As eleições 2022 são atípicas. Um grave risco de ruptura democrática ronda a sociedade brasileira. No momento em que a campanha chega em sua reta final, há uma tentativa de interferência de forças reacionárias em todo o processo eleitoral. A principal origem de ataques é o próprio governo federal e seus apoiadores.
Diante da gravidade do momento,
há quatro perguntas que devem ser feitas a fim de orientar as escolhas e se
tomar atitudes para frear o que vem sendo tramado. Sem querer ser alarmista ou
provocar pânico, as circunstâncias apontam para a necessidade de fortalecimento
de uma frente ampla em defesa da democracia.
A primeira pergunta é: há uma ameaça de golpe nas eleições 2022?
A resposta é sim. Esse golpe já vem sendo tramado desde a eleição anterior,
quando se abriu o caminho para o avanço da extrema direita através da farsa da
operação Lava Jato, do impeachment de Dilma e a prisão do ex-presidente Lula. Esse
ataque é orquestrado pelas forças que dão sustentação ao governo atual e vem
sendo realizado a partir de uma trajetória discursiva. Primeiramente, começou
com a suspeição da confiabilidade nas urnas eletrônicas, que serviu para promover
a aproximação de representantes das Forças Armadas do sistema eleitoral. Com a
afirmação da segurança sistema eleitoral, passou-se à suspeição do processo de
apuração, com tentativas de controlar os resultados através da ação de setores
da Policia Federal e das próprias Forças Armadas. O objetivo final é fazer com
que as eleições sejam manipuladas por representantes desses setores.
A segunda pergunta é: quais as chances reais de cada candidato? Até
o presente momento, três candidatos despontam na corrida eleitoral para
Presidência da República: Lula, que representa o segmento de esquerda e que tem
a aprovação da maioria com grandes chances de vencer no primeiro turno;
Bolsonaro, que recebe o apoio daqueles que nutrem o ódio às esquerdas e a Lula,
principalmente de setores que são contra os direitos sociais bem como que
defendem ideias fascistas; e Ciro, que é o candidato que desenvolve uma campanha
baseada na reprodução do discurso de ódio a Lula, embora afirme ter projeto
para o país, mas não passou da casa de um dígito nas pesquisas. Os demais
candidatos formam uma minoria que não consegue alcançar resultados
significativos nas pesquisas.
A terceira pergunta é: o que mais preocupa a campanha eleitoral no
primeiro turno? Há três ameaças reais surgindo e aumentando suas
possibilidades a cada dia: a primeira é a ameaça aos movimentos progressistas,
tomados por um ódio de classe, e contra movimentos que lutam por direitos de
trabalhadores, negros, mulheres, população LGBT, povos originários, pobres e
meio ambiente; a segunda é o aumento da desinformação, com grupos
disseminadores de fake news agindo
livremente através das redes sociais; e a terceira é o aumento da insegurança
social, com o crescimento da miséria, do desemprego, do custo de vida e da
fome, que pode ser usada como oportunidade para o governo emitir “pacotes de
bondade” para se aproximar dos setores mais vulneráveis, embora seja o único
responsável pelo quadro atual.
A quarta pergunta é: o que mais preocupa no segundo turno?
Havendo a necessidade de um segundo turno, que provavelmente será entre Lula e
Bolsonaro, as possibilidades de agravamento das tensões aumentam. Podemos
afirmar que há riscos reais de convulsão social e de aumento dos conflitos envolvendo
as instituições que têm o dever de proteger a democracia. O aumento do acesso
ao porte de arma, o crescimento do poder e interferência das milícias e a
impunidade nas denúncias de crime de responsabilidade do governo contribuem
para acreditar que algo muito ruim poderá acontecer.
Nessas eleições, os movimentos
sociais e as organizações de defesa dos direitos civis têm o dever de impedir
que as forças reacionárias que ameaçam a democracia avancem. Defender a
democracia hoje no Brasil é defender a candidatura de Lula no primeiro turno,
visto que é o único que tem compromisso com a manutenção do Estado Democrático
de Direito.
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