A visita do papa Francisco ao Brasil se reveste de
muitos significados: é a primeira viagem de seu pontificado; ele vem para
participar da Jornada Mundial da Juventude católica e para trazer uma mensagem
aos jovens; trata-se do primeiro papa latino-americano visitando o país com a
maior população católica no mundo. Mas não é só isso.
A visita do papa serve também para que o
cristianismo, de um modo geral, repense sua caminhada no Brasil e no mundo. Não
afeta só o catolicismo. Aliás, reduzir a visita a uma forma de reconquistar
seguidores perdidos ou para fazer novos adeptos é desconhecer completamente a
fé cristã. Católicos e protestantes têm uma grande oportunidade de refletirem
sobre a relevância da religião para este tempo. Os discursos papais e a
programação da JMJ levantam questões que preocupam cristãos de todos os
segmentos e de todas as regiões.
A primeira delas tem a ver com o apelo por uma vida
mais simples em resposta ao crescimento do consumo que põe em risco a vida no
planeta e aumenta a desigualdade social. O desapego ao luxo e à ostentação é
uma mensagem oportuna para políticos e pessoas que detém o controle dos meios
de produção.
Outra questão se refere à busca por uma espiritualidade
voltada para os excluídos e não para as formas de exercício de poder de onde
demandam as forças de opressão. Uma espiritualidade que resgate a dignidade da
pessoa humana diante da angústia, do desespero, da violência e das formas com
que a maldade nos atinge.
A reflexão aponta para uma religiosidade voltada
para a missão e não para o dogma e para a liturgia. Isso não quer dizer que não
sejam importantes, mas, diante dos riscos iminentes que afetam a humanidade não
há como encarnar a mensagem de salvação e libertação de Jesus Cristo.
Também há um apelo por uma fé mais relacional e
menos contemplativa. Um exercício de fé que seja mais solidário, que conduza o
cristão a uma vida de aproximação com o outro, que se expõe aos riscos de uma
vida comprometida com as necessidades do outro.
Pode se afirmar ainda que esse acontecimento chama
a igreja a se tornar mais imitadora de Cristo, como seguidora dos seus ensinos,
como sal e luz para o mundo. Uma igreja que assuma de vez o desafio do Concílio
Vaticano II de ser portadora de toda mensagem do evangelho ao homem todo.
O que será menos relevante é aquilo que chama a
atenção da mídia: os tratamentos diplomáticos, as formalidades eclesiásticas, o
espetáculo religioso e até as manifestações festivas. A JMJ passará e o que
restará é o cristianismo que praticamos. Por enquanto, nos alegramos com a
mobilização da juventude. Afinal, de fato é a janela para o futuro e é de onde
se espera que venham as verdadeiras mudanças.
Excelente observação professor Irênio. Em seus discursos, o Papa Francisco demonstrava uma preocupação com o distanciamento da igreja católica com os seus seguidores. E não tem sido diferente entre nós, evangélicos. De uma maneira geral não temos vivido a verdadeira comunhão que Cristo nos ensinou através do seu próprio exemplo de vida. As igrejas precisam ensinar e praticar o verdadeiro amor do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
ResponderExcluir