas sociais de
distribuição de renda e diminuição dos incentivos à produção. Não podemos
esquecer da redução dos gastos com saúde, da diminuição dos direitos
previdenciários, do corte dos direitos trabalhistas, da proteção aos abusos de
patrões contra o direito de seus empregados, das ameaças aos territórios
indígenas, da degradação do meio ambiente.
São tantos
retrocessos que nos levam a crer que o Brasil adoeceu de uma enfermidade que
contaminou sua população: a doença da falta de esperança em um país melhor, com
direito e dignidade para todas e todos. Para piorar a situação, sofremos os
efeitos de uma pandemia e de uma guerra com ares de guerra mundial. Podemos
dizer que os últimos quase seis anos foram perdidos. Uma geração inteira não
teve a chance de sequer aprender o que é lutar por justiça e igualdade, que se
acostumou a normalizar a barbárie e a conviver com ideias que flertam com o
fascismo e ameaçam a nossa frágil democracia.
No dia 30 de
outubro de 2022, os brasileiros voltam às urnas para decidir o seu futuro. Dois
candidatos representam ideias completamente antagônicas. De um lado, um que
representa o que há de pior em termos de civilidade, que se beneficiou de toda
trama golpista que resultou em tantas perdas e retrocessos, que nutre o clima
de ódio disseminando mentiras, ameaças e medo como quem dá rajadas de 50 tiros
e lança 3 granadas sobre a nação. De outro, temos aquele que chama o brasileiro
a sonhar, a renovar a esperança, a defender a democracia a lutar pelos direitos
mínimos de acesso à comida, trabalho saúde e educação.
Qualquer
analista, por mais raso que seja, dirá que não é uma escolha difícil. Mas a doença
que atinge o brasileiro cega o entendimento, cria uma sensação de insegurança e
aponta para incertezas. O retrocesso tem sido tanto que o Brasil que temos hoje
não se parece em nada com aquele que aprendemos a conviver na primeira década
desse século. Aquele Brasil do pleno emprego, dos aeroportos lotados, da
produção industrial em larga escala, das universidades cheias de pessoas oriundas
de famílias pobres, da produção de alimentos pela agricultura familiar, enfim,
o Brasil sonhado desapareceu. No seu lugar foi colocado um país controlado por
pessoas sem escrúpulos, quer seja no parlamento, no executivo ou no judiciário,
que saíram dos lugares mais obscuros de nossa história.
Entretanto, o
sonho não acabou. Ele precisa ser restaurado. É preciso acreditar que podemos
juntos construir um Brasil melhor, com democracia, justiça social e direitos
garantidos para todas e todos. E tudo começa com o voto que será depositado na
urna nesse segundo turno.
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