“Portanto,
vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.”
Mateus 6.9.
Quando Jesus ensinou seus
discípulos a orar, ele pediu que se dirigissem a Deus como o “Pai Nosso”. São
duas palavras carregadas de significado. Lembra que Ele é um pai que acolhe a
todos, mas que também trata a todos como se fossem nossos irmãos. A expressão
“Pai Nosso” nos remete a um sentido de pertença a uma grande família em que
todos têm espaço.
Portanto, quando você ora “Pai
nosso, que estás no céu”, deve estar aberto a acolher a todos como irmãos e a
compreender a humanidade como família. Embora tenhamos muitas diferenças,
estamos todos ligados por um mesmo sentimento, que é o do cuidado amoroso de um
pai que é tão próximo, que se permite ser chamado de meu, mas que também muitas
vezes se coloca tão distante, pois também está no céu, o lugar onde quer que
todos estejamos.
Um pai assim não passa
despercebido. Sua presença é significativa, mas da mesma forma o é a sua
ausência. Por isso, Ele é especial. Nossa relação com Ele é marcada por
diversos aspectos que estão mais voltados para o campo do numinoso do que do
fenômeno. Dito de outro modo, não dá para ser percebido ou explicado pela
razão, mas é aquela coisa que está tão presente que não podemos simplesmente
ignorar. Ele é da ordem do sagrado, é o inefável que se fez gente, que andou
entre nós cheio de graça e de verdade.
Desse modo, você não pode dizer
“santificado seja o teu nome” e continuar vivendo, agindo e fazendo escolhas
como se ele não existisse. Se Deus é um pai que se importa com seus filhos,
imagino que ele queira que seus filhos se importem uns com os outros. Viver
como se Deus não existisse é sinal de indiferença. E a pior forma de fazermos
isso é sendo indiferentes com aqueles a quem Deus trata como nossos irmãos. Se
não conseguimos nos importar com aquele que a gente vê, como vamos nos importar
com aquele que não vemos?
Max Lucado, em A Grande
Casa de Deus, reconhece que “as duas primeiras palavras da oração do Senhor
são plenas de significado: ‘Pai nosso’ lembra-nos que somos bem-vindos à Casa
de Deus porque fomos adotados pelo dono”. Somos filhos do pai de todos, que é
dono de tudo.
Com o “Pai Nosso”, Jesus
identifica quem Deus é. Ele é Pai, pois tem em si mesmo o sentido de próximo e
de distante, tanto é nosso quanto está no céu. Ele é santo, pois tem em si a
dimensão do sagrado, mas que escolhe tomar forma e ser como um de nós. Ele tem
um nome, por isso tem em si mesmo a condição de ser conhecido, ao mesmo tempo
em que não é.
Por nós mesmos, não teríamos
condições de chamar Deus de Pai Nosso. Uma parte significativa da humanidade
age como se Deus fosse um pai rico, interessada em seus bens, mas sem conhecer
os seus sentimentos. Outra parte age como se não houvesse um pai, como se tudo
fosse obra do acaso. E tem até aqueles que declaram que há um pai e que
pertencem a ele como filhos, mas que excluem os muitos outros irmãos a
condições de desamparo. Enfrentamos constantemente o grande desafio de clamar
pelo pai em meio a uma sociedade sem pai.
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