Na verdade, ser discípulo é ser imitador de Jesus, alguém
que assume reproduzir em sua vida o caráter e o ensino de Jesus. Isso implica
tomar parte da comunidade daqueles e daquelas que seguem Jesus e se ajudam
mutuamente a se aperfeiçoar nisso a cada dia. Além disso, o discípulo é o melhor
exemplo de vida transformada pela graça que as pessoas à sua volta podem ter.
Os primeiros discípulos viviam em comunidade. Jesus
apresentou durante seus discursos dois tipos de convite: ele disse para alguns “segue-me”
e disse para uma multidão “vide a mim”. O convite “segue-me” exigia mudanças no
modo de viver e de orientar a vida. Tanto que muitos largaram tudo o que faziam
para seguir Jesus. Não era só uma mudança de hábitos ou costumes, mas de
valores e de estratégias de vida como a profissão e os relacionamentos.
O convite “vinde a mim” foi dirigido a pessoas cansadas de
uma vida marcada pela opressão. Àqueles que andavam errantes como ovelhas sem
pastor, perdidas de si mesmo, agora poderiam aprender um novo modo de orientar
a vida com quem exercitava a humildade e a mansidão.
Nunca foi fácil seguir Jesus, nem para os primeiros
discípulos, nem para nós nesses tempos. Entretanto, Jesus sempre procurou
educar seus discípulos sobre o que significa segui-lo. E o fez ao longo da
caminhada realizada junto com eles. Jesus foi um mestre por excelência, fazendo
com que seus seguidores reproduzissem em suas vidas o seu próprio modo de
viver.
O discipulado envolve novos hábitos, novo estilo de vida,
novos interesses, novas perspectivas, novo modo de pensar, nova forma de compreender
a vida, enfim, nova forma de ver o mundo. Não é um programa ou estratégia para
se fazer novos adeptos, mas um novo modo de ser e de agir no mundo.
Envolve um aprendizado que requer mudança de mentalidade.
Isso implica abandonar hábitos e concepções influenciados pela religião e pela
ideologia dominantes para dar lugar aos valores do Reino de Deus. Exige de cada
um o compromisso de ser a melhor expressão da graça de do amor de Deus por toda
a criação.
O discípulo aprende em comunidade a dar novos significados a
práticas essenciais como a oração, o conhecimento das Escrituras, a vida em comunhão,
o testemunho público da fé e o cuidado uns com os outros. Normalmente,
aprendemos que a oração, a leitura da Bíblia, o compromisso com a igreja, o
testemunho e a prática do bem são atitudes individuais apenas. Mas elas
precisam ser compreendidas a partir de uma ótica comunitária, como ações que
visam o bem comum.
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