O caminho para a construção de uma liderança autêntica passa pela formação do caráter do líder. A lógica que rege o mundo corporativo distancia aqueles que exercem liderança dos processos de nossa própria humanização. Não é raro encontrar metáforas que exemplificam essa realidade: liderar com mãos de ferro, ser uma coluna firme, ter pés de boi. As virtudes mais valorizadas, que conduzem ao sucesso, são: coragem, inovação e superação, como se fossem conquistas isoladas da complexidade humana. Tudo isso é legítimo, mas nada disso acontece se a personalidade do sujeito não sofrer um longo, e muitas vezes penoso, processo de construção.
Deus sabe disso. Ele conhece o ser humano melhor do que qualquer um de nós. Afinal, ele nos criou e se fez um de nós. Uma das narrativas bíblicas que serve para exemplificar isso é o processo de construção da personalidade de Elias como profeta. Ela se encontra em 1 Reis 7-19. Elias é o protótipo do líder para hoje. Sua experiência levanta a questão da ambiguidade que envolve o exercício da liderança, principalmente no que diz respeito à atividade pastoral e profética. O processo pelo qual Elias é formado como um líder para o seu tempo é marcado através de sua trajetória que passa por alguns lugares que são simbólicos: Querite, Serepta, Carmelo e Horebe. A partir de cada um desses lugares, é possível levantar questões que têm a ver com a ambiguidade da liderança.
A primeira delas é: a quem você serve? Querite, então se apresenta como o lugar de luta diante da ambiguidade que envolve a liderança: o exercício do poder e a fragilidade humana. Naquele primeiro momento, Elias quis ser reconhecido como representante de um Deus melhor que Baal. Deus não é um deus melhor, mas diferente. Essa diferença é revelada pela ação de seus servos. Para enfrentar a oposição diante do poder de Baal e do rei Acabe, Elias precisou passar pelo retiro de Querite, onde foi cuidado por Deus durante um período de seca.
A segunda questão é: como você serve? Serepta apresenta-se como o lugar do encontro com a fragilidade humana. A ambiguidade está na confrontação das situações concretas vividas. Elias sai do seu retiro e se depara com situações reais vividas pelas pessoas simples. Nada é mais frágil que uma viúva desamparada e um menino morto. A verdadeira missão do líder se afirma diante desse quadro: revelar o Deus amoroso, não o Deus Todo Poderoso. Elias deveria agir como servidor do Deus da vida. O Deus diferente de Baal se revela diante de situações reais vividas por gente comum, diante de situações cotidianas, a fim de despertar conversão e fé.
A terceira questão é: o que você faz? Carmelo se torna o lugar de atitude, de tomada de decisões corajosas. A ambiguidade está na possibilidade de exercício do poder, tanto para dominação como para revelação do amor de Deus. Elias é tentado a não agradar a Deus, mas ao povo. Está claro que o objetivo é conduzir o povo a Deus. Mas, para isso, pode servir-se de uma estrutura de poder e de mecanismos de violência. A experiência do Carmelo é emocionante: põe Deus à prova e o obriga a se manifestar. Com a vitória sobre os profetas de Baal, Elias é percebido como aquele que tem o controle sobre Deus e sobre o tempo. Passa a ser servido pelo rei. Dois personagens são importantes nessa história: Obadias, aquele que age em nome de Deus salvando os que permaneceram fiéis ao Senhor, e Jezabel, uma inimiga mortal disposta a matar todos os que fossem fiéis ao Senhor. No primeiro está o exemplo de alguém que luta em nome de Deus, no segundo está a oposição. O exemplo de Obadias estimula a ação, mas a ameaça de Jezabel o devolve a sua fraqueza.
A quarta questão, então, é: por que você serve? Horebe é finalmente o lugar de estar diante de Deus despojado de toda a ilusão do poder. É resultado de uma oração de fracasso de Elias em 1 Reis 19.4, que revela disposição de entrega e reconhecimento de quem é. A grandeza do ministério profético de Elias não está no Carmelo, mas em Horebe. Elias pode agora deixar Deus ser Deus e ele mesmo ser o que é, um profeta. Horebe traz a ambiguidade a respeito de Deus: o verdadeiro Deus de bondade age no meio da suavidade. A teofania é fundadora da diferença entre Deus e Baal: o Senhor não está nas projeções que fazemos dele, como o vento tempestuoso, o tremor da terra ou o fogo, mas na brisa suave. Diante da descoberta de quem Deus é, descobrem-se também novas linhas de ação: o lugar do profeta não é Horebe, mas no meio do povo.
