segunda-feira, 18 de abril de 2022

Representações de Deus nos discursos de Jesus / Symbol of God: Representations of God in Jesus' Discourses / Símbolo de Dios: Representaciones de Dios en los Discursos de Jesús

O teólogo jesuíta norte-americano Roger Haight propôs uma nova compreensão cristológica diante das transformações do pensamento humano na pós-modernidade, que é considerar Jesus como o símbolo de Deus (em seu livro Jesus, Símbolo de Deus). Jesus, em sua vida, mensagem, morte e ressurreição, simbolizou Deus. Por isso, pode dizer: Quem me vê, vê o Pai...” (João 14.9).

João Batista testemunhou que Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1.18). Em sua carta aos Colossenses, Paulo afirmou que Ele é a imagem do Deus invisível [...]” (Colossenses 1.15). Essa definição está em sintonia com o que Jesus falou a respeito de si nos evangelhos. Ele disse aos discípulos: Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai [...]” (João 14.7). E disse às multidões: “[...] Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.27).

O simbólico é a dimensão das representações, a forma como expressamos o que está em nosso imaginário. De acordo com a gramaticalidade, a ideia de simbólico vem de symbolos, palavra formada por dois radicais gregos: o prefixo sym-, que traz a ideia de síntese, de união, e bolos, que lembra a ideia de arremessar e de lançar. O simbólico tem a ver com os sentidos que atribuímos a tudo o que diz respeito à nossa existência, que nos aproxima do conhecimento e da realidade. Leonardo Boff, no livro A águia e a galinha, lembra que isso difere do diabólico, que é o que nos afasta. A diferença está no uso do prefixo dia-, que quer tem a ideia de um movimento, com o sentido de “através de”. O diabólico tem a ver com o separa, nos afasta e desagrega.

O simbólico, portanto, confere sentido à nossa existência, enquanto que o diabólico causa impedimentos à nossa realização, como uma rejeição, resistência ou negação ao que nos constitui como pessoas. Todos nós carregamos essa capacidade tanto de construir e agregar valor à nossa existência quanto de descontruir e de destruir. Temos em nós tanto o sentido da vida quanto da morte, o que nos dá esperança e o que nos causa medo, o que nos fortalece e o que nos ameaça. Vagueamos o tempo todo entre o simbólico e o diabólico.

Jesus desenvolveu atitudes que fortalecem uma compreensão de Deus que tem a ver com a ideia de um Pai amoroso que se importa com as condições de vida de toda a criação, que faz justiça aos mais vulneráveis e que nos interpela a uma vida mais solidária. Ele procurou viver de um modo que fosse uma expressão do cuidado de Deus por toda a criação, demonstrou a justiça de Deus, expressou o amor de Deus através de suas atitudes e encorajou a vida de comunhão entre todos e todas que atraiu para si.

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