Ontem tomei um café na universidade onde trabalho. Até aí nada de anormal. Posicionei-me diante da nova máquina de café, que fica entre o caixa automático do banco e a geladeira, também automática. Coloquei a moeda no lugar indicado e o display acusa que a partir daquele momento a máquina estava em funcionamento. Apertei a opção “capuccino”. Um pequeno braço mecânico se estende até o lugar de onde sairá a bebida. Barulho de braço mecânico se movimentando. A máquina emite outro ruído diferente, o que acusa que o grão de café torrado está sendo moído na hora, que a água quente e outros ingredientes também são adicionados. Logo o display ordena: “retire o copo”. Puxo o copo do braço mecânico e constato que tenho em minhas mãos um delicioso café capuccino na dose certa, adoçado e com uma colherzinha descartável dentro. É só mexer e degustar.
Enquanto me dirijo para a sala de aula, para falar de tecnologia educacional para futuros pedagogos, sou forçado a pensar: o futuro chegou e ainda não nos demos conta disso. E o que acontece é que não se fala mais no futuro. Nossos olhos estão voltados para o imediato, para o agora. Vivemos a cultura do instantâneo, do “em tempo real”, em que qualquer espera que demore alguns segundos parecem uma eternidade.
Lembra-se da década de 1970? Era quando se falava da nova era, a era de aquários. Depois veio a década de 1980, quando só se pensava no ano 2000 e a pergunta de como seria viver no século XXI. Aí chegou a década de 1990 e, com ela, a desilusão da nova era, a angústia de continuarmos tão humanos como sempre fomos.
E agora? Seria esse o tal fim da história? A verdade é que o futuro chegou e estamos desconfortáveis nele. A grande realidade que descobrimos é que vivemos em um tempo em que perdemos o controle. Tudo está fragmentado. Tudo muda muito rápido
A crise que atravessamos não é especificamente financeira ou mercadológica. A crise é de falta de referência. Olhando de um outro modo, a nossa relação com o mundo tornou-se assumidamente simbólica. Tudo que se vê é através de uma interface.
Não, isso não é novo. Sempre fomos assim. O problema é que nos damos conta disso somente hoje. Por isso que essa descoberta gera conflitos. Esse indivíduo fragmentado que nasce nesse contexto precisa encontrar caminhos para superar a ilusão. A Modernidade ocidental nos ensinou que somos sujeitos autônomos, dotados de vontade, que têm controle do seu próprio destino. O que fazer diante disso? É daí que surge o consumo como alternativa para afirmação de identidade. Como não se consegue assimilar as mudanças, o consumo passou a ser a medida para o contentamento.
Essa mudança foi anunciada há muito tempo. Além disso, ela foi lentamente construída. Hoje estamos adentro dela, que se instalou e definiu nossas ações. A nova máquina de café da universidade e o seu contexto é apenas uma prova disso. Tomei o meu café e joguei o copinho no lixo. Logo em seguida, pensei conformado: mais um trabalhador desempregado...
Enquanto me dirijo para a sala de aula, para falar de tecnologia educacional para futuros pedagogos, sou forçado a pensar: o futuro chegou e ainda não nos demos conta disso. E o que acontece é que não se fala mais no futuro. Nossos olhos estão voltados para o imediato, para o agora. Vivemos a cultura do instantâneo, do “em tempo real”, em que qualquer espera que demore alguns segundos parecem uma eternidade.
Lembra-se da década de 1970? Era quando se falava da nova era, a era de aquários. Depois veio a década de 1980, quando só se pensava no ano 2000 e a pergunta de como seria viver no século XXI. Aí chegou a década de 1990 e, com ela, a desilusão da nova era, a angústia de continuarmos tão humanos como sempre fomos.
E agora? Seria esse o tal fim da história? A verdade é que o futuro chegou e estamos desconfortáveis nele. A grande realidade que descobrimos é que vivemos em um tempo em que perdemos o controle. Tudo está fragmentado. Tudo muda muito rápido
A crise que atravessamos não é especificamente financeira ou mercadológica. A crise é de falta de referência. Olhando de um outro modo, a nossa relação com o mundo tornou-se assumidamente simbólica. Tudo que se vê é através de uma interface.
Não, isso não é novo. Sempre fomos assim. O problema é que nos damos conta disso somente hoje. Por isso que essa descoberta gera conflitos. Esse indivíduo fragmentado que nasce nesse contexto precisa encontrar caminhos para superar a ilusão. A Modernidade ocidental nos ensinou que somos sujeitos autônomos, dotados de vontade, que têm controle do seu próprio destino. O que fazer diante disso? É daí que surge o consumo como alternativa para afirmação de identidade. Como não se consegue assimilar as mudanças, o consumo passou a ser a medida para o contentamento.
Essa mudança foi anunciada há muito tempo. Além disso, ela foi lentamente construída. Hoje estamos adentro dela, que se instalou e definiu nossas ações. A nova máquina de café da universidade e o seu contexto é apenas uma prova disso. Tomei o meu café e joguei o copinho no lixo. Logo em seguida, pensei conformado: mais um trabalhador desempregado...
Professor, por falar em tecnologia educacional, vivemos a era da Educação a distância que sem distância mesmo é falácia pois o aluno tem que ir de tempos em tempos a um local físico denominado polo. Bem, mas quando mesmo teremos a Universidade cem por cento virtual? Abraços.
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