domingo, 1 de outubro de 2017

O legado da Reforma Protestante para hoje / The Legacy of the Protestant Reform for Today / El legado de la Reforma Protestante para hoy

A Reforma Protestante foi um movimento de renovação da igreja cristã que aconteceu no século XVI. A data do marco histórico é 31 de outubro de 1517, ocasião em que o frade agostiniano Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da capela do castelo de Wittemberg, na Alemanha.
A igreja no Ocidente já vinha enfrentando problemas internos desde o século XIII, com cismas políticos, corrupção do clero e a implantação da Inquisição para conter os dissidentes. Entretanto, as causas da Reforma vão além das crises internas, abrangendo as esferas política e econômica. A Europa experimentava o surgimento dos Estados Nacionais e o fortalecimento do poder monárquico, bem como um novo regime econômico ganha força, que lançavam as bases do capitalismo.
O termo protestante surgiu com um sentido mais pejorativo, para designar a atitude dos governantes que apoiavam o movimento de Lutero. Eles lançaram um protesto de maneira formal a respeito de um edital de Roma, em 1529, que proibia o ensino das ideias reformistas luteranas nas localidades do Sacro Império Romano-Germânico. O protestantismo foi largamente difundido na Alemanha, mas também na Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia.
Podemos falar de uma diversidade de movimentos que envolveram a Reforma Protestante. Além do luteranismo, houve outro reformador que influenciou o protestantismo na Suiça e no sul da Alemanha: Ulrico Zwinglio. Seu movimento é conhecido como “Segunda Reforma”. Houve também o que chamamos de “Reforma Radical”, ou “Terceira Reforma”, marcada pela atuação dos grupos anabatistas. Houve também a atuação de João Calvino, que, a partir de Genebra, influenciou o protestantismo com uma teologia mais consistente. Houve ainda a Reforma na Inglaterra, que desencadeou novos movimentos, como o anglicanismo e os grupos separatistas, resultando em algumas denominações históricas como conhecemos hoje: o presbiterianismo, o metodismo, o congregacionalismo e as igrejas batistas.
Os problemas que motivaram a Reforma Protestante são diferentes dos que orientam o protestantismo de hoje. As preocupações que envolviam as pessoas no século XVI estavam voltadas para critérios de certeza. Elas estavam preocupadas com a busca da verdade, do absoluto e da eternidade. As discussões giravam em torno de temas como provas da existência de Deus, relação entre fé e razão e a existência do céu e do inferno. De fato, os protestantes não queriam inovar, mas restaurar valores e conhecimentos do cristianismo primitivo.
O ponto de partida foi a rejeição à prática da venda de indulgências, com a consequente defesa da justificação pela fé. Nesse esforço de reformar a igreja, eles enfatizavam a soberania da graça, o valor da fé, a autoridade das Escrituras, o senhorio de Jesus Cristo e o propósito de se fazer tudo para o louvor e a glória de Deus. Daí os cinco princípios protestantes expressos em latim: Sola Fide, Sola Gratia, Sola Scriptura, Solus Christus e Soli Deo Gloria (que corresponde a somente pela fé, somente pela graça, somete através da Escritura, somente por Cristo e somente para a glória de Deus.
O que esses princípios têm a ver com a expressão de fé dos grupos herdeiros da Reforma Protestante hoje? É possível orientar a vida pelos mesmos princípios hoje? Embora tenham acontecido grandes transformações sociais, políticas, econômicas e até tecnológicas, a preocupação com aspectos ligados à vida de fé e aquilo que consiste na essência do próprio cristianismo continua sendo uma necessidade.
Nossos compromissos com os valores cristãos, nossa experiência de conhecimento e de relacionamento, bem como nossos vínculos com a comunidade da fé continuam clamando por uma reforma ou atualização constante. Refletir sobre o que significa ser cristão hoje ou sobre como viver a fé cristã num contexto não cristã é uma demanda de nossos dias. O futuro do cristianismo passa por essa reflexão necessária.

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