As chuvas que
caíram sobre o Estado do Rio Grande do Sul, na região Sul do Brasil, na última
semana provocaram uma catástrofe ambiental sem precedentes. Dos 497 municípios,
336 se encontram em estado de calamidade. O Estado inteiro registrou
inundações, sendo que em grande parte foram confirmadas inundações severas.
A explicação científica
desse fenômeno climático remete à crise ambiental que afeta a vida no planeta
com impactos expressivos sobre o clima e, consequentemente, ao meio ambiente. já
há algumas décadas, estudiosos vêm alertando sobre os riscos e as consequências
da exploração da natureza, medindo aquilo que poderia ser considerado como
ponto de não retorno. Ou seja, o limite em que a vida no planeta encontra-se em
situação de colapso.
O sinal
vermelho acendeu para toda a humanidade. É preciso parar para socorrer as
vítimas e reparar os danos. A mentalidade consumista, acumuladora e gananciosa
não comporta mais diante do que se viu – e ainda se vê. O Rio Grande do Sul é um
Estado forte, de economia pujante, responsável por grande parte da produção
nacional de grãos, carnes e vinhos, possui uma indústria sólida e uma atividade
cultural dinâmica. Sua história é marcada por lutas para a afirmação de um povo
que se orgulha de suas origens.
Essa tragédia
tem culpados, e é preciso aponta-los: são todos aqueles que negaram os muitos
alertas da ciência e que não tomaram as providências devidas tendo em suas mãos
o poder de fazê-lo. Antes de dar nomes ao bois, é preciso socorrer as vítimas e
atuar de forma justa para aliviar o sofrimento das famílias e ajuda-los a
reconstruir o que perderam.
Além de
acender o sinal vermelho para a crise ambiental, essa tragédia é também a prova
inequívoca de que é preciso praticar a Justiça Climática e Ambiental. O objetivo
deve ser não só amparar os que foram atingidos pelos temporais, mas também
reverter o cenário de crise que ameaça a vida. Trata-se de se levantar um
conjunto de ações que envolvam tanto os governos como também o setor produtivo
e a sociedade civil em geral para parar de vez os desmatamentos e as agressões
aos biomas que ainda restam.
Quando falamos
em Justiça climática, nos referimos ao o modo como os movimentos sociais têm
abordado os problemas decorrentes das mudanças climáticas vividas nos últimos
tempos. Eles vão além do aquecimento global. A alteração do clima na natureza
não afeta só o meio ambiente, mas todas as relações sociais, econômicas e
políticas da humanidade.
Para tratar da
Justiça climática, é preciso levar em conta princípios de Justiça Social, ética
e responsabilidade histórica pelas causas e feitos das mudanças climáticas. O
apelo da Justiça climática é para que haja igualdade de direito para com os
grupos que são desproporcionalmente afetados, geralmente que se encontram entre
as camadas mais pobres da sociedade e pessoas vulneráveis, como mulheres,
negros, idosos e crianças.
As mudanças
climáticas são, de fato, uma realidade global, mas suas consequências afetam as
populações de forma desigual. As pessoas mais afetadas pelas mudanças climáticas
são aquelas que menos participam das causas do aquecimento global.
E quando
falamos de Justiça ambiental, no referimos à desigualdade da distribuição dos riscos
ambientais. A ideia é reunir esforços coletivos para que nenhum grupo social
tenha que sofrer consequências da degradação ambiental mais do que o outro.
Ao longo do
tempo, as grandes potências mundiais destinaram suas indústrias mais poluentes
para países em desenvolvimento enquanto a administração se localizava nas sedes
das grandes cidades dos países mais desenvolvidos. O que a Justiça ambiental
deseja é que haja tratamento justo para que todos e todas tenham acesso a uma
vida mais saudável.
Quando escrevo
esse texto, novas chuvas são previstas para esta semana, mas ainda tem gente
ilhada, muitas ainda sobre os telhados de suas casas, esperando serem
resgatadas. A cidade de Porto Alegre, capital do Estado, continua inundada,
numa cena jamais imaginada. Para nós que estamos longe, só resta apelar pelo
socorro divino.
Foto: Renan
Matos/Reuters, publicado pelo Uol.
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