No processo de humanização do exercício da liderança, a trajetória de Elias representa a diversidade em que o líder pode se encontrar. Em cada uma delas, um perfil de líder pode ser formado. Entretanto, quando estamos diante da realidade da liderança cristã para um tempo como este, é somente em Horebe que a liderança pode se fazer autêntica.
Deus sabe disso. Ele conhece o ser humano melhor do que qualquer um de nós. Afinal, ele nos criou e se fez um de nós. Uma das narrativas bíblicas que serve para exemplificar isso é o processo de construção da personalidade de Elias como profeta. Ela se encontra em 1 Reis 7-19. Elias é o protótipo do líder para hoje. Sua experiência levanta a questão da ambiguidade que envolve o exercício da liderança, principalmente no que diz respeito à atividade pastoral e profética. O processo pelo qual Elias é formado como um líder para o seu tempo é marcado através de sua trajetória que passa por alguns lugares que são simbólicos: Querite, Serepta, Carmelo e Horebe. A partir de cada um desses lugares, é possível levantar questões que têm a ver com a ambiguidade da liderança.
A primeira delas é: a quem você serve? Querite, então se apresenta como o lugar de luta diante da ambiguidade que envolve a liderança: o exercício do poder e a fragilidade humana. Naquele primeiro momento, Elias quis ser reconhecido como representante de um Deus melhor que Baal. Deus não é um deus melhor, mas diferente. Essa diferença é revelada pela ação de seus servos. Para enfrentar a oposição diante do poder de Baal e do rei Acabe, Elias precisou passar pelo retiro de Querite, onde foi cuidado por Deus durante um período de seca.
A segunda questão é: como você serve? Serepta apresenta-se como o lugar do encontro com a fragilidade humana. A ambiguidade está na confrontação das situações concretas vividas. Elias sai do seu retiro e se depara com situações reais vividas pelas pessoas simples. Nada é mais frágil que uma viúva desamparada e um menino morto. A verdadeira missão do líder se afirma diante desse quadro: revelar o Deus amoroso, não o Deus Todo Poderoso. Elias deveria agir como servidor do Deus da vida. O Deus diferente de Baal se revela diante de situações reais vividas por gente comum, diante de situações cotidianas, a fim de despertar conversão e fé.
A terceira questão é: o que você faz? Carmelo se torna o lugar de atitude, de tomada de decisões corajosas. A ambiguidade está na possibilidade de exercício do poder, tanto para dominação como para revelação do amor de Deus. Elias é tentado a não agradar a Deus, mas ao povo. Está claro que o objetivo é conduzir o povo a Deus. Mas, para isso, pode servir-se de uma estrutura de poder e de mecanismos de violência. A experiência do Carmelo é emocionante: põe Deus à prova e o obriga a se manifestar. Com a vitória sobre os profetas de Baal, Elias é percebido como aquele que tem o controle sobre Deus e sobre o tempo. Passa a ser servido pelo rei. Dois personagens são importantes nessa história: Obadias, aquele que age em nome de Deus salvando os que permaneceram fiéis ao Senhor, e Jezabel, uma inimiga mortal disposta a matar todos os que fossem fiéis ao Senhor. No primeiro está o exemplo de alguém que luta em nome de Deus, no segundo está a oposição. O exemplo de Obadias estimula a ação, mas a ameaça de Jezabel o devolve a sua fraqueza.
A quarta questão, então, é: por que você serve? Horebe é finalmente o lugar de estar diante de Deus despojado de toda a ilusão do poder. É resultado de uma oração de fracasso de Elias em 1 Reis 19.4, que revela disposição de entrega e reconhecimento de quem é. A grandeza do ministério profético de Elias não está no Carmelo, mas em Horebe. Elias pode agora deixar Deus ser Deus e ele mesmo ser o que é, um profeta. Horebe traz a ambiguidade a respeito de Deus: o verdadeiro Deus de bondade age no meio da suavidade. A teofania é fundadora da diferença entre Deus e Baal: o Senhor não está nas projeções que fazemos dele, como o vento tempestuoso, o tremor da terra ou o fogo, mas na brisa suave. Diante da descoberta de quem Deus é, descobrem-se também novas linhas de ação: o lugar do profeta não é Horebe, mas no meio do povo.
No processo de humanização do exercício da liderança, a trajetória de Elias representa a diversidade em que o líder pode se encontrar. Em cada uma delas, um perfil de líder pode ser formado. Entretanto, quando estamos diante da realidade da liderança cristã para um tempo como este, é somente em Horebe que a liderança pode se fazer autêntica.
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