Durante o banquete da última
Páscoa de Jesus entre nós, ele reuniu seus discípulos para deixar uma mensagem
de vida e de encorajamento. A Páscoa é uma festa judaica que o cristianismo
adotou como uma de suas datas mais expressivas. Por ocasião dela, os discursos
em torno da compaixão, do perdão, da fraternidade e da esperança se renovam.
Quando Jesus pediu que seus discípulos preparassem a última ceia de Páscoa, ele
não queria só um banquete, mas chamar seus discípulos a um novo modo de
entender sua ação no mundo. E tudo começava a partir da presença de todos em
torno da mesa.
O cardápio da última ceia foi
certamente comum a uma comunidade de pobres e peregrinos. Não havia tempo para
o preparo nem recursos para adquirir muita coisa. Mas foi quando eles estavam
em torno dessa mesa simples e pobre que tudo começou a ganhar sentido. Os
alimentos eram representativos da condição que viviam. E em meio ao que havia
na mesa, Jesus escolheu o pão e o vinho para dizer que eram símbolos de sua
vida e missão.
Outro fato que chama a
atenção no último banquete de Jesus foi a presença dos comensais. O critério de
escolha dos participantes da mesa foi o da inclusão. Ninguém ficou de fora, nem
mesmo o traidor. A mesa de Jesus é um espaço de acolhimento em que todos têm
lugar. Os que se tornam mais íntimos têm o privilégio de poder recostar sua
cabeça nos ombros de Jesus. Já os que carregam consigo a culpa, qualquer
palavra lhe soa como acusatória.
O gesto que marcou a
preparação para o banquete foi o da humildade do anfitrião. Jesus lavou os pés
dos seus discípulos como demonstração do seu amor, um amor que o colocava a
serviço do outro. Seu gesto deveria ser visto como sinal de que ele mesmo está
pronto a nos atender em nossas necessidades, mas principalmente deveria servir
como exemplo para que coloquemos a nossa vida a serviço do próximo. Aquele que
nos chama para sua mesa nos intima a servirmos a mesa para um mundo que precisa
de afeto e acolhida.
Houve também um discurso
naquele banquete. A mensagem ficou marcada pela afirmação do mandamento do
amor. Era um novo mandamento, o amor que tem em Jesus seu maior praticante.
Amar uns aos outros não é amar a quem nos ama, mas amar como Jesus nos amou.
Mas na última ceia houve
também um apelo em favor dos lugares vazios naquela sala. Jesus lembrou que seu
sangue seria derramado por muitos para perdão dos pecados. Jesus lembrou-se dos
excluídos, dos desprezados do mundo, daqueles que estão de fora. Há muitos que
precisam ser convidados ao banquete de Jesus, para tomar parte de sua comunhão
e receber a dádiva de sua obra redentora.
A mesa de Jesus não tinha só
pão e vinho. Tinha também solidariedade, disposição de servir, acolhida e
justiça. Jesus à mesa com seus discípulos representa um chamado a um
deslocamento para o lugar do outro. A ceia, portanto, é um dos símbolos da
Páscoa de Jesus, tão grande quanto a sua morte de cruz e sua ressurreição. Foi
aquele banquete de Jesus com seus discípulos que deu início a toda sequência
dos episódios pascais lembrados pelos cristãos. Se quisermos comemorar a Páscoa
de Jesus dignamente, lembremos que estar em torno da mesa tem um sentido
missional, de fazermos um deslocamento para o lugar daqueles que necessitam
desse amor que serve.
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