sábado, 25 de janeiro de 2014

Sinais do Reino / Sign of God’s Kingdom / Los signos del Reino de Dios

O Reino de Deus ocupa um espaço primordial na mensagem de Jesus. Ele declarou a todos que o Reino era chegado, se fazia presente historicamente e que será consumado no futuro. Sua ideia de Reino era completamente diferente de todas as concepções humanas de poder. Ela estava vinculada à própria realidade humana, essa mesma que conhecemos por que estamos nela e diz respeito ao que nós somos: pessoas marcadas pela finitude, mas também pela vontade de liberdade; pela impotência, mas pelo desejo do que está além; e pelo egoísmo, mas que não consegue se realizar sem a ajuda do outro.
Compreender a natureza do Reino de Deus fora dos paradigmas humanos de dominação é uma tarefa difícil. Podemos confundir com a noção de um território onde atua um soberano, ou com uma relação dominada por uma autoridade totalitária, ou mesmo com um saber em que um dominador retém para si algumas verdades que não podem ser acessadas por gente inferior. Por saber que era difícil entender o Reino, Jesus procurou formas de sinalizá-lo entre os homens. Ele realizou milagres, se compadeceu de gente sofrida, ensinou lições sobre a vida, apontou caminhos para a realização e a felicidade.
Entretanto, a maneira mais peculiar que Jesus utilizou para sinalizar o Reino de Deus foi através das histórias que ele contou. Através das parábolas, Jesus procurou demonstrar aos seus discípulos o sentido e o valor de participar do Reino que veio trazer aos homens. Parábolas são pequenas histórias contadas para tornar mais fácil a compreensão de uma realidade. Tem o valor de uma metáfora, mas são verdadeiras anedotas – isso mesmo –, com muito bom humor e sensibilidade, que tinham a função de conduzir as pessoas a uma reflexão sobre a realidade do Reino de Deus.
Dos quatro evangelhos, Mateus tem uma maneira curiosa de apresentar uma coleção de parábolas específicas para tratar do Reino de Deus. Elas não dizem exatamente o que ele é, mas, para um bom entendedor, uma pequena palavra basta. Algumas ele explicou; outras ficaram a mercê da interpretação dos seus ouvintes. Afinal, “quem tem ouvidos para ouvir, que ouça”.
Entrar no universo hermenêutico dessas parábolas é desvendar um conjunto infinito de possibilidades de se construir uma experiência de participação no Reino. Não é para ser diferente dos demais, como se fôssemos exclusivos ou melhores, mas para tomar parte dessa missão maravilhosa de sinalizar a presença abençoadora, consoladora e libertadora do Reino entre nós. Se a missão de Jesus foi trazer o Reino aos homens, a missão daqueles que são chamados por ele é dar continuidade ao seu projeto de torná-lo presente na história das pessoas de nosso tempo.

O anúncio da chegada do Reino de Deus entre os homens é a boa notícia da graça, do perdão, da acolhida, do amor e da compaixão de Deus estendidas a todos indistintamente. É a declaração de que Deus reivindica para si toda a criatura a fim de que tomem parte do seu Reino e desfrutem do que ele tem preparado para todos. É para isso que somos chamados a sermos cristãos.

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